Por dentro da mente de Mackenzie Dern, a número 1 do mundo no Jiu-Jitsu feminino

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Mackenzie em foto de Dan Rod.

Mackenzie nas costas, durante o Pan de 2011. Foto de Dan Rod / GRACIEMAG.

Faixa-preta desde os 20 anos, com títulos mundiais em todas as graduações, a meio americana meio brasileira Mackenzie Dern (Gracie Humaitá) coleciona vitórias em todos os campos: Mundial Sem Kimono, ADCC, Pan, Europeu de Jiu-Jitsu Mackenzie Dern e sua estreia no MMA. E tudo com direito a um Jiu-Jitsu bonito e agressivo, que arranca aplausos dos torcedores nos ginásios, sem falar em alguns assobios encantados.

Com graça e muita bravura, Mackenzie, número um do ranking faixa-preta em 2015/2016, nasceu em Phoenix, Arizona, e desde os 3 anos brinca nos dojôs com o pai Wellington Megaton, e compete entre as atletas adultas desde os 14. Sem medo de amassos, Kenzie sempre gostou de treinar com o pai e com os rapazes. Mackenzie Dern confia no trabalho duro e vê os torneios como a parte divertida do Jiu-Jitsu.

GRACIEMAG procura mostrar, aqui em nosso portal e nas páginas de nossa revista, a intimidade dos campeões e trazer o leitor para dentro do bate-papo, na busca de oferecer mais motivação e conhecimento para você, para seus alunos e familiares. Este artigo com Mackenzie foi originalmente publicado em nossas páginas. Assine GRACIEMAG e garanta os melhores textos do Jiu-Jitsu mundial. A seguir, confira algumas das principais lições desta encantadora casca-grossa que se inspirava nos feitos de Kyra Gracie.

GRACIEMAG: Como você busca ter um Jiu-Jitsu mais ofensivo? Faz um treino apenas voltado a finalizações?

MACKENZIE DERN: Não, não treino nada específico para afiar as finalizações, é só o meu jeito de atacar. Sempre me sinto melhor na luta quando estou um passo à frente das adversárias, e é o que tento treinar todos os dias. O que faço é procurar não aceitar posições, por mais que os companheiros de treino tentem me botar nelas. O que faço, muitas vezes, é escolher um objetivo para o treino do dia e me concentro somente nisso. Por exemplo: um dia escolho apenas passar a guarda, no outro fico o treino inteiro lapidando raspagens. Isso eu sinto que me ajuda bastante para me sentir confortável em qualquer situação. Uma vez confortável em todos os aspectos, o atleta naturalmente fica mais perto de se ajeitar, controla melhor o adversário e a finalização surge mais facilmente, em qualquer posição.

Como você vê o cenário do Jiu-Jitsu feminino atualmente?

Fico muito satisfeita ao ver mais e mais mulheres nos Mundiais, e as categorias mais cheias, isso já faz bastante diferença para as atletas e o público. Além do mais, isso obriga a gente a fazer mais lutas, e assim somos obrigadas a enfrentar uma variedade de estilos muito maior. Ou seja, evoluímos particularmente e o Jiu-Jitsu feminino evolui junto. É muito bom ver o Jiu-Jitsu feminino crescendo.

Qual é a dica que você poderia dar para as meninas que ainda têm receio de vestir o kimono?


Minha dica é começar experimentando fazer umas aulas com as amigas. Convide uma grande amiga e faça uma aula teste. Fica mais divertido ainda. O Jiu-Jitsu é um estilo de vida que ajuda na saúde, na defesa pessoal e com a autoestima; assim, começando a praticar com as amigas, as iniciantes terão mais razões para se manterem motivadas, em especial nos dias em que a gente pensa em desistir, o que acontece normalmente. Minha dica seria a de chamar as amigas e uma ajudar as outras, buscando crescer juntas nos treinos.

O que você, uma peso-pena, aprendeu ao enfrentar diversas vezes a peso pesado Gabi Garcia?

Em todas as vezes que lutei com ela, no Europeu 2015, no Pan e no World Pro de Abu Dhabi do mesmo ano, aprendi que não se pode errar nem um milímetro. É difícil treinar para enfrentá-la, pois não se consegue arrumar um parceiro de treinos com o jogo igual ao dela. A cada luta, eu me sentia como num teste. Era um teste para saber o que daquela vez ia funcionar, e se alguma coisa ia funcionar, né? Eu tentava vários recursos de guarda para ver o que funcionava ou não, por causa da diferença de peso. Realmente não é fácil passar quase a luta inteira dobrada pela metade.

Você treina há quase 20 anos, e aprendeu 
tantos os hábitos de treino à moda antiga do seu pai Megaton, que além de tudo era bom judoca, como aspectos de treinos mais modernos. Como você mesclou isso para você?


Aprendi muito com o meu pai, e hoje aprendo muito com grandes competidores de elite. Aprendi muito sobre diferentes treinamentos e o que realmente é preciso para conquistarmos aquilo que sonhamos. Aprendi que cada pessoa tem um jeito diferente de treinar ou de executar as técnicas, mas há um ponto em comum: todo campeão se dedica muito, a ponto de forçar os seus limites todos os dias na preparação, e ir sempre um pouco além. Buscar se exceder é o segredo. E acho que isso me ajudou bastante. Acho que tenho sorte de conhecer tantas pessoas boas e pegar um pouco do treinamento de cada um. A preparação é o principal, acho que a hora da luta deve ser o momento mais fácil em comparação a todos os preparativos para chegar lá.

Em quem você se inspirou quando começou?


Na Kyra! Sempre fui muito fã dela e queria chegar aonde ela estava. Mas eu não sinto que procurei copiar o jogo de ninguém especificamente. Sempre admirei vários lutadores e lutadoras, e o que eu buscava sempre era pegar um pouco de cada. Acho que a gente sempre se inspira e procura copiar um pouco do Jiu-Jitsu que é bonito e vencedor. Por exemplo, eu sempre gostei de ver as lutas de Jiu-Jitsu do Marcelo Garcia, do Léo Vieira e do Ronaldo Jacaré.

Pensa em engravidar e ser mãe, 
um dia?


Sim, quero ser mãe um dia! Tenho alguns objetivos para conquistar primeiro, tanto no Jiu-Jitsu como no MMA no futuro breve, mas já penso nisso. Quero lutar mais MMA primeiro. Mas eu certamente gostaria de passar um pouco do que fiz e do que aprendi para os meus filhos.

Como você treina para corrigir seus erros?

Eu gasto muitas horas com meus defeitos. Sempre estou vendo o que fiz de errado nos vídeos, mesmo nas lutas nas quais ganhei. Sempre estou tentando melhorar meu jogo e me expor menos, porque jamais há uma atuação perfeita. O segredo é perceber que há sempre um detalhe a melhorar, e assim vou sempre buscando diminuir os meus pontos fracos. Se há uma posição em que sinto que preciso melhorar, que ainda não estou 100% confortável, eu me coloco nela durante vários treinos até eu achar que melhorei. Ou até perceber outra posição em que tenho de melhorar. Às vezes passo o treino inteiro só treinando um aspecto de uma passagem ou só treinando um tipo de guarda, isso por horas e horas. E também procuro treinar muito minha mente, ou seja, visualizando os meus próximos objetivos e trabalhando a confiança em como vou executar aquilo na hora H.

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