
Campeões e campeãs da família Gracie conversam com os praticantes, na Barra. Fotos: Lu Aith / Divulgação GRACIEMAG
O que você aprendeu de mais valioso no histórico seminário da família Gracie, no dia 25 de outubro no Rio?
Sentado numa das poltronas, grande mestre Francisco Mansur ensinava, ao lado do também faixa-vermelha João Alberto Barreto: “O primeiro homem criado por Deus era peludo, cheio de cabelo. Era um rascunho até que Ele chegasse à perfeição: nós, os carecas.”
A poucos metros dele, numa das oito áreas de tatame, o legendário campeão mundial Roger esclarecia sobre um detalhe minucioso, enfiando a mão na gola de um aluno em pé: “Repare, eu prefiro finalizar assim, mas por uma questão de adaptação. Se o seu estrangulamento estiver funcionando, está ótimo. Nada é errado no Jiu-Jitsu se está dando certo.”
Do outro lado do salão, o pequeno bebê Enoc Gracie puxava um ronco, tranquilo.
Foi assim que a família Gracie, sinônimo de tradição, disciplina e inovação, escreveu mais um capítulo histórico na trajetória do Jiu-Jitsu brasileiro.
Responsável por levar a arte suave aos quatro cantos do mundo e transformar o esporte em um estilo de vida, o clã se reuniu em uma grande celebração pelos cem anos da primeira academia Gracie Jiu-Jitsu reconhecida, no Rio. O evento, na Barra da Tijuca, reuniu diferentes gerações em um momento marcado por emoção e reverência ao legado deixado por Carlos e Hélio Gracie.
O super seminário do centenário foi realizado no sábado, no Windsor Barra Hotel, no Rio, e contou com a participação de mais de mil praticantes — entre mestres, alunos e admiradores da arte suave. Hectolitros de açaí foram consumidos, e milhares de gargalhadas ouvidas pelo salão.
O encontro reuniu nomes lendários como Royce, Relson, Renzo, Roger, Ralph, Carlson Jr, Kyra e Ryron Gracie, além de dezenas de filhos, netos e bisnetos dos fundadores do Jiu-Jitsu no Brasil. Durante o evento, técnicas foram demonstradas e histórias compartilhadas, reafirmando os valores que tornaram o Jiu-Jitsu uma filosofia de vida: respeito, autoconfiança e superação.
De modo a celebrar o Jiu-Jitsu como cultura, leitores faziam filas para comprar livros e pegar autógrafos, com destaque para o relançamento de “Carlos Gracie, o criador de uma dinastia”, escrito por sua filha Reila.
Para Kyra Gracie, multicampeã mundial e uma das representantes da nova geração, o momento foi inesquecível: “Vivi uma semana intensa e muito especial. Nunca imaginei reunir tantos Gracie. Mas foi maravilhoso reunir a família para celebrar Carlos e Helio, um século, e a gente continua vivendo de kimono, seguindo esse caminho. Isso foi especial demais.”

O seminário recebeu jovens campeões de Jiu-Jitsu e ídolos do MMA como Ricardo Arona e Paulão Filho, e coroou uma semana repleta de homenagens. Na quinta-feira, a celebração começou com uma sessão de fotos noturna no Cristo Redentor, onde mais de cem membros da família se reuniram aos pés do monumento iluminado de verde e amarelo.
Mais do que um evento de estudos técnicos, o super seminário foi uma celebração do legado Gracie — uma união de gerações que mantém viva a missão iniciada há um século: espalhar o Jiu-Jitsu como uma ferramenta de transformação, equilíbrio e força interior.

