Fabricio Werdum, o campeão do UFC que finaliza sorrindo

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Fabricio Werdum sempre sorrindo. Foto: Jeff Bottari/Zuffa LLC/Zuffa LLC

Fabricio Werdum sempre sorrindo. Foto: Jeff Bottari/Zuffa LLC/Zuffa LLC

O astro Fabricio Werdum, campeão peso pesado do UFC, é um mestre na arte de não sentir pressão. Com o seu jeito brincalhão de sempre, o faixa-preta gaúcho voltou a alegrar a torcida brasileira ao finalizar Cain Velásquez no terceiro round, no UFC 188, no sábado, e garantir o cinturão.

Parte dos espectadores ficou na dúvida se Fabricio já caiu rindo com a guilhotina encaixada no rival no México. Talvez ele tenha arreganhado os dentes porque fazia força, especularam alguns. Mas, para quem conhece o jeitão de Werdum, sabe que o sorriso é seu maior companheiro mesmo durante as pelejas, desde os Mundiais de Jiu-Jitsu.

Na GRACIEMAG #214, em 2014, nosso colaborador Mauro Ellovitch escreveu sobre a alegria ao lutar e sobre a trajetória do campeão, dentro e fora do octógono.

Aproveite a leitura para colher lições sobre garra, vitória, sucesso e Jiu-Jitsu.

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“Werdum, o campeão sorridente”

As pessoas tendem a confundir bom humor com falta de seriedade. Nunca imaginam que o brincalhão da turma possa vir a se tornar um presidente de multinacional ou um cirurgião cerebral.

Vou falar a verdade: até hoje custo a acreditar que um dos meus amigos que, na época de faculdade, era famoso por dançar o xaxatone (nem me perguntem que dança é essa) e comer quantidades industriais de pururuca com cerveja, é hoje um respeitado juiz de Direito. E dos bons, muito mais técnico e justo do que os alunos certinhos que sentavam ali na primeira fileira da classe.

Talvez por isso a ascensão de Fabricio Werdum ao título do UFC tenha surpreendido alguns. O faixa-preta gaúcho sempre foi considerado um dos maiores expoentes do Jiu-Jitsu no peso pesado do MMA. Com credenciais como as de bicampeão mundial pela IBJJF e bicampeão peso pesadíssimo do ADCC (acima de 99kg), era impossível não temer o jogo de chão de Fabricio. Mas que diabo de apelido é esse “Vai Cavalo”, como ele sempre se apresentou no esporte? Derivado de uma expressão gaúcha, impunha bem menos respeito do que, por exemplo, “Cachorro Louco” (Wanderlei Silva), “O Fenômeno” (Vitor Belfort) ou “O Último Imperador” (Fedor Emelianenko).

Werdum ostentava o sorriso fácil e as caretas em vez do tipo durão e da atitude marrenta. Nunca tentou parecer aquilo que não era. Isso ficou visível nas duas vezes em que foi técnico do reality show “The Ultimate Fighter”. Seus times tinham sempre alto astral e muitas brincadeiras. Não faltou quem achasse tudo uma grande bobeira.

Nem mesmo a música de entrada no octógono é dogma para o “Vai Cavalo”. A maioria dos lutadores escolhe uma música que inspire, que motive, que ajude a manter o foco. Percebam o quanto José Aldo parece entrar em modo guerreiro ao som de “Run this Town” ou Anderson Silva é só concentração quando toca “Ain’t no Sunshine”. Já Werdum escolhe as músicas mais diferentes e ridículas para quem está prestes a lutar. Dá para respeitar um lutador dançando “Eu Quero Tchu, Eu Quero Tcha” ou “Ai Se Eu Te Pego!”? Só que isso funciona bem para ele. Talvez Werdum não precise de concentração naqueles momentos, mas de relaxamento para deixar seu jogo fluir. Talvez ele demonstre muita confiança ao ser capaz de fazer piada em uma situação tão tensa dessas.

A atitude de Fabricio parece dizer: “Por que tudo tem de ser tão pesado no UFC? É possível ser dedicado e esforçado sem ser sisudo”. A seriedade que importa está em treinar duro todos os dias, em fazer os sacrifícios necessários para ser campeão. E nesse aspecto ninguém pode acusar Werdum de não ser sério. Após sofrer o inesperado nocaute frente ao então desconhecido Júnior Cigano e ser demitido do UFC, o gaúcho decidiu se aprimorar e aceitar desafios cada vez mais duros. No Strikeforce, conseguiu o feito histórico de ser o único a finalizar a lenda Fedor Emelianenko com um belo ataque duplo de triângulo com armlock e quebrar uma invencibilidade de quase dez anos. Ao passar a treinar com mestre Rafael Cordeiro, adicionou um muay thai de alto nível ao seu Jiu-Jitsu mortal e encarou fortes nocauteadores em sua volta ao UFC.

Na minha opinião, Fabricio foi o lutador que mais evoluiu nos últimos quatro anos. Não à toa, foi eleito pela equipe GRACIEMAG o atleta de MMA do ano de 2014.

Afinal, se você não leva a sério o lutador que finalizou Fedor e Rodrigo “Minotauro”, que superou na trocação os duros Roy Nelson e Travis Browne, e que nocauteou o veterano do K-1 Mark Hunt – então, meu amigo, o bobo é você.

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