Uma reflexão sobre Anderson

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Foto: Luca Atalla

Em Abu Dhabi, o mestre de Jiu-Jitsu e treinador de Anderson Silva Sylvio Behring acompanhou toda a repercussão após a luta entre Silva e Demian Maia. Ao ler a “Carta de Abu Dhabi IV”  , que faz parte de uma série de artigos escritos pelo editor da GRACIEMAG Luca Atalla, Behring enviou seu comentário para ser postado na nota, assim como fazem os milhões de leitores do GRACIEMAG.com.

Entretanto, pela autoridade de Sylvio em falar sobre o assunto, já que trabalhou ao lado de Anderson, é justo dar destaque maior a sua análise: 

“Cabe ressaltar que estamos em Abu Dhabi para o World Pro e o ambiente aqui tem sido espetacular. Tanto na qualidade das lutas e do evento, como no ambiente amistoso e respeitoso entre atletas, organização, técnicos e imprensa.

Mas, quando o assunto converge para MMA, especialmente o UFC… É inevitável comentar sobre a atuação do Anderson contra o Demian. E a maioria que conhece o Spider, mesmo com reprovação, ainda acredita que ele caia em si e seja quem realmente è. Não esse personagem arrogante que representou aqui no fim de semana passado e que fez levantar e sair da arena um grande número de espectadores frustrados, como se arrependessem de estar ali.

Parabéns pela clareza e capacidade de trazer um fato de repercussão internacional, que coloca um dos maiores talentos brasileiros de todos os tempos na maior sinuca, para uma reflexão bem mais ampla.

Com certeza a luta foi uma decepção para quem esperava mais um show do Spider. Quem assiste aos seus treinos e sabe da sua condição, foi uma tortura vê-lo evitar o combate. A gente prepara o atleta para subir lá e dar o seu melhor, e não simplesmente o suficiente. Durante o evento, já que ficamos assistindo, somos meros torcedores. As emoções do torcedor são tendenciosas, beiram e as vezes atingem um grau exagerado que foge a razão.

O Anderson foi: perfeito em alguns momentos, irreverente em outros, arrogante, brilhante, irritante, humilhante, enfim… O que ele fez no ringue não foi reprovável aos olhos de um treinador. Ele é um ser humano e tem seus momentos de alta performance ou não, dependendo de seu estado físico, técnico e, principalmente, psicológico.

Mas, como faixa-preta e campeão, ele precisa melhorar seu discurso. Se não era para pedir desculpas, não pedisse ao final da luta. Se era para dar uma lição, não precisava dizer para ninguém. Lição só se dá quando o outro aprende.

Não creio que o Demian precisasse de lição alguma, era um desafiante como todos os outros. E lutou até o fim, castigado e machucado. Foi um tiro pela culatra, se era para punir. Acabou levantando a bola do Demian.

Que o Anderson é o melhor, não há dúvidas! Sou um dos seus maiores fãs e admiradores. Mas quem levou a lição fomos todos nós.

Com certeza, posso afirmar que o Anderson tem refletido para digerir as consequências do acontecido e voltará com a lição aprendida para mostrar ao mundo o grande campeão e homem que é.

E não tenham dúvida de que ainda veremos o nosso melhor lutador de MMA da atualidade encher os nossos olhos com a sua arte e nos alegrar com suas vitórias.

Obrigado e um abraço, Sylvio Behring”

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