A saideira de Léo Leite e os planos do campeão para o futuro

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Léo Leite tem as mãos erguidas pelo árbitro Osiris Maia e pelo pai, Nadinho, no LFA 132, no Rio de Janeiro. Fotos: Ilan Pellenberg/Divulgação

[ Por Gabriel Almada e Marcelo Dunlop ]

A luta se encaminhava para o final, e a torcida de Leonardo Leite, de início barulhenta ali nas cadeiras perto da grade do evento LFA, agora estava quase calada, tensa, incluindo o amigo Edmundo, velho ídolo do futebol. Foi quando o respeitado árbitro Osiris Maia, faixa-preta das antigas, pediu um instante aos lutadores e se agachou.

Voltou-se na direção da pedreira Patrick “Alemão” Quadros , 29 anos, com algo nas mãos: era o protetor bucal do atleta gaúcho, que caíra após um tremendo soco de Léo. A torcida sentiu o bom clima e urrou. Léo Leite, que sentira que perdera o primeiro assalto, quase todo realizado em pé, com trocas de socos e raros chutes, inflou-se de confiança. Não perderia mais.

Foi assim que, aos 44 anos, o exímio judoca e bicampeão mundial de Jiu-Jitsu na faixa-preta (1999/2000) encerrou de maneira bonita uma carreira longa, de mais de 20 anos em alto nível, coisa rara no mundo do esporte.

O retorno de Léo Leite ao cage, no LFA 132 deu-se após quase quatro anos afastado em virtude de sérios problemas de saúde, e terminou sendo especial, diante da fervorosa plateia que agitou a arena do Qualistage, na sexta-feira 13 de maio, no Rio de Janeiro. A vitória foi anunciada por decisão unânime dos jurados, resultando logo num longo abraço do vencedor com seu pai, o médico e ex-competidor Aguinaldo Leite.

Léo e Patrick protagonizaram uma luta eletrizante em que seus limites foram testados. Quinze minutos de uma guerra respeitosa que terminou com a vitória do faixa-preta quarentão. Patrick também acertou golpes muito duros que colocaram à prova a resistência de Léo. Apesar do ímpeto do “Alemão”, a força de vontade que o experiente lutador teve de triunfar diante dos amigos e familiares presentes na arena foi superior. O ex-duplo campeão do Legacy comentou com o GRACIEMAG.com parte de seu plano tático para derrotar o oponente.

“Houve a mudança de oponente em cima da hora mas mantive a estratégia original: eu queria trocar, botar para baixo e finalizar”, recordou Leite. “Mas acabou que senti ele bem escorregadio no primeiro round, ao tentar grudar nele, então optei por não forçar a queda e não me desgastar. Ele estava bem forte no começo, mas depois cansou e ficou com os braços mais lentos. Eu ainda estava com o gás bom e com os braços rápidos. Eu queria usar bem o jab para incomodar o adversário e tentar derrubar no final. E foi o que fiz no segundo e no terceiro round. O Patrick acertou um direto bem duro no início, mas consegui absorver bem no restante da luta”, concluiu o professor carioca, que se aposentou com com cartel de 11v-2d.

Abraço no paizão, após 15 minutos de muita trocação e duas boas quedas.

Léo deixou as luvas no octógono, mas ressaltou o significado da despedida depois de todos os obstáculos que enfrentou nos últimos tempos.

“O convite do LFA foi especial, porque foi o evento que me fez lutar profissionalmente pela primeira vez no exterior. E onde ganhei dois cinturões simultâneos em duas categorias diferentes”, lembrou ele, que treinou na Brazilian Top Team e na Nobre Arte. “E poder voltar a lutar no Rio de Janeiro, que é a minha cidade, depois de quatro anos parado, foi especial demais para mim. Eu tive problemas de saúde, uma tuberculose, e quase morri. Na verdade não sabia se ia conseguir me preparar à altura dessa luta. Não tinha a menor noção se teria condição física de voltar a lutar, mas tentei, e deu tudo certo. Lutei bem, meu gás foi bom até o final e consegui encerrar de maneira legal a minha carreira no MMA”, comentou ele, que entrou para lutar sob um pagode animado, “Chega de manias”, do grupo Raça Negra.

Leite agora não quer saber de parar de treinar. A meta, hoje, é a medalhinha que falta:

“Sou movido a desafios. Quando eu era do judô, gostava de lutar todos os campeonatos. Cheguei a fazer 20 lutas num fim de semana”, lembra a fera. “Eu me diverti muito nesse último camp para o MMA, ia e voltava feliz para a academia. Ainda tenho esse fogo dentro de mim, mas o corpo não aguenta mais treinar nessa intensidade. Agora vou competir no Jiu-Jitsu, seja em lutas casadas ou no Mundial Master, que nunca disputei. Bem, e quero ainda fazer uma luta de boxe!”, surpreendeu.

E você, fiel leitor, também busca se motivar para seus desafios? Inspire-se na garra do jovem veterano Léo Leite. Oss…

O carrapato Ítalo Gomes foi o grande vencedor da luta principal da noite, ao vencer Melk Costa na divisão até 70kg. Fotos: Ilan Pellenberg/Divulgação

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