O conturbado dia da estreia do kimono azul no Jiu-Jitsu

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Estava tudo pronto para o 1º Mundial de Jiu-Jitsu da IBJJF, em fevereiro de 1996.

Até que surgiram no amplo ginásio do Tijuca Tênis Clube, no Rio, dois faixas-marrons da elite do time de Carlson Gracie, com um desejo singelo: lutar de kimono azul.

Na época, claro, todos os demais lutadores trajavam branco. De onde viria aquela armadura azul escura?

Marcello Tetel recordou o surgimento do kimono colorido, em papo com o GRACIEMAG.com.

Marcello Tetel atua no Mundial 1996 de azul: novidade no Jiu-Jitsu. Foto: Acervo Pessoal

“Desde a faixa-roxa eu já corria atrás de empresas para me bancar como competidor, e tive alguns bons patrocínios”, narra Tetel. “No comecinho de janeiro, Carlão e eu pegamos um ônibus para São Paulo para tentar novos investidores para o grande evento no Rio. Conseguimos um belo contrato com a marca de roupa de surfe Australia Down South, e depois com a água mineral Minalba. Mas como a gente poderia se destacar aos olhos dos torcedores, já que éramos marrons? Pensamos na água mineral, e veio a ideia de lutar de azul”.

Tetel então falou com a Atama, marca de kimonos, que topou confeccionar a armadura cor celeste. Telefonou também rapidamente para a Federação, para sondar se havia nas regras alguma lei pétrea condenando kimonos coloridos. Não disse nada sobre seus planos, mas a regra não impedia. Três atletas então partiram para o Tijuca na hora da verdade com a roupa azul: Carlão Barreto, Tetel e Ricardo Guerra, o Guerrinha – que, por sua vez, tratou de levar seu kimono alvo de reserva, em caso de problemas.

Tetel então chegou à mesa para levar a carteirinha e pesar, e foi aquele frisson. No comitê organizador, Pedro Gama Filho levantou as sobrancelhas, mas lembrou que no judô já podia. Um bafafá tomou conta do campeonato: luta ou não luta de azul?

Não luta. Luta, por que não? Ficou aquela polêmica. Até que Tetel exibiu os patrocínios, falou das grandes marcas que estavam olhando com carinho para o novo Mundial. Após uma conversa tranquila entre Tetel e Carlinhos Gracie, os atletas pisaram os tatames de azul, com o Gracie anunciando pelo microfone a novidade, ressaltando que a Federação respeita as tradições mas aceitaria a novidade em nome dos novos patrocinadores do esporte.

Sob aplausos redobrados, o pioneiro Tetel ficou com a prata, Carlão com o ouro e Guerrinha também acabou vestindo azul, em sua terceira luta.

E você, sempre vestiu branco ou já “ousou” usar algum kimono colorido? Oss…

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