Tarsis Neto e o poder da comunicação para viver em prol do Jiu-Jitsu

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Tarsis Neto conquistou o ouro no Atlanta Open. Foto: Reprodução/Instagram

A habilidade de se comunicar com eficiência é um requisito fundamental para viver em prol do Jiu-Jitsu no exterior, de acordo com o professor Tarsis Neto, representante da escola Martial Arts Nation, sediada na Flórida. “A comunicação é a chave do negócio, trata-se de trazer a responsabilidade para você como professor e desenvolver um método de ensino voltado à cultura local”, afirmou Tarsis.

Além de ser professor, Tarsis é árbitro de Jiu-Jitsu e entende que seu papel na arbitragem é imprescindível para se manter atualizado como professor e impactar positivamente a vida dos alunos. O faixa-preta também tem se destacado nas competições e faturou o sexto lugar no ranking do peso meio-pesado no master 3 em 2022. 

Tarsis Neto conversou com a equipe do GRACIEMAG.com e falou dos desafios de viver em prol do Jiu-Jitsu no exterior, do diferencial da Martial Arts Nation em relação às demais equipes da região e das estratégias para introduzir o esporte às crianças 

GRACIEMAG: Como começou a sua história no Jiu-Jitsu?

TARSIS NETO: Alguns amigos da escola me convidaram para fazer uma aula experimental de Jiu-Jitsu na academia do professor Roberto “Gordo” Correa quando eu tinha 13 anos. Apesar de ter adorado a experiência, não continuei. Logo depois, me mudei para o bairro onde o professor Ricardo Libório tinha aberto uma escola, então ficou conveniente para eu começar a treinar de fato a arte suave. Minha jornada com o Libório seguiu até o dia que ele se mudou para os Estados Unidos, e o Ricardo me fez prometer que eu terminaria a faculdade e não seguiria carreira no esporte. Aquele conselho me machucou na época, mas levei em consideração por ele ser meu mentor. Os anos se passaram, segui no Jiu-Jitsu e o professor Gordo me chamou para treinar com ele. Com a permissão do Libório, passei a ser aluno do professor Gordo. 

Como o Jiu-Jitsu mudou a sua vida?

Eu já sabia que queria viver em prol do Jiu-Jitsu quando completei 16 anos, porque o esporte era terapêutico, me equilibrava e me tornava uma pessoa melhor. O Jiu-Jitsu era uma espécie de terapia física, mental e emocional. Passei a escutar mais as pessoas e respondê-las de uma forma melhor.

Quais são os maiores desafios de ensinar Jiu-Jitsu no exterior?

Acredito que o maior desafio seja compreender a cultura local e usá-la como uma mola para impactar o povo da região. É preciso entender os costumes locais e aprender a forma de introduzir o Jiu-Jitsu a essas pessoas. A comunicação é a chave do negócio, trata-se de trazer a responsabilidade para você como professor e desenvolver um método de ensino voltado à cultura local.

Quando você percebeu que viveria em prol do Jiu-Jitsu?

Percebi na adolescência, mas neguei por ter a oportunidade de levar uma outra vida em paralelo. Como eu tinha um histórico de uma família empreendedora, que veio de origem humilde e conquistou seu espaço, sentia a responsabilidade de galgar na mesma direção que os meus parentes. Neguei a visão do Jiu-Jitsu por 20 anos, até que chegou um momento em que só o meio do Jiu-Jitsu fazia sentido para mim. Entendi essa percepção como um chamado. Pretendia prover qualidade de vida às pessoas por meio do esporte, independentemente da idade, esse é meu propósito.

Tarsis Neto sagrou-se campeão no Orlando Open. Foto: Reprodução/Instagram

O que diferencia a Martial Arts Nation das demais equipes da região?

A Martial Arts Nation, liderada pelo professor Ricardo Libório, é voltada à mudança de estilo de vida por meio do Jiu-Jitsu e dedica-se em provocar um impacto físico, mental e psicológico nos praticantes mediante os ensinamentos dos valores do esporte. O principal  objetivo da escola é transformar o futuro das crianças e estimular os pequenos a desenvolverem respeito, autoestima e disciplina num ambiente saudável e familiar e de alto nível técnico. 

Que estratégias você utiliza para introduzir o Jiu-Jitsu às crianças?

Nossa estratégia é desenvolver o empoderamento da criança, mostramos aos pequenos que eles são capazes de realizar as atividades. Primeiramente, usamos o Jiu-Jitsu como uma brincadeira, em seguida, aplicamos os aprendizados situações reais do cotidiano deles, e depois ensinamos técnicas de defesa pessoal e o próprio esporte para que eles entendam a disciplina da progressão, respeito pelo parceiro e a importância da perseverança e resiliência. Nosso intuito é deixar as crianças felizes.

Como o seu conhecimento como árbitro te ajuda como professor?

O aperfeiçoamento como árbitro permite que o professor entenda o motivo das regras e tenha mais cuidado com os alunos, afinal as regras são desenvolvidas para preservar o bem estar e a segurança dos atletas. Outro papel importante da arbitragem é dar de volta tudo o que o Jiu-Jitsu proporcionou na minha vida e impactar a vida de outras pessoas. Além desses fatores, outra vantagem de ser árbitro é entender que a regra ainda não é perfeita. A IBJJF faz um ótimo trabalho, mas ainda há margem para evolução, já que o Jiu-Jitsu ainda vai crescer bastante. Como professor, não há como ensinar o esporte sem compreender as regras atuais, estar atualizado caminha lado a lado com a evolução da modalidade.

 

 

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