“Ser o pai de Anderson é viver com o coração acelerado”

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Juarez Silva, 60 anos. Treinos com o filhão campeão e "sem palpite" para sábado. Foto: Gustavo Aragão.

 

Tão logo Rodrigo “Minotauro” Nogueira calçou as luvas de boxe, na área coberta para a imprensa e os lutadores, o peso pesado não titubeou ao ver o senhor esguio à sua frente, e saiu desferindo carinhosos socos no pulmão e no fígado. “Vamos lá em cima que hoje o senhor vai ser meu sparring!”. Seu Juarez Silva, de 60 anos, declinou do convite com um riso franco e divertido, aberto a ponto de mostrar os últimos dentes ausentes na arcada, lá atrás. Bem à vontade com o agasalho do Corinthians, uniforme da equipe do filhote, o paizão de Anderson Silva conversou com a imprensa sobre futebol, MMA, o treino que fez com o filho uma vez, e soltou, respirando fundo: “Ser o pai de Anderson Silva é viver com o coração acelerado”.

Não foi Seu Juarez que levou Anderson para os primeiros treinos de boxe no Corinthians, nem em Curitiba. “Foi o primo dele que o carregou. Anderson era um moleque muito agitado, e as artes marciais o acalmaram”, relembra ele, que confessa jamais ter esperado que o filho virasse um ídolo, a ponto de ser considerado um esportista do naipe de Michael Jordan ou Pelé, como no vídeo que o UFC divulgou (abaixo).

 

“O sonho de todo pai é ver o filho se tornar um campeão da vida, mas fico surpreso sim. Nunca imaginei que ele chegasse a esta condição, patrocinado pelo Corinthians, aplaudido por onde passa. O esporte do Anderson cresceu muito”, diz ele, calmamente. Mas o filho que dá alegria também dá sofrimento, como qualquer filho aliás. “Naquela luta ano passado, do triângulo no último assalto (contra Chael Sonnen), eu quase morri. Ser pai do Anderson é viver com o coração acelerado, a gente comemora muito mas se preocupa um pouco também”.

Seu Juarez, que é santista apaixonado desde que viu Pelé jogar ao vivo, não perdia uma pelada de futebol com os amigos, mas há oito anos trocou de uniforme – machuca menos. “Sempre jogava, mas há uns oito anos comecei a diminuir o ritmo. Aí Anderson me chamou para continuar os exercícios nos treinos de muay thai e boxe, e eu gostei. Certa vez, o Anderson me chamou para um treininho em pé com ele. Posso dizer que não foi muito satisfatório para mim”, sorri ele, que não quis dar um palpite para sábado. “Ele está pronto, mas não tenho nenhum palpite”.

Seu Juarez continua trabalhando, mesmo com o filho cada vez mais bem de vida. “Já trabalhei em editora, fiz muitas coisas. Hoje trabalho com uns amigos com venda de ingresso em São Paulo. Hoje sou cambista”, diz ele. Pergunto então se ele, experiente com esses eventos onde o ingresso se esgota rápido, teria um ingresso para o UFC Rio, sábado na Barra.

“Nenhum!”, sorri o paizão do campeão.

 

 

 

 

 

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