Jiu-Jitsu para cegos: a arte de quebrar qualquer barreira

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Giba aplica o triângulo. Foto: arquivo pessoal

O Jiu-Jitsu mostra que é possível amenizar e reverter situações complicadas, seja nos dojôs ou na vida. Uma das grandes lições nos tatames é que, independentemente do obstáculo, há formas de ele ser superado. Lembremos de Helio Gracie, por exemplo, que com a arte suave venceu os problemas de saúde, quando criança, e adaptou o jogo de modo a superar oponentes muito mais pesados e fortes. Helio, em seu tempo, revolucionou definitivamente as técnicas de luta e pôs abaixo conceitos até então sólidos.

A palavra é “adaptação”. As diversas – quase infinitas – possibilidades que o Jiu-Jitsu bem aprendido proporciona são adaptadas da melhor maneira para cada indivíduo, sem importar o peso, a força, a idade, o sexo… É assim também para Gilberto Moyano, o Giba, faixa-preta de Marcos Barbosinha e Mario Dias.

Antes, vamos recapitular: em março deste ano GRACIEMAG.com publicou matéria com Russell Redenbaugh (ver aqui). Cego e sem alguns dos dedos, Redenbaugh recebeu a faixa-preta aos 65 anos de idade. Empolgados, não titubeamos em noticiá-lo como o primeiro deficiente desse tipo a alcançar a graduação máxima.

Agora Giba vai de armlock. Foto: arquivo pessoal

Não demorou para a redação receber diversas mensagens pedindo a reparação do erro. O brasileiro Giba Moyano, 100% cego graças a uma catarata congênita, já era faixa-preta antes disso, e sua história também merece ser contada. Hoje com 28 anos, 14 deles dedicados à arte suave, Giba foi graduado em 27 de julho de 2008. Mas o Jiu-Jitsu mudou sua vida, definitivamente, ainda na faixa-branca.

“Era adolescente, com 13 anos, e estava perdido. É uma fase em que, naturalmente, sentimos muita insegurança e isso se agravava muito mais por eu não enxergar. Em seis meses, já sentia uma diferença danada. O Jiu-Jitsu me deu a estrutura psicológica para enfrentar muitos outros desafios na vida”, conta Giba ao GRACIEMAG.com.

Os avanços com a luta foram muitos. Além de já ter participado de algumas competições, Giba hoje tem o Jiu-Jitsu como profissão, uma oportunidade de trabalho.

“Ensino desde 2004 numa academia na Praia Grande, no litoral de São Paulo. Entre tantos avanços valiosos, o Jiu-Jitsu também me deu a oportunidade de trabalhar. Há dez anos, jamais poderia me imaginar fazendo isso”, diz.

O único lamento de Giba é o fato de poucas pessoas com deficiência procurarem avanços através da luta.

“Adoraria fazer um trabalho desse tipo, mas não há uma procura grande.”

Se Giba é ou não o primeiro faixa-preta cego no Jiu-Jitsu, na verdade, isso é o que menos importa. A grande lição é que para a dificuldade ser grande ou pequena depende, em parte, de nós mesmos e da ação que tomaremos para revertê-la. E lembre-se sempre desse grande amigo: o Jiu-Jitsu será seu aliado em todos os momentos!

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