Tiago Bravo analisa final com Miyao e o crescimento do Jiu-Jitsu em Abu Dhabi

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Tiago Bravo em combate contra Samir. Foto: Ivan Trindade/GRACIEMAG

Tiago Bravo em combate contra Samir. Foto: Ivan Trindade/GRACIEMAG

Professor de Jiu-Jitsu em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, o faixa-preta Tiago Bravo encheu seus aluninhos de orgulho ao chegar até a final do WPJJC 2014, encerrado no último 19 de abril. Aluno de Muzio de Angelis, Bravo só parou no fenômeno João Miyao na categoria até 64kg.

Com a prata no pescoço, Tiago tirou boas lições como lutador de Jiu-Jitsu. Em papo com GRACIEMAG, ele analisou ainda o cenário do esporte no país.

GRACIEMAG: O que você aprendeu com esta prata no WPJJC?

TIAGO BRAVO: Para mim foi uma sensação incrível. Eu até ali nunca tive grandes resultados no Jiu-Jitsu, nunca havia estado perto de uma final de um campeonato de nível tão elevado. Sem meus amigos de treino, sem os amigos montando minha dieta e sem o suporte e paciência da minha esposa, eu não teria conseguido chegar a esta final.

Como é a sua rotina em Abu Dhabi? Você ensina mais do que treina, certo?

Todos os amigos aqui sabem o quanto eu trabalho nos Emirados… Quase não tenho tempo para treinar. Mas me esforcei muito para ficar pronto e deixar o meu melhor no tatame, diante dos meus amigos e alunos. Para melhorar, há exatamente um ano eu estava na sala de cirurgia: havia rompido o ligamento cruzado anterior nos treinos para o WPJJC. Pois um ano depois, eu estava em uma final de WPJJC, contra o João Miyao, um atleta que admiro demais.

Na semifinal até 64kg, você derrotou Samir Chantre (Caio Terra). Como foi?

Samir é pedreira demais, somos amigos desde a faixa-roxa. Mas como valia a vaga na final, desejamos boa sorte um ao outro e entramos prontos para dar nosso melhor e caímos para dentro. Sabia que o Samir é melhor do que eu, mas eu queria muito ganhar, e quis mais do que ele ali. Começou a luta e ele fechou a guarda, e fiquei batalhando para abrir, mas ele é forte demais. No minuto final, enquanto eu tentava abrir a guarda, Samir tentou a omoplata, mas para minha sorte não estava justa. Brigamos na posição até os segundos finais de luta. Quando a torcida gritou e mandou aquele gás extra, eu fui para o tudo ou nada: girei o ombro, arranquei meu braço, ganhei a meia-guarda e consegui tirar minha perna para passar. Ele virou de quatro apoios e venci nas vantagens.

Como foi encarar o João Miyao na final?

Tentei dar uma queda e bloquear o jogo de guarda incrível que ele tem, mas deu errado. Não me arrependo. Entrei para lutar Jiu-Jitsu, com quedas, passagens, finalizações etc. Não deu, mas acabou a luta e meu sentimento foi de que dei meu melhor, tudo o que tinha usei. Não foi suficiente, mas o melhor é sair da batalha sabendo que fez tudo o que podia mesmo. Assim você não se sente perdedor.

Como o pessoal dos Emirados Árabes interage com o Jiu-Jitsu hoje?

No início era visto com certa desconfiança, afinal eles não tinham ideia do que era o tal Jiu-Jitsu. Mas o esporte venceu, e o suporte que o Jiu-Jitsu recebe do governo e do povo é muito bom. Quando um pai vem até você e lhe agradece pela mudança que você fez na vida do filho dele, isso é bom demais. Mas aí vem um aluno e diz que você é como um segundo pai para ele, aí é de encher os olhos de lágrimas. Não tem preço. A coisa deve melhorar, pois os clubes de futebol estão começando a investir no Jiu-Jitsu aqui também.

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