Os 12 trabalhos de Catriel Oliveira nos Emirados Árabes

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Confira os desafios encarados por Catriel dentro e fora dos tatames do World Pro. Foto: Reprodução

Logo nas primeiras horas daquela sexta-feira, 8 de abril, durante o café da manhã, o atleta Catriel Oliveira teve o primeiro desafio hercúleo do dia, uma bela dose de desânimo num cochicho ao lado: “O Sebastian Rodriguez da Unity está voando! É o melhor atleta do torneio. Impossível alguém bater ele na 85kg”. Inscrito na mesma divisão, Catriel teve momentos de assombro na mesa enquanto comia naquele hotel em Abu Dhabi. Mas as horas que antecediam seus duelos na categoria de faixa-marrom no World Pro 2021 seriam para espantar este velho fantasma do seu dia, que seria épico.

“Antes do Europeu 2020, eu tinha muito problemas com isso”, revelou Catriel, que representa a Braus Fight, em papo com GRACIEMAG. “Era ouvir que tinha um atleta duro ou que alguém estava bem que eu já me sabotava mentalmente. No Europeu, eu lutei com outra cabeça. Entrei para me divertir, sem pressão, e fiz meu melhor torneio. De lá para cá, essas ideias tentam me rondar, mas eu foco mais em mim, luto como eu gosto e os resultados estão vindo. A meta agora é felicidade.”

Uma semana antes, Catriel havia lutado o Grand Slam, também em Abu Dhabi. Além de superar duas disputas acirradas, contra Yago Neves na semifinal e Mikael Rhaillander na finalíssima, os seis dias que separavam o Grand Slam do World Pro foram críticos, prezando por sua recuperação completa para o mais complicado torneio de sua vida, algo que ele ainda não esperava.

“Tive pleno suporte do preparador Leonardo Micussi, que trabalha comigo e com a Braus há um tempo. Lutei com meu máximo no Grand Slam e cheguei pronto para fazer a maratona do World Pro com todas aquelas lutas.”

Catriel se refere à complicada estrada rumo ao título no World Pro, que é divido em duas etapas: uma classificatória entre brasileiros e a chave principal. No total, Catriel encarou oito lutas até o ouro, contra os melhores do mundo em sua categoria.

Na classificatória, uma verdadeira peneira de fogo, Catriel passou por Yago Neves, Jansen Gomes, Pedro Machado e, novamente, Mikael Rhaillander. Os quatro duelos já valeriam um título, mas outros quatro duelos seriam necessários para garantir o ouro e a premiação em dinheiro. Apenas um sachê de mel, perdido no fundo da mochila, nutriu Catriel em meio a tantos duelos. Na chave principal, seu primeiro duelo seria contra Mateus Meyer, classificado diretamente pelo ranking da AJP.

“Estava indo pra minha quinta luta do dia, depois de enfrentar adversários duros do Brasil, e o Mateus faria sua primeira luta comigo. É nessa hora que a mente tem que ser mais forte. Me foquei em lutar para frente e deu certo”, lembrou Catriel.

Depois de vencer Mateus nos pontos e finalizar Saif Alhimany, Catriel bateu Hermes Lazarus na semifinal para, enfim, desafiar o costa-riquenho Sebastian Rodriguez. Uma luta complicada, sem pontos ou vantagens no tempo regulamentar, foi definida no golden score, após uma queda aplicada por Catriel. Foi fechado o ciclo, com 12 desafios dentro e fora do tatame, que culminaram em duas premiações de ouro e uma bolada em dólares para o carioca de Nova Iguaçu.

“Nunca fiz tantas lutas no mesmo dia, tampouco num período tão curto de tempo, com menos de uma semana enfrentei dez lutas de alto nível. Fico feliz com a minha evolução. Perdi meu pai a poucos meses e ele era meu maior incentivador. Queria muito que ele estivesse aqui para ver que deu certo, mas agora a minha luta é pela minha família que está no Brasil. Vou ficar mais um tempo nos Emirados Árabes, treinando e dando aulas na JDA Center/GFTeam Dubai, do faixa-preta Julio dos Anjos. Mas só posso pensar em descanso no mês que vem, pois em junho tem outro grande torneio por aqui”, concluiu a fera.

E você, amigo leitor, lembra de outra maratona de luta tão puxada quanto a de Catriel nessa semana em Abu Dhabi? Comente conosco!

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