Há 5 anos o MMA já estava no Maracanãzinho; e daqui a 5 anos, onde estará?

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Big John McCarthy em frente ao Maracanazinho em 2009 Foto Carlos Ozorio Cobrinha

Big John McCarthy em frente ao Maracanãzinho, em 2009. Foto: Carlos Ozório “Cobrinha”

Em 2009, cinco anos antes do UFC 179 deste fim de semana, o Maracanãzinho voltava a se palco para um grande evento de artes marciais mistas. Com o Bitetti Combat 4, realizado no dia 12 de setembro, o povo lotou o mais famoso dos ginásios cariocas para aplaudir grandes nomes do Jiu-Jitsu e do MMA – em ação, Ricardo Arona, Marvin Eastman, Paulão Filho, Pedro Rizzo, Jeff Monson, Murilo Ninja, Alex Stiebling, Miltinho Vieira, Fabio Maldonado, Vitor Miranda, Glover Teixeira, Luiz Besouro, Alexandre Pulga.

Mas se o público já mostrava sua paixão pelas lutas, o esporte ainda não nutria a mesma simpatia dos patrocinadores, emissoras e poderes públicos.

Reportagem do “Jornal do Brasil” de 2009 pregava: com o evento de Amaury Bitetti, “o Rio quer mudar a cara do vale-tudo”. Graças ao crescimento do UFC nos EUA, o MMA já era apontado como, “segundo a revista Forbes, a modalidade que mais cresce no mundo”. Porém, o artigo no “JB” reforçava que ainda era preciso “limpar a imagem do esporte”.

De 2009 para cá a mudança foi grande, de fato. O Bitetti Combat 4 teve total apoio do então governador Sérgio Cabral Filho, mas o esporte ainda tinha muitos outros obstáculos a superar. A TV, por exemplo. Poucos anos depois, o MMA virou enfim febre no Brasil, e o UFC chegou pela primeira vez ao Rio em 2011.

Mas o que mudou exatamente no cenário do esporte de cinco anos para cá? O MMA praticado por Arona, Rizzo & cia era igual ao praticado por José Aldo? Fizemos estas e outras perguntas ao ex-campeão da modalidade nos anos 1990 e comentarista de MMA no canal Combate, Carlos Barreto. Guardeiro dos bons na época do time Carlson Gracie, o faixa-preta de Jiu-Jitsu fluiu na resposta:

“O MMA teve um grande crescimento nos últimos cinco anos, em quesitos como a qualidade atlética, o senso tático dos lutadores e a estrutura dos eventos, para dar alguns exemplos. Sempre acreditei que o MMA iria se consolidar como esporte, mas ainda não chegamos no ponto ideal; temos muita coisa para melhorar, evoluir. Creio que devemos aprender com os exemplos positivos e negativos de outras modalidades esportivas mais sólidas. Isso será de suma importância para atrairmos novos investimentos e produzirmos mais negócios benéficos para o MMA como um todo. Acredito muito nesse esporte, tenho certeza que seremos fortes em um futuro breve”, analisou Carlão.

A olho nu, o MMA pode estar aparentemente estagnado – diversas revistas diminuíram as capas para o UFC, e os patrocinadores deram uma minguada. Mas para Barreto isso não é necessariamente um sinal de que o MMA não vai crescer ainda mais.

“Sabemos que o brasileiro gosta daquele esporte onde ele vence”, lembrou o comentarista. “Dessa forma, o interesse diminuiu um pouco, isso é normal, já vimos isso em outros esportes como a fórmula 1 e o tênis. Outra questão é a falta de conhecimento do departamento de marketing de algumas marcas patrocinadoras em relação aos esportes de combate. A abordagem que deve ser feita é diferente de muito outros esportes, a dinâmica da luta e o estilo de vida dos lutadores são muito particulares. Vejo o MMA mais como o surfe, que trabalha o estilo de vida dos atletas, enquanto algumas empresas parecem ver como halterofilismo”.

Pedro Rizzo contra Jeff Monson no Maracanazinho, no Rio. Foto: Carlos Ozório

Pedro Rizzo e Jeff Monson, ambos ex-UFC, atuaram no Maracanãzinho no Bitetti Combat 4, em 2009. Foto: Carlos Ozório

Neste sábado no Maracanãzinho, José Aldo é o foco das atenções da torcida brasileira. Será que o campeão peso-pena tem estofo para vira um ídolo como Anderson Silva, Minotauro ou Belfort? Está faltando renovação entre os ídolos tupiniquins? Carlão vê a coisa por um prisma interessante:

“Acho que podemos estar mal-acostumados. No passado vimos Carlson Gracie, João Alberto Barreto, Ivan Gomes; depois a geração vencedora de Rickson, Marco Ruas, Royce, Murilo Bustamante, Renzo e Rizzo, além do próprio Vitor Belfort; em seguida vieram os irmãos Nogueiras, Paulão, Wand, Johil de Oliveira, Pelé, Shogun, Arona, e Anderson. Os fãs se acostumaram a ver atletas brasileiros fora de série, cada qual com sua característica. Se analisarmos com calma, o Brasil continua fabricando craques. Hoje temos lutadores de grande potencial entre os melhores: Cigano, Barão, Lyoto, Glover, Jacaré. E, sem dúvida, um dos melhores lutadores peso por peso da atualidade, o campeão José Aldo Júnior. Mas há uma maior competitividade internacional, principalmente em relação aos atletas americanos. Precisamos de mais estrutura na maioria das equipes brasileiras? Sim. Melhor qualificação dos treinadores, preparadores físicos? Sim, não tenho dúvidas disso. Não estou dizendo que não temos bons profissionais, longe disso, mas não surgem novos nomes entre os especialistas”.

Carlão, contudo, é otimista para os próximos cinco anos: “Acho que tudo faz parte de um ciclo de aprendizado e amadurecimento. Tenho certeza de que voltaremos a ter muitos cinturões, é só uma questão de tempo, não tenho dúvidas disso.”

Confira o card do UFC Rio 179 abaixo. Antes, relembre a luta entre o consagrado Ricardo Arona contra o ex-UFC Marvin Eastman no Maracanãzinho em 2009, aqui, com direito a Renzo Gracie na arbitragem.

UFC Rio 179

Maracanãzinho, Rio de Janeiro, RJ

Sábado, 25 de outubro de 2014

José Aldo x Chad Mendes
Glover Teixeira x Phil Davis
Fábio Maldonado x Hans Stringer
Darren Elkins x Lucas Mineiro
Diego Ferreira x Beneil Dariush
William Patolino x Neil Magny
Yan Cabral x Naoyuki Kotani
Wilson Reis x Scott Jorgensen
Felipe Sertanejo x Andre Fili
Gilbert Durinho x Christos Giagos
Fabrício Morango x Tony Martin

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