Você sabe os impactos da carga no treinamento físico? Dr André Lopes responde

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Treino inteligente é a base para o sucesso no resultado final. Foto: Divulgação

Texto: André Lopes*

Precisamos conceituar o que é a carga e seus efeitos nos treinos

Quando abordamos a literatura clássica do treinamento físico, encontramos diferentes autores que contribuíram de forma decisiva na evolução da área.

Atualmente, ao conversar com os estudantes de educação física ou profissionais com formação recente sobre o assunto treinamento físico, poucos reconhecem nomes como: Yuri Verkhoshansky, Leev Pavlovtchi Matveev, Vladimir Platonov, Inssurin, Zatsiosrky, entre outros.

Esse fato em nossas conversas nos assusta muito. Pense em alguém que estude física e não tenha escutado falar em Isaac Newton? Ou sobre Albert Einstein?

Essa é a grandeza desses nomes citados acima na área da educação física. Se você nunca leu algo sobre esses autores, é necessário rever sua base de conhecimento sobre este tema tão rico na nossa área.

Vamos abordar as discussões mais profundas sobre a carga, já que temos nos deparado com citações de que a carga de treinamento não existe em termos concretos.

Quando aplicamos uma sessão de treinamento, a qual é composta por diferentes tipos de exercícios corporais, fica claro que os estímulos propostos provocarão gasto energético.

Tal gasto energético dentro de suas características metabólicas e estruturais (fibras musculares) proporcionarão adaptações específicas.

O que queremos dizer com isso?

As adaptações fisiológicas vão responder aos estímulos específicos da ativação das fibras que foram estimuladas. Para explicar isso de maneira mais clara, precisamos entender o sistema de recrutamento de fibras musculares conforme o valor de estímulo. Isso significa que cargas de até 40% da máxima capacidade concêntrica terão uma ativação predominante de fibras tipo 1.

Cargas com valores entre 40-80% irão recrutar fibras tipo 1 e tipo 2A, e valores de carga maiores que 80% da capacidade máxima contrátil irão recrutar fibras tipo 1, 2A e fibras tipo X.

Esses dados foram descritos por Henneman et al., 1965 e foi chamado do princípio do tamanho. Esse princípio explica que em atividade de pouca carga (menos de 40%) o estímulo por ser baixo vai disparar o recrutamento de fibras mais sensíveis, nesse caso, as fibras com menor limiar estimulatório serão as fibras tipo 1.

Conforme a carga sobe, o estímulo também aumenta, e por consequência, as fibras inervadas por neurônios mais calibrosos agora são ativadas. Fica fácil entender que o recrutamento de fibras musculares se dá pelo limiar de carga imposta. 

Então, quanto maior for a carga imposta, maior será o estímulo e estímulos mais fortes são capazes de disparar neurônios mais calibrosos que inervam fibras de maior capacidade de produção de trabalho (força).

Essa análise é totalmente fisiológica e explica o uso de valores de carga para ativar mais ou menos tipos de fibras que desejamos para alcançar nossos objetivos.

E você, vai treinar com sabedoria esta semana?

*Dr. André Lopes, PhD em Ciências do Movimento Humano pela UFRGS e faixa-marrom de Jiu-Jitsu

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