As lições de sucesso no Jiu-Jitsu do novo astro vindo da Gracie Barra BH, Lucas Valente

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Lucas Valente com um de seus mentores, Vinícius Draculino. Foto: Reprodução

Aos 23 anos, Lucas Valente hoje saboreia os frutos de tudo que vem plantando desde as categorias de base no Jiu-Jitsu. “Cresci dentro da Gracie Barra BH, por causa dos meus tios Daniel e Alexandre, faixas-pretas da academia e alunos do Vinicius Draculino há mais de 20 anos”, explica o atual vice-campeão mundial peso leve. Rato de tatame na infância, o pupilo de Sergio Benini e Marcelo Uirapuru se mudou para o Texas com o mestrão Draculino, onde embalou na carreira e tornou-se campeão americano e colecionou medalhas, em especial no circuito sem kimono.

No último Mundial de Jiu-Jitsu, Lucas Valente teve de fato sua melhor exibição na carreira, quando impressionou a todos com sua guarda de borracha e só parou na final, contra a fera consagrada Lucas Lepri. Mas ele não saiu satisfeito, e já sonha com a revanche.

Em papo com o GRACIEMAG.com, o faixa-preta mineiro deu lições valiosas sobre como mentalizar o sucesso no Jiu-Jitsu, analisou sua luta mais recente com Marcio André e disse o que espera de um novo encontro com Lepri. Confira!

GRACIEMAG: O que passou na sua cabeça ao se ver diante de um campeão experiente como o Lepri?

LUCAS VALENTE: Antes da final, eu procurei não pensar muito em tudo que estava acontecendo. Na hora H, contudo, eu procurei passar o pé no tatame, para sentir a textura do tatame azul, uma forma de me conectar com a realidade e reforçar para mim mesmo que “sim, eu estou aqui” na final do Mundial. É um modo de me sentir mais presente no agora e não deixar a cabeça passear para longe do corpo. Durante a luta, eu estava apenas querendo ganhar, sem ficar pensando em quem era o oponente. Lógico que com o Dracu a gente sentou, bolou uma estratégia, mas nas horas anteriores eu procurei esvaziar a cabeça, deixar a mente bem limpa, e isso foi até a hora da luta.

Achou a decisão dos árbitros sensata?

Então, o jogo dele, que ficou por cima, era obviamente visando passar, e o meu era ficar por baixo e tentar raspar e realizar meus ataques da guarda. Eu acho que quem mais chegou perto de conseguir o que queria fui eu. Dei um ataque no pescoço nele, que muita gente achou que poderia ser uma vantagem a meu favor. Não sei, nem vem ao caso agora. Mas acho que me expus mais, claro que ele estava seguro também na luta, mas o importante agora é que me parece uma luta que o pessoal gostaria de ver de novo. Será que o BJJ Stars do Fepa não consegue fazer acontecer? (Risos).

Qual é a receita para ser um lutador de sucesso?

Acho que é se divertir com o nosso trabalho. Por exemplo, no Mundial da IBJJF eu estava feliz 100% do tempo que estava no tatame, todas as minhas lutas foram muito divertidas para mim. No aspecto técnico, a lição é treinar muito, testar-se em situações difíceis na academia, e estar sempre mirando os detalhes técnicos, mais do que qualquer outra coisa.

No fim de junho você ganhou mais um cinturão, contra o Marcio André no evento Third Coast Grappling 2. O que aprendeu por lá?

Cara, sempre admirei o Marcinho, que é um dos melhores passadores de guarda desta nova geração, tem uma base muito difícil, duríssimo de raspar. A regra do torneio é bem diferente, você precisa finalizar ou abrir 11 pontos para ser o vencedor. Se não for o caso, você vence se tentar finalizar mais, e fiquei com a vitória por atacar mais o braço e o joelho dele. Tentei metralhar vários ataques na luta, em vez de tentar raspar. E deu certo.

Sua guarda cheia de recursos veio naturalmente? Ou você mudou seu estilo em alguma época? Lembro que o Rominho Barral, por exemplo, curtia mesmo era passar…

Não, desde criança a guarda era meu ponto forte. Tudo foi bem natural. Eu já gostava de finalizar as outras crianças com minha guarda, e via que era complicado passarem. Quando fiz 12 anos eu já comecei a treinar entre os adultos na Gracie Barra BH, e era complicado para os adultos azuis e roxas passarem minha guarda. Fui construindo essa confiança pouco a pouco, treino a treino. E fui gostando…

Que lição ou tipo de treino mudou seu jogo de patamar?

Com o Draculino, aprendi alguns pilares do sucesso no Jiu-Jitsu: ser completo, saber quedar e passar – de variadas maneiras – fazer guarda, de todos os tipos, e ter uma defesa forte. Para isso, sempre ele reforçou que eu precisaria ter os fundamentos bem afiados. Já na faixa-azul e roxa, eu tive muita sorte de tomar uma pressão sinistra nos treinos, de ídolos como o Felipe Preguiça, Augusto Tio Chico, meu tio Daniel e o Sergio Benini.

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