Wanderlei Silva, o selvagem do UFC

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Wanderlei Silva vibra após aplicar belo nocaute no Japão. Foto: Josh Hedges/Zuffa LCC via Getty Images

Wanderlei Silva vibra após aplicar belo nocaute no Japão. Foto: Josh Hedges/Zuffa LCC via Getty Images

Wanderlei Silva não é só um lutador. É uma força da natureza.

Seu estilo nunca foi o mais técnico e estudado. Seu grande diferencial são as características selvagens: o olhar ameaçador na encarada, a agressividade, a coragem, o destemor, as investidas mortais para decidir o combate. Sua movimentação antes do início da luta é igual à de um tigre, um esforço para conter a ferocidade e a explosão que se seguirão quando avançar sobre sua vítima. A encarada do Wand poderia muito bem ser descrita pelo poema “O Tigre” de William Blake: “Tigre, Tigre, viva chama; Que as florestas de noite inflama; (…) Em que abismo ou céu longe ardeu, o fogo dos olhos teus?

Nunca vi o Wand entrar em uma luta para decidi-la por pontos. Isso não existe na natureza. Na vida selvagem é tudo ou nada, avançar ou ser devorado, matar ou ser morto. E assim é Wanderlei Silva.

Todos sabem que as feras são mais perigosas em seu próprio território e isso foi provado mais uma vez no UFC on Fuel TV 8 (ou UFC Japan 2013). Embora a pessoa Wanderlei Silva seja natural de Curitiba/Brasil, o lutador Wanderlei Silva – o “Cachorro Louco”, o “Axe Murderer” (Assassino do Machado, como Silva é conhecido nos Estados Unidos) – tem como habitat o Japão.

Foi no Japão, na época em que o Pride era a maior organização de MMA do mundo (ainda maior que o UFC), que o “Axe Murderer” apresentou alguns dos combates mais empolgantes da história do esporte e foi campeão incontestável por 06 anos. Na Terra do Sol Nascente, o selvagem Wanderlei foi temido como o lutador mais perigoso do planeta e é ídolo absoluto até hoje.

Em seu nicho, Wand fez o que faz melhor. Voltou à sua categoria de peso tradicional (meio-pesado), entrou com sua música tradicional (Sandstorm), fez sua apresentação tradicional (a saudação e o aquecimento torcendo os punhos com os dedos entrelaçados) e partiu para a trocação franca e irrestrita que já derrubou tantos corpos naquela arena.

Na Saitama Super Arena, o “Cachorro Louco” estava em seu território e o americano Brian Stann era a presa. Não uma zebra indefesa, mas um urso ou um búfalo. Uma presa perigosa. Durante um primeiro round frenético, Stann e Silva se acertaram rápida e furiosamente, um momento de beleza selvagem digna de um documentário do Discovery Channel. No segundo round, o predador Wanderlei sentiu o cheiro do sangue da presa e partiu para definir o confronto com duas patadas velozes. Um cruzado e um direto. Um nocaute espetacular. Uma caçada bem sucedida. Assim como na natureza, o Tigre, mesmo mais velho ou ferido, não deixa de ser sempre perigoso.

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