Romulo Barral: “Desta vez não lutei apenas Jiu-Jitsu, joguei nas regras do ADCC”

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Romulo Barral em duelo contra Rafael Lovato. Foto: Erin Herle/GRACIEMAG

O primeiro gostinho de disputar o ADCC para o campeão mundial Romulo Barral veio em 2002, quando ele competiu na seletiva brasileira como faixa-azul. Não deu certo naquela vez, mas o plano estava estabelecido: vencer o evento de luta agarrada criado em Abu Dhabi.

Em 2007, o mineiro teve sua primeira chance real de ganhar, em Nova Jersey, mas parou nas quartas de final, perto do pódio. Mais dois ensaios em 2009 e 2011 terminaram da mesma maneira, mas a determinação de Rominho nunca diminuiu. Mesmo depois de vencer todos os maiores campeonatos de kimono na faixa preta, ainda lhe faltava o prestigioso título do ADCC.

Finalmente, após vencer quatro lutas em Pequim, ele alcançou sua meta, tornando-se o novo campeão até 88kg, uma divisão que já consagrou Saulo Ribeiro, Ronaldo Jacaré, Demian Maia, Bráulio Estima e André Galvão, entre outros.

A diferença entre o Rominho dos ADCCs anteriores e o que foi à China foi a estratégia.

“Antes, eu tentava lutar Jiu-Jitsu, mas desta vez eu não joguei Jiu-Jitsu; eu joguei ADCC”, diz. Quanto ele compete em qualquer outro evento de Jiu-Jitsu, seu jogo é mais aberto e ele pode se adaptar a situações. Se um oponente puxa para a guarda, ele não se incomoda de trabalhar na passagem. No caso de um adversário ficar em pé, ele pode fazer guarda ou tentar uma queda. Desta vez, o professor da Gracie Barra queria forçar erros e então aproveitar. Já que o ADCC só conta pontos a partir da metade da luta, ele esperou e se defendeu de quedas e deixou que os outros atacassem ou cedessem punições (que ainda podem contar, mesmo que os pontos não contem). Sua paciência deu fruto, pois ele foi capaz de responder a todas as tentativas de queda feitas por Kim Dong-Hyun, Lucas Leite, Keenan Cornelius e Rafael Lovato Jr., e até usar um pouco de wrestling.

Sua mentalidade não mudou ao longo das lutas, e ele competiu com muito mais esperteza desta vez. Se a luta entrava nas prorrogações, como contra Lovato, ele não se importava. No passado, o tetracampeão mundial de Jiu-Jitsu jogava com pressa, mas desta vez ele esperava pelos pontos. Ele estava decidido a não deixar o passado se repetir, e para isso fez mudanças no eu treinamento e na sua mente.

As mudanças no treinamento vieram com o wrestling, afiado duas vezes por semana com Jacob Harmon, o principal treinador de wrestling na Calvary Church Wrestling. O Time Church Boyz treina com nomes do UFC como Wanderlei Silva, Mauricio Shogun e Rafael dos Anjos, além de Renato Babalu e outras feras. Os efeitos das auls de Jacob se sentiram nos resultados de vários outros campeões do ADCC 2013: Marcus Almeida venceu a divisão acima de 99kg; João Assis ganhou a categoria até 99kg; e Otavio Sousa pegou a prata na divisão até 77kg.

“O wrestling faz 80% da diferença no ADCC. O treino me deixou tão confiante pra jogar em pé”, analisa Barral. A confiança foi a chave para lutar de pé com Lovato, e, mesmo quando as tentativas de queda foram boas, o campeão foi capaz de anulá-las. Com efeito, a fera da GB frustrou tantas quedas, que Keenan puxou para a guarda e aceitou a punição decorrente – fator determinante para sua vitória na semifinal.

Para Barral, a vida não mudou muito depois do título. Embora ele tenha se concentrado em seu treinamento durante os quatro meses anteriores ao torneio, nada disso muda quem ele é como pessoa ou atleta. A fama não é a motivação de Rômulo, mas sim o desafio pessoal. “Este torneio foi muito importante, para mim era inaceitável perder.”

A medalha de ouro jaz no quarto cor-de-rosa que aguarda a chegada do primeiro bebê de Romulo, que deve nascer dentro das próximas semanas. O triunfo no ADCC foi o melhor momento da vida de Rômulo, mas logo vai dar lugar a um melhor. “Mal posso esperar! Todo mundo diz que vai ser uma grande mudança na minha vida, mas isso vai ser bom pra mim”, conclui.

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