O tamanho da nova paixão brasileira

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Brasileiro no exterior sempre arranja um modo de acompanhar seu time de futebol. Lembro que um amigo, certa vez, em viagem ao Japão, fez a esposa narrar a decisão do campeonato pelo telefone. Coisas que hoje em dia, com o advento da internet, foram, em parte, superadas.

Futebol é, e sempre será, a grande paixão nacional do brasileiro. Porém paixões, ninguém vive de apenas uma. Quem vive no meio já previa, seria inevitável que cedo ou tarde o MMA se tornaria a outra paixão nacional.

Esta nova paixão do povo brasileiro tem se mostrado avassaladora. Isso ficou bem claro na disputa de cinturão dos pesados entre Cigano e Velasquez, no sábado.

Eu, brasileiro no exterior, não consegui assisitir à luta ao vivo, pois pela diferença de fuso horário a luta passou na Jordânia às 4 da manhã. Difícil eu me convidar para assistir a uma luta na casa de alguém no início do inverno do hemisfério norte. Tive de me contentar em acompanhar a narração dos amigos na maior página de relacionamentos do planeta pelo meu smart phone. Tudo isso, claro, embaixo das cobertas.

O ex-garçom chegou lá. Foto: UFC.

Foi então, no meio da madrugada fria da Jordânia, que consegui constatar o tamanho da nova paixão do brasileiro. As postagens na rede de relacionamento, onde tenho cerca de 3 mil amigos, eram a respeito da disputa.

E não eram pessoas ligadas à luta. Era uma tia afastada dizendo, “Estamos com você, Junior Cigano!”. Ou o diretor da faculdade de Direito, “É Brasil no UFC”. E assim por diante. De algum modo senti, mesmo a 11 mil km de distância, que a Pátria de Chuteiras estava de punhos cerrados, ansiosa, vibrante, emocionada. E com a rapidez de uma jogada de futebol finalizada num gol, o jovem e talentoso Junior Cigano fez explodir em vibração um país inteiro. Foi como um gol na Copa do Mundo que faz o povo se abraçar nas ruas, ou uma vitória de Ayrton Senna com o carro quebrado, o que fazia o brasileiro iniciar sua semana com mais alegria e motivação.

Mesmo sem as imagens, me emocionei. Lembrei de todo suor e sangue derramado desde de os tempos dos irmãos Carlos, Helio, Gastão e George. Da falta de reconhecimento e de apoio. Da indiferença e do preconceito. Dos heróis quase desconhecidos pelo grande público. Dos sonhos inacabados, das contusões e dificuldades que interromperam carreiras brilhantes.

E tudo isso findado com o ex-garçom Junior Cigano, que nos serviu de bandeja a redenção merecida. Definitivamente todas estas histórias vão alimentar esta nova paixão nacional. E paixões são assim, não se explica, sente-se.

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