Como o Jiu-Jitsu pode mudar a sua vida, por Fabio Trindade

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Fabio Trindade é professor na Gracie Barra Tarzana. Foto: Reprodução/Instagram

Fabio Trindade faz um trabalho consistente como professor de Jiu-Jitsu na Gracie Barra Tarzana, liderada pelos campeões Romulo Barral e Edwin Najmi e sediada em Los Angeles, Califórnia. Com quatro graus na faixa-preta, Fabio ministra aulas para crianças e adultos e passa sua experiência como lutador de Jiu-Jitsu e MMA para ensinar as principais lições do esporte. 

Fabio teve o seu primeiro contato com o Jiu-Jitsu em 1994, quando ainda morava em Manaus. Ele começou a treinar para combater o bullying que sofria na escola e se apaixonou pela arte marcial. “Hoje, tenho uma vida confortável como professor e trabalho com o que amo. Tenho a possibilidade de ajudar a minha mãe e os meus outros familiares e isso não tem preço. Paguei um preço alto no decorrer da caminhada, mas valeu a pena”, contou Fabio.

Em bate-papo com a equipe do GRACIEMAG.com, Fabio Trindade relembrou seu começo no Jiu-Jitsu e listou os maiores aprendizados que adquiriu com as competições.

GRACIEMAG: Como começou a sua história no Jiu-Jitsu?

FABIO TRINDADE: Tive a minha primeira experiência com o Jiu-Jitsu em 1994, em Manaus. Eu estava acima do peso e sofria bullying na escola, meu apelidos eram “Fabola” e “Bolinha de Sabão”. Aquilo me deixava para baixo e deprimido. Um amigo meu, o Alex Siqueira, que me defendia dos demais, já treinava Jiu-Jitsu e era faixa-amarela na época. Ele foi a primeira pessoa que me incentivou a treinar. Fiz a minha primeira aula na Nova União e treinei lá por três meses. Porém, deixei o Jiu-Jitsu momentaneamente para me dedicar ao meu sonho de infância, que era ser jogador de futebol. Retornei ao Jiu-Jitsu em 1997, passei a treinar na Associação Monteiro porque alguns amigos faziam parte da equipe e nunca mais parei.

Quais foram as maiores lições que as competições te ensinaram?

Costumo dizer aos meus alunos que você passa a se conhecer de verdade com as competições. Os campeonatos mostram o real sabor da vitória. O mais importante é conseguir se manter calmo e conseguir desenvolver seu Jiu-Jitsu diante daquele ambiente caótico. Eu ficava nervoso demais nos primeiros anos de competidor. Isso era um problema para mim e foi difícil de controlar. Eu tinha a opção de desistir de competir, no entanto, meus professores e meus amigos me ajudaram a lidar com a pressão e o nervosismo nos campeonatos. Conforme o tempo passou, aprendi a ficar calmo perante às situações adversas. Assim como a vida, a competição te ensina os altos e baixos e essas experiências foram cruciais para eu amadurecer.

Quais foram seus aprendizados no MMA?

Eu tinha vontade de lutar MMA desde que comecei no Jiu-Jitsu. O meu objetivo não era entrar no UFC, mas me testar e representar o Jiu-Jitsu. A preparação, a perda de peso e todos os demais desafios me mostraram o quanto eu era corajoso e forte mental e fisicamente para alcançar os objetivos. Consegui aplicar no MMA diversas lições que aprendi no Jiu-Jitsu, como lidar com situações adversas e acreditar na vitória até o fim. O MMA, assim como as competições de Jiu-Jitsu, foram fundamentais para o meu crescimento pessoal e profissional. Tenho gratidão eterna aos meus professores por terem confiado em mim e acreditado no meu potencial.

Fabio Trindade, Romulo Barral, Vinicius Draculino e Gabriel Arges. Foto: Reprodução/Instagram

Que benefícios o seu trabalho proporciona à comunidade americana?

Sou professor de Jiu-Jitsu para crianças e adultos na Gracie Barra Tarzana, na Califórnia. Além de introduzir os conceitos e as posições do Jiu-Jitsu, ensino técnicas de defesa pessoal a eles, porque é fundamental saber se defender, especialmente nos dias atuais, com o aumento da violência nas ruas. Também iniciei o processo de formação da equipe infantil de competição. Quanto aos adultos, tenho diversos alunos policiais e bombeiros e eles sempre ressaltam a importância do Jiu-Jitsu em situações reais. Também sou professor de um faixa-marrom com autismo. Hoje em dia, ele é meu ajudante na aula das crianças e ele é a primeira pessoa a abrir as portas aos novos alunos, especialmente para aqueles que têm alguma deficiência. A minha experiência e a minha forma de ensinar agregam muito valor à comunidade americana. 

Quando você percebeu que viveria em prol do Jiu-Jitsu?

Eu já pretendia viver do Jiu-Jitsu desde 1998, quando estava na faixa-azul e morava em Manaus. Ainda é difícil viver exclusivamente do Jiu-Jitsu no Brasil. Na época, me dediquei aos estudos e consegui um bom emprego com administração e logística. Mas não era isso o que queria para a minha vida. Eu sonhava em viver do Jiu-Jitsu, foi aí que me mudei para os Estados Unidos e comecei a lutar MMA. Aqui eu percebi o quanto a minha profissão é valorizada e respeitada. Hoje, tenho uma vida confortável como professor e trabalho com o que amo. Tenho a possibilidade de ajudar a minha mãe e os meus outros familiares e isso não tem preço. Paguei um preço alto no decorrer da caminhada, mas valeu a pena. 

O que te deixa realizado como professor?

A minha principal missão é ensinar o Jiu-Jitsu àquele aluno que é bem tímido, não tem lastro esportivo e de quem a maioria das pessoas duvidaria de seu potencial. Tenho convívio diário com alunos de diversas idades, de crianças a idosos. Sou professor na equipe do Romulo Barral e lá tenho um aluno faixa-preta de 74 anos. Ele começou a treinar aos 65 anos e está toda semana nos treinos. É prazeroso ver o desenvolvimento dos meus alunos. Há uma lição que sempre digo a eles: é bom ser grande, mas é melhor ainda ser uma pessoa boa, ajudar o próximo e ser respeitoso.

 

 

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