O golpe da discórdia na Itália

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Barral passa para a chave de joelho. Foto: John Lamonica.

A final do absoluto no BJJ Professional Cup, na Itália, não acabou como todos esperavam. A discussão entre Bernardo Faria e Rômulo Barral, ambos finalistas, teve início quando o representante da Gracie Barra ajustou uma chave de pé, que depois evoluiu para uma chave de joelho. Bernardo passou a reclamar com o juiz que o golpe era ilegal e Rominho, que já havia sido advertido antes por uma pegada na boca da calça, passou a reclamar da atitude do oponente. A luta continuou, Bernardo passou a reclamar novamente e Barral interpretou que o lutador havia desistido verbalmente. O faixa-preta soltou o golpe, que realmente não era ilegal, segundo confirmaram os principais árbitros do evento. No entanto, não houve a intervenção da arbitragem para interromper a luta, nem mesmo Bernardo, apesar das reclamações que fez, deu indícios de que havia sido finalizado. Rômulo não aceitou voltar a lutar, apenas se pudesse encaixar a posição novamente. Sendo assim, Bernardo teve o braço erguido como campeão do absoluto.

Barral entrou em contato com o GRACIEMAG.com e pediu para expor a sua opinião. Bernardo Faria também já havia comentado a sua visão dos fatos. Para concluir, também conversamos com o árbitro central da disputa, o juiz da IBJJF Alvaro Bobadilla. Confira:

Rômulo Barral

“O golpe estava realmente encaixado, mas eu agi de cabeça quente e soltei, porque ele estava reclamando de uma chave ilegal. Tenho certeza que estava pegando muito, pois é uma posição muito forte. Eu entendi como uma finalização verbal quando me desconcentrei naquele momento da luta. Eu até voltaria a lutar se voltasse com a posição encaixada, não achei certo voltar em pé e ainda tomar uma advertência. Não me arrependo de não ter voltado a lutar, mas sim por ter soltado o golpe.”

“Com certeza o Bernardo fez um ótimo campeonato e tem todos os seu méritos. Achei errado ele ter me empurrado, mas acontece, né? E ele também poderia ser desclassificado por isso. O Samuel Braga foi desclassificado e suspenso por seis meses por empurrar o Guilherme Mendes após a luta no Mundial 2009… Mas sei que ele teve os seus méritos durante a competição. Na final, nós dois erramos, não foi só eu o errado em tudo. Bernardo está de parabéns, é um grande atleta, com muita raça, que admiro muito. Mas tenho certeza que, se eu continuasse com o golpe encaixado, a luta teria outro desfecho.”

“Queria pedir desculpa ao Bernardo, fãs, expectadores e organizadores do evento pelo desfecho da luta. Eu e o Bernardo somos atletas respeitados e erramos naquele momento. Treinamos muito e damos nossa vida pelo primeiro lugar, sem mesmo pensar em prêmio ou dinheiro.”

Faria conversa com Barral na arquibancada. Foto: John Lamonica.

Bernardo Faria

“Poxa, vejo lutadores reclamarem com os juízes em diversas lutas, faz parte. Cabe ao juiz punir neste caso. Estava realmente sentindo o meu joelho, mas o árbitro diria se ali era válido ou não. Mas o Rômulo alegou que eu havia sido finalizado, eu apenas estava reclamando da posição.”

“Realmente errei quando ele soltou o golpe, cheguei a empurrar ele e falar: ‘Pô cara, para com isso, vamos lutar’. Fiquei muito arrependido de ter feito isso. Gosto muito do Rominho, ele sempre foi um exemplo para mim no Jiu-Jitsu.”

“Já conversei com ele e está tudo bem. Gosto muito dele e, graças a Deus, está tudo resolvido entre nós.”

Bobadilla e organizadores conversam com os lutadores. Foto: John Lamonica.

Alvaro Bobadilla

“Eu teria punido o Bernardo por reclamação e ele, inclusive, já havia sido punido uma vez por reclamação. Mas o Rômulo, em dois momentos, se antecipou à minha atitude. Ele não poderia soltar a posição, inclusive, porque ele em nenhum momento foi advertido sobre o golpe ser ilegal. Ou ele teria finalizado, ou o Bernardo seria punido por reclamar injustamente. Eles discutiram, mas não interpretei que o Bernardo tenha agredido ele. Vale lembrar também que eu não sou absoluto na decisão, pois eram três árbitros no comando da luta, e que a luta não prosseguiu porque o Barral disse, por diversas vezes, que não queria mais lutar. O negócio é que não existe nas regras da IBJJF a chance de soltar o golpe e depois voltar com ele encaixado.”

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