GMI Mauro Ayres e o poder da adaptação no Jiu-Jitsu

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Com mudança na rotina de treinos, Mauro Ayres conta o que aprendeu com a pandemia. Foto: Divulgação

 

Em 2020, a pandemia do Coronavírus atingiu o planeta de forma intensa e, como resposta, tivemos que alterar nossos hábitos e rotinas. No Jiu-Jitsu não foi diferente. Os protocolos de isolamento para contenção do vírus resultaram no cancelamento de eventos e fechamento de academias.

Para o professor Mauro Ayres, o momento foi de adaptação e de reflexão. Em papo com a GRACIEMAG, o faixa-preta compartilhou os aprendizados da situação e deixou seu palpite sobre como este período pode impactar a comunidade do Jiu-Jitsu.

Confira a seguir

GRACIEMAG: Qual foi o maior aprendizado que você tirou da pandemia?

MAURO AYRES: Isso tudo serviu para reafirmar o quão importante é a relação humana. As aulas de Jiu-Jitsu, quando começaram a retornar, vieram com uma série de relatos sobre isso. Isto é, sobre como a falta desse convívio e o bem-estar físico estão conectados. Serviu também para me lembrar daquela velha máxima, que não existe amanhã sem o hoje. Olhe para o futuro, mas viva o presente. Parece um mantra simples, mas não é. Quantas vezes alguém não perdeu a luta ou o campeonato por estar pensando em algo que não fosse o presente ali, o que importava ali na hora? Hoje, estamos vivendo na correria, pensando no amanhã, muitas vezes vivendo por antecipação. E isso pode ser uma grande arapuca, pois deixamos de viver o momento

E o que você aprendeu na pele, pelo prisma de competidor?

Não parei de treinar nenhum mês, fiz o que deu e do jeito que deu. Melhorei meu condicionamento físico e queimei gordura com o HIT (High Intensity Training, ou treinamento de alta intensidade), aprimorei minhas técnicas de Ginástica Natural para lutadores, e consegui revisitar técnicas básicas, com o estudo que consegui no tempo livre. Isso aumentou bastante meu índice de finalizações quando retornei ao treininho. O fortalecimento mental também foi
primordial, e para isso enfrentei o período de dificuldades com a mente de quem está tomando um amasso no Jiu-Jitsu. Essa correlação da luta no tatame com a batalha contra a pandemia salvou muitos praticantes. O segredo é pensar que você está por baixo, nos cem-quilos, contra um adversário monstruoso. Primeiro é preciso sobreviver ao ataque, respirar, repor e, aí sim, reposicionar e engatar o contra-ataque.

O que acha que a comunidade do Jiu-Jitsu aprendeu com tudo isso e que vai ficar de legado para as futuras gerações?

Muitos protocolos de saúde eram praticamente negligenciados, e isso vai ficar de legado para quem aprendeu. Exemplo maior são os kimonos limpos, tatames bem cuidados, higiene pessoal básica. Creio que aprendemos muito também sobre nosso corpo com a parada dos treinos, e muitas escolas deram mais atenção a movimentos que preparem o corpo para não ter lesão. Mas o principal, de fato, é a relação entre os companheiros de equipe e o mestre. Por mais que fabriquemos bonecos de treinos, nada substitui o bom e velho treino soltinho, a resenha e as palavras de força e incentivo dos mais graduados.

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