GMI Packer: “A maior arte que existe é a arte de se levantar após uma queda”

Share it

Paulo Packer (direita), Reinaldo Packer (esquerda) com os aluninhos da Packer Team. Foto: Arquivo pessoal

Na entrevista de hoje, o professor GMI Paulo Packer conta um pouco do Jiu-Jitsu ensinado em Blumenau, seus sonhos e ensinamentos. Leia e aprenda como se constrói, com trabalho e perseverança, uma academia de sucesso.

GRACIEMAG: Qual é o maior aprendizado que o Jiu-Jitsu nos ensina para a vida?
PAULO PACKER: O Jiu-Jitsu nos ensina muitas e variadas lições, mas a mais importante talvez seja a perseverança. Não desistir, não importa a dureza do caminho. No Jiu-Jitsu, assim como na vida, muitas vezes vamos dar o nosso melhor e mesmo assim vamos perder; e em outras vezes venceremos. Mas, como aprendemos, não importa quantas vezes a gente perde, o importante é quantas vezes a gente consegue se levantar e tentar outra vez. Lutar novamente, apesar das numerosas derrotas, percalços e momentos complicados, é a melhor lição que aprendi nos tatames. A maior arte que existe é a arte de se levantar após uma queda.

Onde você vê a equipe Packer Team daqui a cinco, dez anos?
Estamos passando por um processo de reestruturação na metodologia de ensino da nossa equipe, acho que o Jiu-Jitsu vem evoluindo muito a cada ano no planeta todo, e quem não se preparar, com muito profissionalismo, vai ficar para trás. Estou com um grupo muito forte de professores e instrutores trabalhando conosco. Todos estão muito comprometidos com nosso projeto e com sua evolução profissional voltada para o melhor ensino dos alunos. Hoje estamos com filiais em Blumenau, e contamos com algumas jovens promessas que já vêm se destacando em competições nacionais. Sempre fui competidor e gosto de treinar atletas, mas a equipe trabalha o Jiu-Jitsu completo – nosso objetivo é formar artistas marciais como um todo. Acredito que em breve estaremos alcançando voos maiores. Vejo nosso time em cinco anos com algumas filiais no exterior, e muitas outras espalhadas pela região sul e por todo o Brasil.

Qual é o diferencial de Blumenau para outros pólos do Jiu-Jitsu na região?
Blumenau é a minha cidade natal, cresci aqui e foi onde começamos tudo. Blumenau é uma cidade de origem alemã, um povo de certo modo desconfiado, meio fechadão, mas muito trabalhador. Creio que para os alunos daqui pouco importa a bandeira, a escuderia ou o nome da escola, e sim quem você é, de onde vem e o que ensina de valioso. Já vi equipes grandes não terem sucesso por aqui pois o pessoal não conhecia o professor.

Quando você percebeu que iria viver do e para o Jiu-Jitsu?
Creio que foi ali por 2010, quando eu me tornei faixa-roxa de Jiu-Jitsu. Eu cursava Educação Física, ensinava judô para crianças e aquele dinheiro me ajudava a pagar a faculdade. Meu pai, Reinaldo Packer, já era um faixa-preta responsável pela formação de muitos bons atletas, especialmente do judô local. Ele conversou com nosso mestre, Alcino Seibt, que também me deu forças. Mestre Alcino foi o primeiro a me dar oportunidade, e logo estava dando aulas para pequenos, no turno da tarde, num clube de alto padrão aqui em Blumenau. O valor fixo que eu comecei a receber e a grana de algumas aulas particulares me ajudaram muito. Ali eu percebi que poderia trabalhar com o que eu amava, e que deveria investir numa academia Packer. Foi assim, em 2011, que nasceu a ideia de formar a Packer Team, registrada oficialmente em 2014. Na verdade foi uma grande oportunidade que tive de honrar o nome do meu pai, que tanto me ensinou.

O faixa-preta Reinaldo Packer com o pequenino Paulo Packer em seus primeiros passos no tatame. Foto: Arquivo pessoal

Você treina desde os 4 anos. Quais as primeiras lembranças que guarda dos tatames?
Pois é, sou filho de professor, então nem tive tanta escolha (risos). Lembro com alegria do futebol de mãos dadas que meu pai puxava de aquecimento, e outras brincadeiras divertidas das aulas infantis. A gente aprendia brincando. Esse futebol de mãos dadas nos ensinava a trabalhar em equipe, buscar os objetivos com a ajuda dos coleguinhas. Lembro dos tatames de palha de arroz, duros na queda. Quem tirava nota baixa no boletim tomava quedinhas naquele tatame duro para estudar mais (risos). O bacana é que nunca tive pressão do meu pai para ser um campeão ou lutador, ele nem ligava para resultados. O importante eram as lições de vida, compreender como lidar com a tristeza das derrotas e a conter a euforia das vitórias. Na época nem entendia, hoje dou um valor imenso a tudo que aprendi competindo.

Ler matéria completa Read more