Os bastidores do ensaio da família Gracie diante do Cristo Redentor

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O jovem Enoc Gracie, em seu kimono branco, estava enfezado. Olhava feio para o drone, barulhento feito um morcegão gigante, que vinha e voltava, para registrar uma cena inédita, no monumento mais famoso do Brasil.

Cem anos após seu erguimento no morro do Corcovado, no Rio, o Cristo Redentor abriu os braços para uma centena de parentes, que se divertiram muito apesar do frio na cidade.

Da faixa-branca até a vermelha, todas as faixas estavam representadas. Os cerca de 102 parentes, incluindo o bebê Enoc, vestiam kimonos brancos, reluzindo de novos.

Ralph Gracie se ajoelhou diante do Redentor, grato. Kyra, uma das principais organizadoras, ouviu de um amigo: “É, nada é impossível para os Gracie.”

Em celebração aos cem anos do Jiu-Jitsu Gracie, diversos ramos da família pegaram vans, carros e caronas e se reuniram no Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, na noite de quinta, 23 de outubro, para uma celebração histórica que uniu fé, tradição e legado.

O monumento ao Cristo Redentor foi iluminado nas cores da bandeira do Brasil em homenagem à família que transformou o país em referência mundial nas artes marciais.

Antes do registro oficial da foto, houve a bênção do Padre Alexandre Pinheiro, ali pelas 20h15. O sacerdote arrancou aplausos ao agradecer a família, citar o saudoso Rolls Gracie e explicar: “Sou faixa-preta de Jiu-Jitsu, formado por Fernando Tererê em 2016.”

O padre comentaria depois, com GRACIEMAG: “É preciso cuidar do corpo, mente e espírito. É o que a Bíblia ensina. O Jiu-Jitsu me ajuda a me manter sempre em paz. Quem treina está sempre pronto para um contato, um abraço, para ajudar os outros. Quem não treina Jiu-Jitsu vive se mexendo todo, ansioso, sinal de um espírito inquieto.”

O momento histórico também integrou o conjunto de ações do Núcleo Esporte e Fé do Santuário, que sempre promove o compromisso com o esporte.

O encontro reuniu diferentes gerações do clã Gracie — entre elas nomes lendários como mestre Relson, Roger, Carlson Jr, Flavia, Kyra, Ryron, Rener, Igor, Gregor, Hanna, Rocian Jr e Rayron Gracie, além de dezenas de filhos, netos e bisnetos de Carlos e Helio Gracie, pioneiros do Jiu-Jitsu no país.

Muitos parentes, nascidos do Brasil ao Havaí, se conheceram ali, no topo do Corcovado. Relson, faixa-vermelha, recordava histórias de antigos campeonatos.

Para o decacampeão mundial Roger Gracie, que vive em Londres e retornou especialmente para participar do evento, o momento teve um significado profundo.

“Esse momento é um feito histórico. Muita gente mora fora, e conseguir reunir tanta gente da família para a celebração dos 100 anos do Gracie Jiu-Jitsu aqui no Cristo Redentor, um símbolo histórico da cidade, eu acho que isso tem um simbolismo muito grande, especialmente pelo vínculo da família com o Rio. Um momento muito especial.”

A sessão de fotos no Santuário Cristo Redentor marcou o início das celebrações oficiais do centenário da primeira academia Gracie de Jiu-Jitsu, que seguirá com uma série de eventos no Rio de Janeiro, culminando num seminário de luxo com a família, no dia 25 de outubro, no Windsor Barra Hotel, na Barra da Tijuca.

Mais do que uma homenagem à trajetória de uma família, a celebração reforça o papel dos Gracie como os grandes responsáveis por levar o Jiu-Jitsu brasileiro aos quatro cantos do mundo, transformando a arte suave em um estilo de vida que inspira milhões de pessoas.

Pouco depois das 21h, o pequeno Enoc se acalmava, e o ensaio fotográfico terminara. Uma produtora deu a dica: “Que tal todo mundo dizer ‘Gracie’ para a câmera do drone?”

Boa, vamos, perfeito, disseram. E veio a voz gozadora lá de cima, como a de um aluno levado, num urro cavernoso: “GRAAAACIEEE!”. E todos caíram na risada.

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