Metamoris: 7 perguntas para Ryron Gracie, sobre André Galvão, luta sem pontos…

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Ryron Gracie: o filho de Rorion é uma das estrelas do Metamoris Pro, dia 14 de outubro em San Diego. Ele encara André Galvão (à esquerda). Foto: Divulgação

Ryron Gracie: o filho de Rorion é uma das estrelas do Metamoris Pro, dia 14 de outubro em San Diego. Ele encara André Galvão (à esquerda). Foto: Divulgação

GRACIEMAG: No novo Metamoris Pro, no dia 14 de outubro, você tem pela frente um dos grandes do Jiu-Jitsu, o André Galvão, numa luta com kimono onde vence quem finalizar. Representar o nome Gracie numa disputa assim não traz uma enorme pressão?

RYRON: Acredito que anos atrás eu sentiria mais pressão, mas hoje é diferente. Ganhando ou perdendo, o nome Gracie vence no final, porque é o Jiu-Jitsu o maior vencedor. E assim o legado da família continua. A pressão portanto é pouca. E é somente uma luta, não tem drama. Mesmo assim, estou treinando todos os dias para não deixar esse tipo de pressão entrar na minha mente.

 

O que muda na sua carreira após a luta, em caso de vitória ou derrota?

Uma vitória talvez mostrasse principalmente que meu jogo não é fraco. O pessoal não me conhece, nunca treinou comigo, então meu jogo é uma incógnita para os oponentes. Eu mesmo quero me testar, por isso quis lutar. No caso de uma derrota para o Galvão, acho que não vai mudar muito. Meus alunos, por exemplo, não aprendem Jiu-Jitsu comigo porque eu sou campeão, eles são meus alunos porque ensino Jiu-Jitsu num ambiente agradável, ensino defesa pessoal, ensino lições de vida, sobre saúde e como se alimentar bem, na linha do que o meu avô Helio Gracie propagava como filosofia e estilo de vida. Tudo que Helio Gracie ensinou para o meu pai a gente quer continuar a ensinar para o mundo. Mesmo que eu perca, os alunos vão continuar gostando de treinar comigo.

 

Como você avalia o André Galvão como oponente?

Se fosse uma luta por pontos, eu não teria dúvida de que o André ganharia. Ele é muito duro, com uma base boa, é um cara muito forte e dono de uma técnica boa. Se ele cai em cima de mim e controla a luta, ele facilmente vence por pontos. E nem é do meu estilo ficar por baixo fazendo esforço para sair. Meu estilo é diferente. Preciso de tempo para trabalhar, gosto de mais tempo de luta. E isso é mais um motivo para eu ter entrado neste campeonato. Lutar sem pontos é uma maneira de apresentar o Jiu-Jitsu que eu acredito, onde a eficiência da arte fica mais evidente. Meu avô sempre falava: “Nunca venci uma luta, sempre foi meu adversário que perdeu”. É o adversário que comete um erro e você capitaliza ali e vence.

 

Você confia num erro dele? Você não costuma competir e ele está sempre nos grandes campeonatos…

Mesmo sem ter competido num Mundial, eu treino com muitos faixas-pretas de alto nível. Alguns desses caras já lutaram com o André, uns venceram, outros perderam por pontos, em lutas apertadas… Treino muito sem kimono também, com meus irmãos e com atletas de MMA. Então quero principalmente usar o Jiu-Jitsu de Helio Gracie, que pregava que você devia saber se defender e sobreviver em qualquer aperto. O que eu sei é o seguinte: vai ser difícil de me finalizar.

Quero ver o que ele tem na cartola e como vai fazer para me surpreender. Se eu bater, tudo bem… Mas espero estar com o gás bom para que ele canse e eu comece a botar pressão nele também. Já lutei várias vezes 50 minutos, uma hora, vamos ver como será em 20 minutos. Só sei que conheço poucas pessoas que tem um gás como o meu.

Como está seu treino? Viu algumas lutas do André Galvão?

Treino todo dia e dou aula de Jiu-Jitsu, o que vejo como uma parte muito importante do treino. Eu nunca paro, nunca bebo, só como de acordo com a dieta Gracie, respiro Jiu-Jitsu de manhã, de tarde e de noite. Assisti a somente duas lutas dele. Tenho de estudar mais o jogo dele para traçar a estratégia. Estou apenas começando a ver e também a admirar o Jiu-Jitsu dele, porque como você mesmo disse ele é um dos melhores do mundo.

 

O que você aprendeu de principal com seu saudoso avô Helio Gracie (1913-2009)?

Para meu avô, o Jiu-Jitsu foi feito para todos, não faz diferença se você é médico, professor, advogado, o Jiu-Jitsu é para você. A mensagem dele no fim era essa: dê ao Jiu-Jitsu uma chance, experimente. Muitos acham que o Jiu-Jitsu é só para o profissional, para o lutador, para atleta saudável, mas não. A mágica do Jiu-Jitsu está aí para todos que desejam saber se defender, entrar em forma, fazer amigos e sentir uma energia diferente.

 

Para encerrar, fale do sucesso dos quadros “Gracie Breakdown”, que de tanto alarde na internet hoje passam no canal Fuel TV. Destrinchar os golpes do UFC e Strikeforce é uma forma inovadora de popularizar o Jiu-Jitsu?

Estamos inclusive com um novo projeto na internet, o http://www.keepitplayful.com. Acho que nosso plano é mostrar para o mundo que o MMA e o Jiu-Jitsu estão ali, um do lado do outro. Sinto que às vezes o pessoal pensa tanto no MMA que esquece do Jiu-Jitsu. Tem lutadores começando no UFC que não sabem quem foi Helio Gracie. Tem uns que não sabem nem quem foi o Royce (risos). Então, minha família está aqui para não deixar que ninguém esqueça ou deixe de lado o Jiu-Jitsu.

http://www.youtube.com/watch?v=b1N23qOTqZo

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