Marcelo Ribeiro, João Marcelo e os benefícios do intercâmbio no Jiu-Jitsu

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A alegria de Marcelo com o sucesso de seu filho e dos participantes de seu projeto. Foto: Reprodução

Em busca de expandir as fronteiras do Jiu-Jitsu e abrir portas para uma nova geração dentro do cenário competitivo, o faixa-preta Marcelo Ribeiro, líder da RMA Jiu-Jitsu, idealizou seu projeto de intercâmbio, o Xchange, com apoio da nossa parceira Braus Fight.

Em papo com o GRACIEMAG, o faixa-preta revelou detalhes sobre o método utilizado para selecionar atletas, os desafios de abrir sua própria academia e como a GFTeam auxiliou na execução da iniciativa, gerando frutos que refletiram no Jiu-Jitsu do filho prodígio João Marcelo, que ainda na faixa-roxa vem despontado nos maiores torneios dos EUA. Confira nas linhas abaixo!

GRACIEMAG: Em que momento você migrou com sua família para os EUA? Já foi na intenção de dar aulas de Jiu-Jitsu?

MARCELO RIBEIRO: Viemos para os Estados Unidos em 2006. Sempre tive vontade de migrar para cá, com o objetivo de proporcionar à minha família uma vida mais tranquila. Obviamente, o Jiu-Jitsu também fazia parte desse sonho, sempre almejei trazer o Jiu-Jitsu para a minha cidade e bairro, de forma a aumentar ainda o contato do Jiu-Jitsu comigo e com a minha família.

Quais foram os principais desafios de fundar a sua própria academia?

Abrimos nossa primeira academia em 2011. Focamos em criar a nossa metodologia de ensino, marketing, vendas e, principalmente, entender nosso público. Existe uma grande diferença entre o público brasileiro que pratica Jiu-Jitsu e o público americano. Minha esposa, Renata, que é formada em psicologia aqui nos Estados Unidos, me auxiliou na parte comportamental, que visa compreender a percepção das pessoas em relação a decisões de consumo. Nosso objetivo era ter uma noção sobre como nossos clientes se sentem, o que pensam e como agem em relação à nossa marca, nosso serviço e nossos produtos. A partir deste estudo, criamos cada detalhe da nossa marca, currículo e estabelecemos uma conexão com nossos clientes. Criamos uma empresa que fornece aulas de Jiu-Jitsu customizadas, separadas por idade. Hoje com mais de 400 alunos, em um condado de Nashville, temos a nossa RMA Matriz.

Equipe mirim da RMA Jiu-Jitsu. Foto: Reprodução

Como é sua relação com a GFTeam?

Iniciamos nossa parceria com a GFTeam em 2019. Além de ter sido coordenador de arbitragem da IBJJF por muitos anos, sou amigo e um grande admirador do mestre Júlio César, que lidera a equipe e a quem eu tive a honra de estabelecer uma amizade ainda no Brasil. Depois do grande sucesso que a RMA teve, tínhamos o sonho de patrocinar atletas brasileiros para participarem nas maiores competições aqui dos Estados Unidos. Depois de muitas conversas e análises de planilha, resolvemos iniciar o projeto Xchange, uma iniciativa que visa ajudar jovens atletas a gerir suas carreiras e aprender a língua inglesa. Através deste projeto, trouxemos atletas da GFTeam e assim iniciou nossa parceria e conexão com a equipe.

De onde surgiu a ideia de levar jovens atletas do Brasil para treinar na sua academia?

Inicialmente, seria um projeto pequeno, sem nome, aberto a todas as equipes, mas com somente um atleta por ano. Nosso filho mais velho tinha o objetivo de ir para uma faculdade no sul da Califórnia, então contávamos com uma situação financeira um pouco mais limitada no início do projeto. No entanto, ele recebeu uma oferta com bolsa de estudo em uma excelente faculdade aqui de Nashville, a mesma faculdade em que minha esposa se formou aqui, e decidiu ficar perto de casa. Desta forma, decidimos aumentar o projeto e, em 2019, recebemos o mestre Júlio aqui em casa para dividir ideias e definir objetivos para nossas equipes. Após experiências compartilhadas e outras conversas sobre negócios, definimos que o projeto Xchange seria exclusivo da GFTeam.

