ADCC: Rafa Mendes reflete após mais um título

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Rafa Mendes segue a carreira irretocável dentro do Jiu-Jitsu. A fera da Atos, depois de vencer o Mundial de Jiu-Jitsu pela segunda vez na faixa-preta, neste ano, conquistou o mesmo feito no ADCC, novamente numa final contra Rubens Cobrinha, cheia de rivalidade e um pouco de polêmica. Num bate-papo imperdível com o GRACIEMAG.com, Rafa reflete sobre a carreira, diz quem são seus ídolos, fala de mais uma decisão contra Cobrinha e conta o que ainda vai aprontar em 2011. O faixa-preta, claro, estará em evidência na próxima edição da revista GRACIEMAG.

Confira:

Rafa Mendes mostra que é bicampeão em foto de Kinya Hashimoto.

Como foi a sensação de conquistar o bicampeonato em um evento tão difícil como o ADCC?

Na noite depois da competição, eu estava no quarto do hotel deitado, pensando na minha vida, com um sentimento de realização pessoal muito grande, olhando para mim mesmo e lembrando daquela criança que começou a treinar Jiu-Jitsu há 11 anos. Nesta época, orgulhoso, não queria perder para ninguém, mesmo sendo o menor e mais fraco. Me esforçava muito, com objetivos bem menores, mas com a mesma vontade de superação que carrego dentro de mim nos dias de hoje. Estava lembrando da primeira vez que saí nas páginas de uma revista e o quanto de orgulho trouxe à minha família cada titulo que conquistava e o quanto vibrava e voltava a treinar com ainda mais vontade. Hoje, me sinto mais maduro e experiente, com 22 anos alcancei meu segundo título mundial e agora do ADCC, mas sei que isso ainda é o começo. Poderia ser o suficiente, mas não para os meus sonhos. Quero melhorar, ser o melhor que eu posso ser, alcançar um nível técnico muito maior. Quero ser o maior da história, e sei que tenho que trabalhar muito para isso.

O que foi mais difícil neste ADCC?

Com certeza, o treinamento. Quando pensava que não seria capaz de treinar mais, que meu corpo não aguentaria, as pessoas que estavam ao meu redor me puxavam ainda mais, fazendo eu superar tudo o que eu já havia feito. Fiz um treinamento perfeito para o ADCC, aprendi muito! Nos treinos eu já sabia que estava muito melhor do que em 2009, então entrei para a competição com a certeza de que eu iria fazer melhor do que fiz em 2009. Cada um que me ajudou tem uma grande porção nesta conquista, pois sei que sem eles não alcançaria este objetivo, então sou muito grato a todos eles. Para este evento queria deixar aqui o meu obrigado aos meus amigos e parceiros de treino Calasans e Leandro Brassoloto, que treinaram comigo o tempo todo, me incentivaram, me fizeram evoluir e me ensinaram muito, exigindo de mim nos treinos para que eu evoluísse a cada dia. Me espelho muito neles. A dieta também foi difícil, precisei perder quatro quilos, mas graças a minha nutricionista, Marta Rochelle, e ao meu preparador físico, Thiago Mendes, consegui chegar forte e preparado. Deus me abençoa muito por ter pessoas assim ao meu lado!

Tirou alguma lição diferente neste evento?

Sim, a real importância do corner. Na final, quando aconteceu a cabeçada do Cobrinha no meu rosto, lembro que estava quase perdendo a cabeça e o Guilherme olhou para mim e gritou para eu não perder a cabeça, manter minha calma e foco na luta, e entao consegui fazer isso. Naquele momento foi essencial ele ter dito aquilo.

Rafa comemora com Gui Mendes. Foto: mantofight.com.

A final contra o Cobrinha mais uma vez foi decidida nos detalhes. Foi melhor do que em 2009?

Sempre quando eu vou para lutar um evento eu estudo as regras, e no ADCC é bem legal, porque que eles fazem uma reunião explicando as regras para todos os atletas um dia antes do campeonato, com direito esclarecer dúvidas e respostas. O árbitro explicou que se você está sendo atacado por uma queda do adversário e cair, seu adversário não receberia os pontos na primeira metade da luta, pois só é contado os pontos negativos. Mas se você estivesse sendo atacado pelo adversário em uma tentativa de queda e pulasse na guarda fechada, receberia o ponto negativo. E foi isso o que aconteceu, eu entrei na perna, estava tentando derrubar e ele pulou na guarda fechada. Eu não o derrubei, ele pulou para a guarda fechada, isto foi claro. Consegui a filmagem da luta, e por ele ter reclamado eu assisti várias vezes para ver realmente o que havia acontecido, e pude conferir isso. Foi melhor que em 2009, com certeza, pois desta vez consegui vencer no tempo normal da luta, sem prorrogações. Ele é bom e as lutas vão ser sempre difíceis, eu já sabia disso, tentei finalizar, ataquei finalizações a luta toda, mas o Cobrinha é bem flexível. Vou continuar treinando muito, para na próxima vez conseguir acabar essa luta antes do tempo normal.

Comente o fato de o Galvão ter vencido peso e absoluto…

O André é excelente e mostrou isso, é um pesado com movimentação de peso pena. Ele estava bem treinado e muito afiado. Está de parabéns, lutou muito, mereceu e mais uma vez deu um show. Foi um final de semana incrível!

Quais os objetivos para o restante de 2011?

Agenda lotada (risos). Eu e o Guilherme acabamos de voltar de um tour de seminários pela Europa, vamos ficar uma semana em casa e vou para o Japão, onde vou ficar dez dias fazendo seminários e também vou participar do Rickson Cup. Depois vamos para a Austrália em um tour de seminários. Acabando isso, vamos para os EUA, onde vamos ficar treinando até dezembro.

Quais lutadores mais te influenciaram, que você admira?

As pessoas que me influenciaram foram as que sempre treinaram comigo, me ensinaram, entre elas principalmente o Ramon (Lemos), que me ensinou e me formou. Também não posso deixar de citar meu irmão (Guilherme), Bruno Frazatto e Gilbert Durinho, eles me fizeram competidor e me ensinaram e ensinam muito também. Impossível citar todos os nomes, mas todos aqueles que vem treinando comigo e me ajudam de alguma forma a alcançar meus objetivos são responsáveis pelas minhas realizações, lembro de cada um dentro de mim, do menos graduado até os faixas-pretas, e também as pessoas que não treinam comigo, mas que sempre me ajudam de alguma forma, minha família, minha namorada e meus amigos! Quem eu mais admiro? Não vou citar ninguém da equipe para não ficar parecendo clichê: admiro o Renzo (Gracie) pela pessoa que é, querido por todos e um exemplo de humildade e carisma, e também como lutador. Com certeza ele e o Zé Mario fizeram um lutão, com overtime, e os dois cairam para dentro e mostraram que a idade não muda nada quando realmente se sabe Jiu-Jitsu e ama o que faz.

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