Rodrigo Boroski comemora os 10 anos da Riders Jiu-Jitsu, na Irlanda

Share it

Mesmo com a agenda cheia de compromissos (principalmente por conta dos preparativos para a cerimônia de graduação de fim de ano da escola Riders Jiu-Jitsu), nosso ilustríssimo GMI Rodrigo Boroski encontrou tempo para conversar com a equipe da GRACIEMAG a respeito dos dez anos de sucesso de sua escuderia, uma das principais referências do BJJ na Irlanda. “É uma data muito simbólica para mim, estou bastante emocionado. Para percorrer uma década vivendo de Jiu-Jitsu é necessário ter persistente, muita persistência! No começo recebemos mais ‘não’ do que ‘sim’, mas com humildade, paciência, e acreditando sempre no próprio sonho nós podemos realizar as nossas metas.” Confira a seguir a entrevista completa com o faixa-preta Rodrigo Boroski, amigo leitor! Oss!

Dez anos de escola! Quais foram as principais lições que você aprendeu ao longo da trajetória?
RODRIGO BOROSKI:
Escutar mais e falar menos! Sempre achei que liderar uma equipe era motivar, falar, disciplinar, mas com o passar de todos esses anos venho aprendendo e refletindo que escutar mais é a forma mais saudável de liderança. Escutar mais faz com que eu seja um líder melhor dando aquilo que meu aluno realmente precisa.

E do ponto de vista técnico? Algo novo se revelou para você nesses dez anos? Alguma coisa em que você acreditava tecnicamente no início mas hoje percebe que não faz tanto sentido…
A Riders foi a primeira escola da Irlanda a formar um campeão mundial representando a Irlanda, no World Pro. Eu achava que treinos puxados fisicamente eram os mais indicados sempre, mas agora eu foco mais nas posições, no estudo dos ajustes, na parte técnica com mais precisão. Nossa escola focou mais no “Jiu-Jitsu raiz”, pensando em defesa pessoal e não tanto em competição.

Por falar em defesa pessoal, outro dia você se envolveu numa situação de defesa pessoal na Irlanda. Ou seja, testou a técnica e a mentalidade do Jiu-Jitsu em campo real. O que você enxergou nesse episódio?
Que não é necessário agredir o adversário, apenas controlar a situação. Temos que lembrar que o Jiu-Jitsu nos dá ferramentas que muita pessoas não têm, temos que ter domínio sobre a situação e sobre nossas emoções. O fato de meu agressor ter tido uma atitude covarde agredindo uma pessoa que estava trabalhando, um senhor de aproximadamente 60 anos, temos que pensar que aquele agressor pode ter tido um dia muito difícil, e acabou perdendo a civilidade. Pode ser um pai de família que num momento difícil não soube controlar suas emoções, isso não o faz uma pessoa ruim, e o Jiu-Jitsu me ensinou a controlar a agressividade, controlar a situação e seguir sem machucar ninguém.

O vídeo desse embate viralizou nas redes sociais…
Sim, como você pode ver no vídeo, eu estava de mochila, em um mercado, podendo ter pais ali, mulheres, crianças… Toda a luta é muito marginalizada, a grande maioria vê praticantes de artes marciais como possíveis descontrolados e agressores, eu poderia ter machucado ele seriamente ainda mais com o armlock encaixado… Aliás, fiz exatamente o que faço nas competições: triângulo para o armlock. Eu apenas falava para ele, “pare porque eu não quero te machucar.” Isso traz segurança para quem está vendo, e represento o Jiu-Jitsu, algo que foi desenvolvido para defender e não atacar, não sinto orgulho do que aconteceu, mas também mostra a todos que é necessário saber se defender. Nunca sabemos quando e onde precisamos usar o que sabemos. Principalmente as mulheres.

E os próximos dez anos, Mestrão? Quais são as suas expectativas pra escola e para o Jiu-Jitsu na Irlanda?
Com tudo que já passei na minha vida, não planejo mais o meu futuro, eu planejo o meu dia. Há um trecho na Bíblia… Mateus 6:34… Gosto muito dessa passagem: “Não se preocupem com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal… Observem os pássaros. Eles não plantam nem colhem, nem guardam alimento em celeiros, pois seu Pai celestial os alimenta.”

Quais dicas você daria a quem deseja sair do Brasil para viver do Jiu-Jitsu no exterior?

Primeiramente aprenda inglês, isso abre não só as portas para o Jiu-Jitsu, mas para um mundo novo. Segundo: esteja preparado pois vai ser difícil, mudar de país é uma nova cultura, uma nova língua, vai sentir saudades do que antes não dava tanto valor como o feijão com arroz, o almoço em família… E, principalmente: seja persistente! No começo receberá mais “não” do que “sim”, mas com humildade e acreditando no próprio sonho (com bastante paciência para os dias difíceis) você vai conquistar o que sonha!

Ler matéria completa Read more