Os benefícios do Jiu-Jitsu, segundo o instrutor Alberto Neto

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Quais são os benefícios que a arte suave oferece à famíla de uma forma geral?
ALBERTO NETO: Acredito que quando a família toda treina Jiu-Jitsu, são muitos benefícios. Primeiro que todo stress do dia a dia você deixa no tatame. Logo, o clima em casa fica mais leve. Além disso, a família começa a viver o Jiu-Jitsu life style, alimentando-se melhor, cuidando do corpo e fazendo atividade física regularmente. E terceiro eu acredito no Jiu-Jitsu como meio de interação social. As crianças vão ter novas amizades num ambiente controlado e também os pais farão novas amizades, na maioria das vezes são amizades sinceras, que os alunos levarão para o resto da vida.

A sua filha, Malu, vem se destacando em diversas competições. Quais são os conselhos que você dá para ela seguir vitoriosa após a infância e se tornar uma faixa-preta campeã?
A Malu é muito dedicada e focada no que ela quer. Ela divide o dia dela entre a escola, os treinos de Jiu-Jitsu e preparação física. Acho que o principal caminho é manter a humildade, pés no chão e escutar os professores. Ela tem excelentes referências no Jiu-Jitsu, tal como a Michelle Nicolini, o Ygor Dantas e a Priscila Prandini. Acredito que se ela escutar e aprender com as pessoas que já trilharam esse caminho e com sucesso, sua trajetória vai ser mais fácil.

Ainda em relação às crianças, o Jiu-Jitsu é uma ferramenta eficiente para combater o bullying?
Eu, como instrutor de Jiu-Jitsu, posso afirmar: o BJJ é uma das maiores armas que existem contra o bullying. Além da criança aprender a se defender contra agressores maiores e mais fortes, ela também se torna mais autoconfiante. Passando a acreditar em si mesma e aumentando autoestima, fica mais difícil ser propensa ao bullying.

Algumas pessoas gostam de artes marciais mas têm receio de ingressar numa academia e praticar. O que você costuma dizer a essas pessoas?
O mestre Demian Maia certo dia falou que a pessoa que é casca grossa não precisa do Jiu-Jitsu, pois o cara já é casca grossa. Quem realmente precisa do Jiu-Jitsu é aquela pessoa que passa o dia todo no escritório, que sofre de ansiedade, depressão, com autoestima baixa. Aquela mulher que precisa aprender a se defender, que é assediada em seu ambiente de trabalho ou em casa. As crianças de um modo geral, para aprender a se defender e usar os ensinamentos do Jiu-Jitsu para a vida. Entre esses ensinamentos, gosto de destacar a resiliência.

Você gosta de chamar para a meia-guarda e lutar a partir dessa posição nos treinos e campeonatos. Como nasceu esse seu fascínio pela meia-guarda e quais são as virtudes dessa posição?
Eu sou da Checkmat e temos uma tradição forte de meia-guarda na equipe por causa do Professor Lucas Leite, que sempre usou a meia-guarda coyote com muito sucesso e meu professor Ygor Dantas usa essa meia-guarda com maestria, foi ele que me ensinou tudo. Acredito que saber jogar de meia-guarda é essencial no Jiu-Jitsu, tanto passando quanto fazendo guarda, pois sempre caímos nessa posição.

Eu sempre gostei de fazer guarda, porém não sou flexível e minhas pernas não são longas. Então encontrei na meia-guarda uma maneira efetiva de fazer guarda que era compatível com meu biótipo. Na meia-guarda você tem diversas variações e transições para outra posições, sendo efetiva também contra adversários maiores e mais pesados. É realmente uma posição que gosto muito e tento me especializar cada vez mais nela.

Qual foi a grande lição que o Jiu-Jitsu ensinou a você?

No Jiu-Jitsu você constantemente está em uma posição ruim, sendo amassado, sem conseguir respirar e muitas vezes sendo estrangulado. Mesmo com essas adversidades, você é ensinado a não desistir e continuar lutando, fazendo com que você se torne cada vez mais resiliente e persistente. Eu trouxe essa qualidade do Jiu-Jitsu para a minha vida. Já passei por diversas situações difíceis em minha vida, porém nunca desisti e continuei lutando. O Jiu-Jitsu me ensinou a ser resiliente e enfrentar os problemas, independente do tamanho dos mesmos. E, como instrutor de Jiu-Jitsu, procuro retransmitir isso a todos os meus alunos.

Como você se define como instrutor de Jiu-Jitsu?
Sou formado faixa-preta pelo professor Ygor Dantas e hoje estou ensinando sobre a tutela do professor Hélio Barthem. Duas pessoas que acrescentam muito na minha vida e me ensinam diariamente. Eu me defino como um professor que está sempre aprendendo. Continuo estudando, fazendo cursos e melhorando para passar o melhor para os meus alunos. Eu sempre gostei do lado competitivo do Jiu-Jitsu e acredito que o lado competitivo traz grandes benefícios para os praticantes da arte suave, principalmente crianças. O praticante de Jiu-Jitsu que compete aprende a enfrentar seus medos, entender que para alcançar um objetivo, precisa trabalhar duro e aprende a lidar com a derrota, que são coisas que levamos para a vida. Porém a competição é somente um meio para um fim, nunca pode ser usado como objetivo final, pois meu objetivo como professor é formar pessoas melhores para a vida.

Quais títulos você conseguiu como treinador?
Como disse anteriormente, gosto muito de competição, principalmente kids. Nosso time de competição ganhou vários títulos importantes, sendo eles: Maria Luiza Aguiar: Campeã ADCC Open São Paulo, Campeã Internacional Kids do Rio de Janeiro, Campeã Pan Americano CBJJE, terceiro lugar no Campeonato Brasileiro CBJJ.
David Matheus: Campeão ADCC Open, Campeão Sul Americano kids IBJJF, Campeão Paulista.
Jerônimo Tadeu: Campeão Mundial kids CBJJE.
Erik Miguel: Campeão Brasileiro Kids CBJJE.

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