E como funciona o processo seletivo dos atletas que irão participar?

Alguns fazem aplicação para participar do projeto no nosso Instagram ou e-mail, enquanto outros chegam até nós por indicação. O processo é árduo e demorado, já que ouvimos e lemos todas as aplicações. É difícil porque são muitas histórias de guerreiros e infelizmente não podemos ajudar a todos. Depois que a seleção final é concluída, o mestre Júlio entra em contato com o professor do atleta ou até mesmo com o próprio, para estender o convite. É importante ressaltar que, apesar de ser integrado ao projeto, o atleta segue representando sua escola e professor. O objetivo do Xchange é trazer uma experiência diferente para este atleta e permitir que ele vivencie a parte de gestão aqui nos Estados Unidos, enquanto se mantém treinando e competindo. Os atletas recebem uma experiência de vida no exterior, convivendo com nossa família e envolvidos no esporte que escolheram. Temos aulas de inglês, preparação física e treinamentos específicos para as competições. Incluímos também viagens a passeio, para que eles possam vivenciar a experiência como um todo.

João Marcelo no pódio do American Nationals. Foto: Reprodução

Quais são os atuais integrantes do projeto Xchange?

O Xchange 2021 atualmente tem três atletas. Temos o Ismael Santos, um faixa-marrom da GFTeam Ceará e aluno do professor Elinor Batista. Recebemos também Luis Fernando Carvalho, um faixa-roxa da GFTeam Merck e aluno do professor Serginho Miranda. E por fim, temos o João Pedro Rodrigues, também aluno do professor Serginho na GFTeam Merck.

Essa troca de conhecimento acaba favorecendo não só os jovens que vão, mas também o seu jovem e ávido atleta João Marcelo, atual campeão do American Nationals. O que mudou no jogo dele e visão do Jiu-Jitsu depois do projeto?

Não só é sempre um excelente treino, mas também uma imensa troca de experiências, cultura e língua. João Marcelo estudou apenas inglês a vida toda e o dia-a-dia com os meninos também o ajuda muito no português. A nossa academia também fez a diferença na carreira dele. Mesmo antes do projeto, ele se preparou para todos os eventos deste ano, incluindo o American Nationals no qual foi campeão peso e absoluto, com nossos alunos da RMA. Diria que as experiências ajudaram não só o João Marcelo, mas a família toda.

O que você, professor e experiente faixa-preta, aprendeu com essas trocas de experiência?

Aprendi que a conexão humana é o que existe de mais poderoso no mundo. Mesmo sendo bem mais jovens, em torno da idade do meu filho, aprendo diariamente com eles. As histórias de vida, os momentos difíceis que passaram e a força incrível que cada um possui para correr atrás de seus sonhos nos ajuda a crescer. Hoje eu assumo o papel de “mestre”, que é como eles me chamam, mas também funciono como uma figura paterna, usando esse período de proximidade para guiá-los em direção ao sucesso. Às vezes, sou um pouco mais duro, assumindo o papel de instrutor e pai, mas minha esposa, tal qual uma mãe, se mostra mais flexível. Conversamos muito e desenvolvemos muito carinho por todos. Essa troca acaba sendo tão especial para nós quanto para eles e sabemos que, apesar do nosso tempo junto aos alunos ser limitado, a amizade e admiração será para sempre.

E quais são os próximos planos para o professor Marcelo Ribeiro e a RMA?

Além de continuar nossa parceria com a GFTeam, que nos auxiliou no processo de desenvolvimento e execução do projeto, pretendemos realizar um camp da Xchange no Brasil, mas ainda estamos definindo os detalhes desta nova aventura.

João Marcelo (à direita) e os participantes do Xchange. foto: Reprodução

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