Brunno Hulk e os detalhes da estreia arrebatadora no UFC Rio

Share it

Brunno Hulk nocauteou Gregory Robocop em estreia no UFC. Foto: Gabriel Almada/GRACIEMAG

Aceitar um combate com menos de duas semanas de antecedência e lutar no Brasil com arena lotada são ingredientes que alimentariam pressão de boa parte dos lutadores. No entanto, Brunno “Hulk” Ferreira (10v-0d), atleta que soma passagem pela seleção brasileira de judô e é faixa-preta de Jiu-Jitsu, não sentiu o peso da estreia no Ultimate.

O peso médio curitibano nocauteou o compatriota Gregory “Robocop” Rodrigues aos 4min13s do primeiro round no UFC 283, disputado no dia 21 de janeiro, no Rio de Janeiro. Hulk conquistou sua décima vitória na carreira – todas pela via rápida. Ele contabiliza sete vitórias por nocaute e três por finalização, com direito a oito triunfos no primeiro round. “O André Dida me falava que eu precisava me tornar um cara letal no MMA e eu carrego isso comigo”, relembrou Brunno.

Em bate-papo com a equipe do GRACIEMAG.com, Brunno Hulk contou as razões que o tornam um lutador fatal no peso médio e explicou os motivos de sua evolução em menos de quatro anos como lutador profissional de MMA. 

GRACIEMAG: O que foi determinante para você conseguir o nocaute naquele momento?

BRUNNO HULK: No decorrer da luta, eu percebi que ele estava desconfortável com a minha movimentação, que é algo que eu treino bastante. Usei a grade a meu favor e acertei o direto com a mão esquerda no instante em que troquei de base. Quando acertei o golpe, não sabia se ele iria bater no chão e levantar, por isso fui para cima para e fiz o “Hulk esmaga” para liquidar a fatura. Já estive diversas vezes na posição do Robocop durante os treinos e a técnica estava fresca na minha memória porque tinha treinado essa situação dias antes da luta. Aquilo é Evolução Thai raiz, tem o toque do André Dida.

Qual é o segredo para você ser um lutador tão letal?

O meu dia a dia reflete muito do que eu passei no meu começo na Evolução Thai. O Dida me falava que eu precisava me tornar um cara letal no MMA e eu carrego isso comigo. Digo que o MMA é o esporte da imprevisibilidade, um golpe pode mudar a luta. Então são a minha mentalidade e o meu treinamento que me moldam. Há muitas técnicas que eu ainda nem consegui mostrar, especialmente meu grappling e o judô, em razão do estilo que eu adotei. Não sou tão alto para o peso médio, mas trabalho intensamente a movimentação e o poder de nocaute.

Como você conseguiu uma evolução significativa em menos de quatro anos como lutador de MMA?

Grande parte disso se deve à bagagem que eu carrego do judô. Estou acostumado a competir com o ginásio lotado  desde 1997, é algo natural para mim e sabia que isso não me afetaria no MMA. O primeiro passo para eu me profissionalizar no MMA foi me tornar aluno novamente, escutar os meus treinadores e trazer os aprendizados para o dia a dia. Às segundas-feiras, o Dida tinha o costume de passar a visão dele sobre os eventos que ele assistia no fim de semana, e eu absorvia muitos daqueles toques. Treinei bastante com lutadores experientes, como o Bruno Blindado, Francisco Massaranduba, Netto BJJ e o Serginho Moraes, e desde então faço o necessário para alcançar meus objetivos.

Por que você tomou a decisão de migrar para o MMA?

Eu gosto do judô, treino às vezes para me manter conectado com o esporte, mas eu tinha o sonho de lutar MMA. Meu pai era fã de vale-tudo, treinava e conhecia a galera da época. Me apaixonei logo na primeira vez em que assisti uma luta de vale-tudo e o filme “O Grande Dragão Branco”, foi aí que tudo começou. No entanto, foi tudo no tempo de Deus. Construí a minha trajetória no judô e competi bastante no Jiu-Jitsu. Quando voltei aos torneios de judô, não sentia mais o brilho de antes, não enchia os meus olhos, então tomei a decisão de começar a treinar MMA. Entrei na Evolução Thai em 2018 e tive esse crescimento na minha carreira nos últimos anos.

Qual é o seu diferencial em relação aos atletas da sua categoria?

Eu me considero um lutador de MMA completo, com um nível de excelência tanto na trocação quanto no grappling. Não há tantos lutadores especialistas no Jiu-Jitsu no peso médio, o próprio Alex Poatan não tem tanta experiência no setor. Trabalho firme em todas as áreas. Passei a treinar Jiu-Jitsu para aprimorar o meu judô e ambos caminham lado a lado comigo diariamente. Com a minha chegada na Evolução Thai, uma das escolas de trocação mais conceituadas no mundo, passei a treinar boxe e muay thai para me tornar um lutador completo. Me sinto confortável em todas as áreas, esse é o meu diferencial. Eu também não tenho medo de ser nocauteado, vou para cima em busca do nocaute, assim como fiz na luta contra o Robocop. Sei do meu potencial e estou disposto a trocar no fogo cruzado. 

Por que você aceitou a luta com menos de duas semanas de antecedência?

Numa terça-feira à noite, vi que a luta contra o Brad Tavares tinha caído e acendeu uma chama dentro de mim, queria aquela oportunidade. Logo depois, o meu empresário me ligou e perguntou se poderia me colocar à disposição para lutar. Eu concordei, já que mantive a forma no final do ano, só não tinha feito sparring de trocação nos dias anteriores. Eu não faço camp, estou sempre preparado. Comecei a treinar mais forte na quarta-feira e a notícia chegou à noite. A oportunidade está aí, você abraça ou deixa passar. Claro que havia o risco da conta dar errado, mas tínhamos as armas para sair com a vitória. Os obstáculos vão existir, mas estou pronto para lutar, é assim que tudo funciona no MMA. 

Você cogita descer para os meio-médios?

É algo que eu preciso de tempo para estudar, porque eu chego na semana da luta com apenas 5% de gordura, se eu perder muito peso, vou queimar minha massa muscular, ou seja, chegaria fraco nos meio-médios, sem a mesma explosão e performance. Posso estudar a possibilidade de descer de categoria, mas a explosão que tenho deve-se a minha forma física. Muitos lutadores perdem peso demais para lutar, ficam abatidos e isso acarreta em perda de desempenho.

Você já tem algum adversário em mente?

Ainda não, já voltei a treinar forte e estou sem lesão. O bom de lutar em janeiro é que tenho alguns meses para trabalhar no primeiro semestre, além do segundo. Pretendo fazer mais três lutas neste ano. Como eu não me exponho tanto e não tenho o costume de sofrer cortes, o meu estilo de luta me permite lutar com mais frequência. Espero voltar no final de março ou em abril, agora vou deixar o meu empresário Bernardo Serale trabalhar. Gostaria de lutar no mesmo card que o Bruno Blindado, nós temos uma energia ótima e treinamos juntos diariamente. 

Confira, no vídeo a seguir, o nocaute de Brunno Hulk sobre Gregory Robocop no UFC 283:

 

 

Ler matéria completa Read more