Entrevista exclusiva: Gabi Garcia em sua melhor forma rumo ao tetra no ADCC 2019

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Gabi com Kennedy Maciel e Lucas Lepri após uma sessão intensa de treinos. Foto: Reprodução

“Nunca mirei em adversárias, eu miro no ouro”, diz Gabi Garcia antes de chegar com tudo para disputar o título do ADCC 2019 com a nova safra do Jiu-Jitsu, nos dias 28 e 29 de setembro, em Anaheim, na Califórnia.

Referência como atleta no mundo do Jiu-Jitsu competitivo, a faixa-preta da Alliance migrou para o MMA, e hoje acumula seis vitórias no esporte de luvinhas. Contudo, sua paixão em competir na luta agarrada fez com que a atleta virasse a chave e mergulhasse de cabeça no projeto do ADCC. Experiente no torneio, já que parte rumo à sua quinta edição disputada, Gabi chega com mira fixa no quarto ouro, para superar a marca de Hannette Staack e ser a primeira mulher com quatro ouros no Abu Dhabi Combat Club.

Confira o papo com Gabi na nossa entrevista exclusiva!

A cobertura do ADCC 2019 é um oferecimento da @KingzBrasil

GRACIEMAG: O que te motiva a seguir lutando no evento após migrar para o MMA?
GABI GARCIA: O que me motiva a seguir no ADCC mesmo depois de migrar pro MMA é o que o torneio representa para mim. Perdi o meu irmão quatro dia antes de lutar pela primeira vez no ADCC, em 2011. Dormi chorando todos os dias e fui campeã naquele ano. Tenho muitos projetos futuros, mas parei tudo para treinar e me dedicar ao ADCC. Estou vivendo o ADCC e quero muito esse título, por mim e pela minha família, que vem me acompanhar no torneio. É o maior campeonato de luta agarrada do mundo e eu amo lutar nele. Eu sou a atleta com mais títulos na categoria hoje, com três títulos. A Hannette Staack também tem três ouros, mas em atividade eu sou a atleta com mais títulos, de fato. Meu objetivo é me tornar a primeira mulher quatro vezes campeã do ADCC e me igualar ao Marcelinho Garcia com quatro ouros em categorias de peso.

O que mudou no seu gás, técnica e visão de luta após mudar de modalidade?
O MMA mudou bastante do meu jogo. Me machuquei na última luta e fiquei fora um tempo. Me recuperei, treinei duas semanas e lutei o Pan, no qual venci peso e absoluto, e uma das mudanças no meu jogo é que tenho me movimentado mais nas lutas, sem falar do meu wrestling, que aprimorei muito depois de mudar pros EUA. Estou muito confiante em pé. Não acho que lutei bem no Pan, mas estava sempre andando para frente e buscando luta, com muita calma. O MMA me ensinou muito, estou mais tranquila, ágil (fazendo posições que eu nem imaginava), e é claro, meu cárdio está melhor do que nunca.

E os treinos com o Cobrinha, muito puxados?
Devo muito aos treinos na academia do Cobrinha. Tem sido um camp exaustivo, nos primeiros dias eu tive febre, meu corpo doía muito, como nunca senti antes na minha carreira. Pensei até em desistir, os treinos variam de cinco a seis horas ininterruptas, nunca tinha treinado nesse ritmo. Seguir foi uma questão de honra, pois partiu de mim o pedido para treinar com o Cobrinha. Os treinos são em três etapas: técnica e wrestling, sempre com atletas descansados contra mim e o Kennedy Maciel (filho do Cobrinha). Eu e ele estamos sempre no meio sem descansar. E por fim, após um curto tempo só para trocar de roupa, seguimos para a preparação física. Eu comecei me arrastando, mas hoje estou muito bem. Esse é o estilo dele e eu embarquei nessa. No Jiu-Jitsu o que me dava combustível era minha confiança nos treinos que eu fazia. Hoje eu estou me sentindo dessa forma novamente. Ninguém treinou mais que eu, estou muito confiante.

Você acha que deveriam ter mais categorias no feminino ou o formato com duas chaves faz o charme do ADCC?
A questão não é o charme. Eu acho que a divisão é muito desproporcional ao ter apenas até 60kg e acima de 60kg. Tem que ter mais categorias. O Jiu-Jitsu cresceu muito, antigamente não tinham muitas meninas competindo, hoje em dia somos várias. Na minha categoria temos várias atletas de destaque, muitas delas bem grandes. Tem sim que ter mais categorias, absoluto e superlutas. Nós merecemos, estamos mostrando o nosso valor.

Qual o segredo para lutar bem no formato do ADCC?
O ADCC é um campeonato cheio de estrelas, isso porque o Jiu-Jitsu feminino cresceu muito e as pessoas estão nos vendo nos holofotes. Eu fiz chaves no ADCC complicadíssimas, no meu primeiro ADCC, por exemplo, fiz uma final com a Hannette de 38min. Nenhum ADCC é fácil, você tem que saber lutar o torneio. Eu sei bem a regra, não é um torneio normal, nem sempre o mais técnico ganha. A condição física tem que estar além do comum, o campe e o torneio em si machucam muito, então tem que saber lutar o ADCC como um todo. Eu sei lutar esse evento, estou indo pra minha quinta edição, e por mais que a regra favoreça o meu jogo eu vou para cima, com intenção de finalizar.

Quais são as adversárias que você espera encontrar no caminho do ouro?
Tem muitas meninas boas, falar um nome só seria injusto, mas estou preparada para todas as lutas. A Jéssica Flowers e a Tayane Porfírio, por exemplo, são da mesma equipe e vão se enfrentar na primeira rodada, então são duas atletas duras e apenas uma acabará passando. Ainda temos a Nathiely de Jesus, a Carina Santi e várias outras atletas de ponta que, mesmo longe da atenção da mídia, estão sempre em destaque. O ADCC nunca tem favorito, ganha quem estiver melhor tanto no físico quanto no psicológico. E neste ano eu estou 100% focada no ADCC. Nunca mirei em adversárias, eu miro no ouro.

Podemos esperar a Gabi Garcia ainda competindo no ADCC ou os rumos do MMA podem mudar seu foco?
Minha carreira tem tomado rumos diferentes. Tenho um contrato no MMA, que é meu foco principal, mas sempre que puder vou lutar no ADCC. Ainda quero lutar o Mundial, não sei quando, mas quero. Estou abrindo minha academia, que é um sonho para mim. Sou a primeira faixa-preta do Fábio a abrir uma academia própria sob a chancela da Alliance, e é um sonho em todos os sentidos. Já lutei por um pacote de suplemento e por kimono, hoje eu consegui ter a minha casa e minha academia, e isso é resultado de muito trabalho. Digo isso porque tudo que eu tenho veio do Jiu-Jitsu, cobro esse retorno das federações. Aproveito para agradecer o Mo Jassim, Guy Neivens e Seth Daniels por todo suporte no ADCC e o respeito aos atletas. Acho que essa edição vai ser a melhor da história e já deixo o aviso que daqui a dois anos quero estar de novo no ADCC, sem dúvidas.

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