Cobrinha: “Para que as bolsas aumentem, é preciso um pontapé inicial nosso”

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GRACIEMAG.com ouviu a versão de Rafael Mendes sobre uma eventual luta sem tempo, até pegar, como alguns investidores americanos desejam organizar para outubro. Chegou a vez de seu adversário expor o que pensa sobre a peleja. Com vocês, o tetra mundial Rubens Charles Maciel, o popular Cobrinha.

Na entrevista a seguir, Cobra confirmou que está com outra luta marcada, em setembro. Confira!

Cobrinha, em foto de Alicia Anthony.

Na sua opinião o que pode ser feito para esta luta dos sonhos, até a finalização, realmente acontecer?

Primeiramente eu queria agradecer ao Bray (Deavours) pela iniciativa de querer promover um evento como esse, que ele continue contribuindo com o nosso esporte. E agradecer ao GRACIEMAG.com pelo apoio, pela vontade de fazer que esse modelo de luta prospere, até porque todos gostam de ver lutas com finalizações. E também queria agradecer a todas as pessoas que de alguma forma deram sua opinião. Eu acredito que só assim vamos conseguir melhorar o nosso esporte.

Olha, continuo achando que 10 mil dólares é um bom valor para fazer esse tipo de luta. Claro que se me pagar mais com certeza seria melhor. Mas não é a realidade que nós vivemos no mundo do Jiu-Jitsu, ainda. Para que possamos vir a exigir uma bolsa maior temos que dar a nossa contribuição, ou seja, tem de ter um começo, um pontapé inicial. Ou então, ao contrário, não vamos conseguir nos profissionalizar nesse esporte. Tenho certeza de que ninguém vai começar um projeto pagando fortunas de dinheiro para um esporte que ainda tem muito a crescer. Espero que um dia alguém possa fazer muito dinheiro com lutas casadas, mas é claro que temos de ter um começo para que isso possa ter um progresso.

Outra coisa que acho importante falar é que, obviamente, com seminários nós ganhamos mais. Mas devemos lembrar que este é um evento único, de um só dia, que demanda treino e dedicação, é verdade, mas não é diferente de outros eventos como o ADCC, o Mundial e o World Pro. O que quero dizer é que é um formato novo, em que vale a pena o investimento, e vale a pena a experiência. Acho que não dá para comparar um evento destes com o valor de um seminário, e sim como mais uma forma, ou melhor, mais uma possibilidade de fonte de renda para os lutadores de Jiu-Jitsu. Se ninguém se dispuser a iniciar este formato, ele não vai se desenvolver e nem proporcionar bolsas mais polpudas no futuro.

Você também ganha parte de seus rendimentos com seminários. Acha que a bolsa poderia melhorar?

Com certeza os seminários nos ajudam muito. Eu não tenho do que reclamar dos rendimentos dos meus seminários, pois venho trabalhando bastante graças ao trabalho que eu, junto com a equipe Alliance, estamos desenvolvendo há algum tempo. Mas, como disse anteriormente, acho que não dá para comparar uma coisas com a outra.

O seminário faz parte de um projeto maior de difusão do conhecimento. A luta casada faz parte do entretenimento, e pode vir a se tornar mais uma fonte de rendimentos do lutador de Jiu-Jitsu. Mas sempre será diferente de um seminário. Acredito que comparar um evento destes com um seminário é mais ou menos como comparar o rendimento das aulas na academia com o do seminário… Não dá, são coisas completamente diferentes.

Se eles melhorassem a bolsa seria ótimo, mas eu lutaria do mesmo jeito. Não topei a ideia porque o oponente é o Rafael, e sim porque gosto de desafios, a minha vida é um desafio. Quando os organizadores me mandaram o email, eu disse que lutaria, com apenas uma condição: que ficasse claro que eu não estava desafiando ninguém, até porque eles não me deram uma opção, e sim me deram logo o nome do Rafael. Então eu perguntei, por que ele? E eles me disseram que seria uma luta interessante de se ver nesse modelo.

Na verdade, entendo que os organizadores estavam abertos a contrapropostas e a negociar o valor da bolsa. Como eu disse antes, alguém tem que começar este formato, e acredito que não adianta forçar uma situação exigindo grandes valores. É o começo de um formato; está começando com valores mais modestos? Sim, verdade, mas projete o futuro e o sucesso deste formato, e pense no fato de fazer parte da história do esporte ao ter participado do primeiro evento nestes moldes.

Para mim, participar de propostas que possam mudar as perpectivas do desenvolvimento e da difusão do nosso esporte é muito importante, e isso pesou muito para eu ter aceitado lutar neste evento. Além, claro, do fato que eu realmente adoro lutar (risos).

Qual seu próximo compromisso? Algum campeonato em vista?

Estou com a minha agenda cheia, mas quando soube que essa luta poderia vir a acontecer eu liguei para alguns compromissos que eu tinha agendado, e não tive problema nenhum. Simplesmente eles me apoiaram, afinal quem não quer ver uma luta nesse formato? Até eu! (Risos). E a disposição das pessoas em me liberarem destes compromissos e seminários reforça ainda mais a minha ideia de como este formato pode, em pouquíssimo tempo, mudar o panorama do Jiu-Jitsu. Se a luta não acontecer, volto meu foco para os seminários.

Também recebi um outro convite para uma superluta no Canadá, em setembro, e não tive como falar não. Ou melhor, no começo não era o valor que eu esperava. Mas como gosto de desafios, passei meu valor para a organização e eles toparam, então estou dentro. A luta vai acontecer dia 18 de setembro no Canadá.

Você acompanhou o debate aqui pelo GRACIEMAG.com. Alguma declaração do Rafa o incomodou?

Não, pelo contrário. Acho que em algumas declarações ele está coberto de razão. Até quando ele se denomina o número 1 do peso. Ele acabou de ganhar um campeonato mundial, em cima de uma pessoa que vinha ganhando quatro vezes consecutivas, mas na verdade nem por isso eu me achava o número 1. Para mim eu era o campeão do ano, difícil ser o número 1 num esporte como o Jiu-Jitsu, dividido por pesos, você teria de ser uma unanimidade, e, na minha opinião, atualmente o único que conseguiu esta proeza foi o Roger Gracie, elogiado tanto por amigos, como pelos rivais, e pelos interessados no esporte. Além disto acredito que para você se achar o número um você tem de pelo menos defender o seu primeiro título, e mesmo assim não dá para falar isso, especialmente nesse esporte que a cada dia surge um talento.

É importante frisar que não tenho nada contra o Rafael, é claro que existe uma rivalidade em cima do tatame, isso é normal entre os competidores. E não gosto de ficar dando desculpas quando perco. Não é nada disso, ele ganhou e está de parabéns.

E sua aposentadoria dos campeonatos, está mesmo adiada?

Eu tinha anunciado que pararia de lutar este ano, mas já vi que não vou conseguir parar de lutar tão cedo (risos). Essa proposta me deixou muito feliz, porque prova que há pessoas que não esquecem o que você já fez no esporte. Isso me deixa feliz.

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