Mente campeã: as lições de Gezary Matuda para você vencer no Jiu-Jitsu

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Gezary em ação no Mundial da IBJJF. Foto: Dan Rod/GRACIEMAG

Embora não pareça, Gezary Matuda tem 35 anos. Sim, 35, idade típica das lutadoras da divisão master. A curitibana de traços orientais, no entanto, segue enfrentando oponentes bem mais novas, na divisão dos adultos. Aliás, foi assim que Matuda ganhou seus três títulos mundiais na faixa-preta, uma veterana sagaz entre jovens fenômenos.

“É tudo uma questão mental”, diz a campeã da ATT. “Hoje eu me sinto até melhor do que quando eu tinha 25. Agora sou mais experiente, conheço melhor meu corpo, sei o que me faz bem e o que me faz mal, sei fazer as escolhas certas, identifico exatamente o que eu gosto e o que eu quero. Quando mais nova eu ficava cheia de dúvidas. Com a maturidade veio a clareza de quem realmente eu sou”.

Além da questão da idade, o fato de sempre ser a “atleta mais leve da academia” também se apresentou como um desafio na carreira de Matuda. Enquanto muita gente fica cabreira de treinar com oponentes bem mais pesados, Gezary ousou:

“Claro, não é simples ter apenas 50 quilos. Mas como isso eu não posso mudar, adaptei o jeito de treinar. Depois de algumas dores na lombar de tanto fazer guarda, comecei a lutar mais por cima, evitando sentir tanto o peso dos caras. Adaptação é o segredo. Treino há 15 anos e nunca passei por nenhuma cirurgia. Lesões acontecem, mas dá para prevenir se treinarmos de forma inteligente, fazendo uma boa preparação física em paralelo”.

Nos seminários que dá mundo afora, Matuda costuma responder a muitas perguntas sobre o tema “motivação”. “Ouço dos alunos coisas do tipo: ‘Mas você, com três títulos mundiais na faixa-preta, continua lutando por quê?’. Acho que o segredo para mantermos a chama competitiva acesa é simples: amar o Jiu-Jitsu. Eu amo treinar, gosto da ‘vibe’ dos meus amigos treinando, todos com o mesmo objetivo, indo até o limite, eu me sinto viva, sabe? Gosto de cada segundo ali. É o inferno mas é bom (risos). Tenho certeza que, um dia, ainda vou sentir a hora de parar, mas enquanto eu sentir prazer em lutar eu vou seguir nas competições”.

Para finalizar a entrevista, perguntamos a Matuda se ao longo de sua carreira houve alguma decisão que ela considera ter sido determinante para o seu sucesso. A faixa-preta respondeu de bate-pronto:

“Sim, ter saído do Brasil. É triste falar isso, mas é a verdade, tudo aconteceu depois que eu saí do Brasil em busca dos meus sonhos. Larguei conforto, família e amigos porque eu tinha certeza que ganharia o Mundial de Jiu-Jitsu na faixa-preta. Claro, Mundial é o sonho de todo lutador, no entanto, vale ressaltar que a vida vai muito além das medalhas. Aliás, todo mundo acha que depois de ganhar o Mundial a vida do atleta vai mudar com um salto vertiginoso de qualidade. É difícil ver que nada muda, sua vida será quase a mesma… O que muda realmente é a satisfação interna. O processo do camp, o alto nível de stress, aquela guerra interna de sentimentos até o momento da glória! Isso sim fica, e faz valer a pena cada batalha”.

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