Jiu-Jitsu, evolução e transformação

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Colunista de GRACIEMAG, Alvaro Romano estava presente no último Mundial de Jiu-Jitsu, e escreveu sua visão particular sobre o evento. Quer mais detalhes sobre o inesquecível Mundial que inspirou Romano? Garanta logo a edição deste mês de GRACIEMAG, e confira o texto do preparador físico e mestre da Ginástica Natural.

No 15º Mundial, mestres como Penha, Maurição e Jacaré foram homenageados pela IBJJF. Foto: Ivan Trindade.

Junho de 2010, Campeonato Mundial, Universidade da Califórnia. Estou eu sentado na arquibancada junto com meus amigos, companheiros de treinos na academia de Copacabana, todos alunos do mestre Rolls Gracie: Maurição Gomes, Zé Beleza, Fabio Santos e Carlinhos Gracie. E me vêm à memória os nossos campeonatos no Mello Tênis Clube, onde lutávamos por uma medalha pequena, oferecida por um fabricante de geleia de mocotó.

Olhando em volta, encarando a grandeza e o profissionalismo em que os campeonatos se transformaram, principalmente o Mundial, eu fiquei pensando na importância do Jiu-Jitsu para o crescimento e o progresso das milhares de pessoas que vivem da arte em todo o mundo.

Muito mais importante que a evolução do esporte em cima dos tatames é a oportunidade que esta arte suave trouxe para os milhares de pais e famílias que vivem do esporte.

E me vem à mente a imagem de grande mestre Carlos Gracie na academia de Copacabana, olhando os nossos treinos e demonstrando a satisfação de ver aquela garotada treinando sob a supervisão de Rolls e também de grande mestre Helio Gracie, que muitas vezes comparecia com o Rickson. Para nós, alunos, era um dia especial, pois as histórias e opiniões dos dois grandes mestres eram um aprendizado para o resto da vida, sem falar nas técnicas de Jiu-Jitsu.

Sementes da evolução: no 1º Pan de Jiu-Jitsu nos EUA, em 1995, a equipe do campeonato contava com o médico José Alfredo Padilha, o prepador físico Romano), Macarrão, Carlinhos e Zé Beleza. Foto: Acervo Pessoal.

Hoje, eu sinto que muito mais que simples armlocks e estrangulamentos, o Jiu-Jitsu proporcionou uma mudança que influenciou muitas gerações, e se transformou num dos mais importantes produtos nacionais do Brasil. É algo que contribuiu para o bem estar e sustento de milhares de famílias em todo mundo, que através do Jiu-Jitsu podem dar uma boa educação para seus filhos e gerar o progresso de tantas pessoas.

Carlos Gracie criou um estilo de vida que eu, como professor de educação física, jamais vi nada parecido em lugar nenhum do mundo – seja em relação a seu método de treinamento, seja em relação aos cuidados com a saúde.

No último congresso sobre qualidade de vida do qual participei no Brasil, apresentei um material que preparei sobre Carlos e Helio Gracie, e perguntei aos profissionais da área de saúde presentes quem conhecia a história destes dois irmãos. Somente alguns praticantes da arte se manifestaram. Eu ponderei, “mas vocês estudam, divulgam e trabalham com métodos de pessoas do mundo todo; ocnhecem a história do pilates, da yoga e tantos outros métodos que falam de saúde e qualidade de vida, mas não conhecem o que estes brasileiros fizeram!”.

Então comecei a mostrar as fotos incríveis que mostravam a flexibilidade, agilidade e controle corporal que todo especialista hoje busca, e que já eram praticadas de forma totalmente intuitiva por estes mestres do Jiu-Jitsu – com muita criatividade e principalmente com uma visão muito à frente de todos.

Quem naquela época falava ou conhecia sobre  flexibilidade e treinamento como estes mestres? A alimentação e o estilo de vida que Carlos e Helio  Gracie praticavam muitos anos atrás é o que tem de mais atual, moderno e eficiente nos dias de hoje para a saúde e qualidade de vida.

Seminário de Ginástica Natural durante o Pan 1995, e com atletas de todas as academias juntos.

Se os brasileiros conhecessem o Jiu-Jitsu e estudassem a vida da dupla, com certeza não precisariam quebrar a cabeça procurando uma dieta ou um estilo de vida para ter saúde e estar em forma como muitos desejam e não encontram.
Aqui no exterior, muitos não entendem como este esporte e esta filosofia de vida não é disciplina nas universidades e escolas brasileiras, e por que ainda é tão desconhecida no país.

Tantos projetos e tanto dinheiro são muitas vezes investidos para um retorno tão pequeno para a nossa população, carente de tudo, quando a solução é simples: um dojô, bons professores, e a divulgação da vida destes dois grandes brasileiros. Não é tarde para começarmos.

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