Tahnoon bin Zayed

Tahnoon bin Zayed

O Príncipe do Jiu-Jitsu

  • Sua alteza Tahnoon al Nahyan com o atleta Hamad Eissa Al Bulooshi, no torneio World Pro de Abu Dhabi, em 2012.

Nascido em Abu Dhabi em 4 de dezembro de 1969, Tahnoon bin Zayed bin Sultan al Nahyan ingressou no mundo do Jiu-Jitsu de modo discreto, pela porta da academia do professor Nelson Monteiro em Del Mar, Califórnia.

Era ali que o xeque de Abu Dhabi, terceiro filho entre os seis do primeiro casamento do sultão Zayed al Nahyan – então presidente dos Emirados Árabes Unidos – cursava universidade, com o objetivo de se formar em Administração e Finanças. Foi quando um cometa chamado UFC passou, em 1993, e encantou o Príncipe para sempre.

Em 1995, a paixão pela eficiência do Jiu-Jitsu o fez tomar o passo mais corajoso: comprar um kimono e treinar. Foi o que fez, ao encontrar a academia de Monteiro, faixa-preta desde 1989. Apresentou-se como “Bin” e se misturou aos alunos.

Ainda na faixa-branca, o plebeu Bin abriu o jogo com o professor. Não só gostaria de seguir treinando em seu país natal, quando concluísse a universidade, como gostaria de levar Nelson junto com ele para fazer o Jiu-Jitsu florescer no deserto de Abu Dhabi.

“O Tahnoon contou que sonhava promover um evento de artes marciais com representantes de diferentes modalidades no seu próprio país”, recordou Nelsinho. “Mas ele entendia que seu pai, o rei Zayed (1918–2004), não aprovaria um torneio de vale-tudo, com sangue rolando.”

Foi quando surgiu na Califórnia a solução: Tahnoon ficou sabendo de um torneio chamado Contender, realizado em 1997 com superlutas sem kimono entre Frank Shamrock e Dan Henderson, campeões de MMA à época. Tahnoon curtiu o formato, as regras e a repercussão.

Estava, assim, lançada a semente do ADCC, sigla para Abu Dhabi Combat Club, um charmoso torneio anual criado em 1998 e que atrairia aos Emirados dezenas de campeões de Jiu-Jitsu, judô, luta olímpica e luta livre, para medirem forças em combates sem kimono.

Logo na estreia, o Jiu-Jitsu reinou, com os campeões Rodrigo e Renzo Gracie, Alexandre Carneiro, Ricco Rodriguez e José Mario Sperry, campeão no peso até 99kg e absoluto. Houve ainda uma divisão apenas para lutadores locais, e o árabe campeão pioneiro foi Hareb Hashel.

O ADCC se tornou itinerante, foi parar em São Paulo em 2003 e passou a ser realizado de dois em dois anos, com amplo sucesso.

Após nove anos de treinos intensos, Tahnoon foi condecorado faixa-preta, pelo professor Renzo, de quem ficou amigo desde uma aula particular que tomou em Nova York, em 1996.

Xeque Tahnoon incentivou diversos de seus filhos adotivos a treinar Jiu-Jitsu, e sonhava em ver a arte em todas as escolas de Abu Dhabi. Seu sonho foi realizado em 2009, por projeto de lei autorizado por seu irmão mais velho, o príncipe coroado de Abu Dhabi, Mohammed bin Zayed al Nahyan, cujo filho também passou a treinar Jiu-Jitsu desde adolescente.

Hoje, mais de 75 mil meninos e meninas aprendem Jiu-Jitsu nas escolas do país, que tem mais de 600 instrutores certificados. Bases militares e polícias dos sete Emirados também contam com professores.

Por iniciativa de Tahnoon, Renzo e Royler Gracie escreveram um dos livros mais bem sucedidos da arte suave, o manual “Brazilian Jiu-Jitsu: teoria & técnica”, lançado nos EUA em 2001 e, dois anos depois, no Brasil.

Em janeiro de 2010, Tahnoon se tornou sócio minoritário do UFC. Em 2013, o príncipe faixa-preta assumiu o cargo de conselheiro de Segurança Nacional dos Emirados Árabes.