Os sacrifícios (e as dicas de raspagem) de um campeão de Abu Dhabi

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Samuel Hertzog Canquerino em ação no WPJJC 2012. Foto: Ivan Trindade/GRACIEMAG.com

Após voar abaixo do radar, o faixa-preta de Jiu-Jitsu Samuel Canquerino venceu Raphael dos Santos por 15 a 0 na final da categoria até 70kg do WPJJC em Abu Dhabi. Gaúcho de Caxias do Sul, Samuel passou por Megaton e Isaque Paiva e acabou por vencer quase no “quintal” da sua casa.

“Ganhar essa competição foi algo maravilhoso para mim, pois eu também trabalho nos Emirados – só que não na parte mais bonita e luxuosa. Eu moro e ensino Jiu-Jitsu em meio ao deserto na cidade de Madinat Zayed, para as crianças locais que não vivem naquele glamour que as crianças têm na cidade grande”, apresenta-se Samuel.

“Tenho menos pessoas para treinar comigo, tive que muitas vezes me preparar fisicamente sozinho nos brinquedos do parque da cidade! Para completar, eu me desloco duas a três vezes por semana por mais de 250km, de ida e volta até Abu Dhabi, para treinar com o pessoal. Os torcedores por vezes pensam que os professores daqui não são capacitados, e agora o título demonstra o contrário: eu e mais dois professores medalhamos. Estamos aí para provar que temos nosso valor em competicões também”, disse o lutador de 27 anos, ao GRACIEMAG.com.

Representante da Sul Jiu-Jitsu, Samuel venceu todas as lutas utilizando seu golpe preferido, a raspagem. “A chave estava bem salgada e só valorizou mais minha conquista. Contra o Megaton ganhei de 2 a 0, com uma raspada de meia-guarda usando a lapela e o ganchinho. Depois, contra Isaque Paiva, raspei da guarda 50/50, além de aguentar com muita raça um triângulo encaixadíssimo. Já na final contra o Raphael comecei com uma raspada da 50/50 e depois passei, montei e peguei as costas”, contou a fera, que deixou algumas dicas de raspagem para nosso leitor/praticante.

“Esgrime na meia-guarda, ataque antes”

Tanto para a meia quanto para a raspagem da guarda 50/50, Samuel não esconde o jogo:

“Na meia-guarda, ao entrar embaixo, acho imprescíndivel não deixar o oponente ganhar as esgrima do braço de fora, pois por consequência o adversário esparrama as pernas e se perde a mobilidade. Assim fica mais difícil entrar embaixo e, dependendo da pressão, é praticamente aguardar que ele passe sua guarda. Já na 50/50 o desafio maior é raspar e não ser raspado de volta. É um jogo que exige muito estudo e repetição”, ensina Samuel, que pretende lutar o Mundial da IBJJF na Califórnia, em junho.

“Vou fazer o possível para poder comparecer, pois sei que grandes nomes estarão lá. Para um dia ser o melhor, tem que se lutar com os melhores. Claro que isso vai depender do meu trabalho aqui, pois estamos em pleno ano letivo nas escolas. Mas acredito que não vá ter problemas”, falou.

“Gostaria de poder agradecer a Deus que me fez forte quando eu já não aguentava mais, Jesus Cristo que é meu modelo e me fez vencedor antes mesmo de qualquer vitória no Jiu-Jitsu. Minha esposa Fernanda, que é minha companheira aqui onde vivemos, e a meus pais Gilmar e Zila. Agradeço à academia Sul Jiu-Jitsu, que me criou, e aos governantes de Abu Dhabi que estão profissionalizando nosso esporte e fazendo que muitos possam ter uma qualidade de vida melhor através do Jiu-Jitsu”, concluiu.

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