Pan: Bernardo Faria comenta a finalização “cachecol” que capturou Leandro Lo

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Bernardo comemora a vitória. Foto: Ivan Trindade/GRACIEMAG

Bernardo comemora a vitória. Foto: Ivan Trindade/GRACIEMAG

Professor mineiro radicado em Nova York, Bernardo Faria fez talvez a maior exibição de sua carreira no último fim de semana, durante o Pan de Jiu-Jitsu de 2015. O bicampeão mundial na faixa-preta era um dos favoritos em Irvine, na Califórnia, mas nem ele imaginava o desfecho mágico da noite.

A glória maior ficou por conta da vitória sobre o endiabrado peso médio Leandro Lo, na final do aberto. O lutador superpesado da Alliance aniquilou com maestria a guarda de Leandro, mas a pressão não parou por aí: sem diminuir o ritmo, ele estabilizou firme no cem-quilos, passou para a posição norte-sul e usou a própria lapela para envolver o pescoço e deixar Lo sem alternativa a não ser batucar.

Bernardo Faria agora é bicampeão absoluto no Pan da IBJJF, ao repetir o feito conquistado em 2010, há cinco anos portanto. Em papo com GRACIEMAG, Bernardo Faria destrinchou a passagem de guarda em Leandro Lo e revelou o segredo para realizar a excelente campanha, que teve ainda o ouro no superpesado, categoria na qual fechou com Léo Nogueira.

GRACIEMAG: Você já havia enfrentado o Leandro Lo no absoluto do Mundial de 2013, quando venceu por uma raspagem. Qual foi a grande diferença para esta luta no Pan 2015?

BERNARDO FARIA: Acredito que a diferença entre as duas lutas foi que, na primeira, eu comecei vencendo, então estava com bastante medo de errar. Ele é um fenômeno, um dos melhores atletas de todos os tempos do Jiu-Jitsu, então não se pode errar contra ele. Já nesta luta no Pan, comecei perdendo, e pelo fato de estar perdendo, passei a arriscar tudo que tinha e colocar o máximo de pressão possível. Graças a Deus deu certo e consegui vencer. Sou muito fã do Leandro, e ainda não caiu a ficha para mim de que consegui de fato passar a guarda dele.

Como você matou a guarda do Lo? Qual é a lição que fica?

Usei a minha passagem de guarda, que aqui no EUA é conhecida como “over-under”. Faço essa passagem desde a faixa-amarela, em 2002. Lembro até hoje do dia em que aprendi a fazê-la. Um grande amigo meu, Rodrigo, de Juiz de Fora, me ensinou e eu gostei. Tudo o que faço na vida procuro insistir e persistir, e com minha passagem de guarda não é diferente. Insisto nela até conseguir. Então já são 14 anos fazendo a mesma posição, e acredito que é por isso que ela funciona tão bem. Assim que passei a guarda procurei ficar calmo e estável no cem-quilos, e buscar a finalização. Depois achei a finalização de lapela e consegui ajustar de forma efetiva. Como disse anteriormente, ainda não caiu a ficha para mim de que consegui esse feito. O Leandrinho é um dos melhores que eu já vi. O pessoal apelida esse estrangulamento aí no Brasil de cachecol. Eu faço bastante e gosto muito, pois é um estrangulamento que mesmo que ele não funcione, você continua no cem-quilos.

Qual foi o grande aspecto fundamental para você ter vencido este Pan tão disputado?

Acredito que foi a minha persistência, venho treinando forte desde 2001, quando ainda tinha 14 anos. Construí uma base muito boa de Jiu-Jitsu treinando em Juiz de Fora com o Ricardo Marques, de quem tenho muito orgulho de ter recebido a faixa-preta. Depois me mudei para São Paulo e aprendi muito com o Fabão Gurgel. Agora moro em Nova York e aprendo muito com o Marcelinho. Fora isso, estou tendo a oportunidade de fazer preparação física com o melhor preparador que conheci na minha vida, o Kevin KP. Estou aproveitando bastante todas essas oportunidades, mantendo uma vida balanceada e saudável. Graças a Deus os resultados estão acontecendo cada vez mais. Fechei a final do peso com o Leozão Nogueira. Fiquei muito feliz de ter fechado com ele, o Léo está de volta. Agora ele está morando em Atlanta, e todo mundo que mora em Atlanta e treina sob o comando do Romero Jacaré fica refinado e no ritmo. Estou muito feliz que o Léo esteja por lá e estamos novamente nas finais. Já fechamos dois Europeus, um Brasileiro, um Pan e um Mundial. Fechar campeonatos com ele é uma honra para mim, pois só nós sabemos o quanto foi difícil a nossa vida em São Paulo, e o tanto que nos dedicamos juntos.

Outra luta sua que chamou atenção no absoluto foi contra o Eduardo Telles, em que você meteu 16 a 0. Como se anula a guarda-tartaruga dele?

Procurei não deixar o Telles fazer o jogo dele e coloquei o meu jogo de passagem de guarda desde o início da luta. Mas realmente essa guarda-tartaruga é difícil mesmo. É algo diferente, a que não estamos acostumados, então confunde bastante. Por isso, assim que cheguei nas costas dele, tentei não aliviar nada, porque sabia que ele podia complicar a luta a qualquer momento. Consegui fazer uma boa margem de pontos mas infelizmente não consegui a finalização.

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