Planeja abrir academia de Jiu-Jitsu fora do Brasil? Prof. Eduardo Carriello dá dica essencial

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Professor Eduardo Carriello com seus alunos da GB Oval. Foto: Reprodução

Professor da Gracie Barra em Londres, Eduardo Carriello escolheu morar e ensinar na magnífica capital inglesa por conta do dia a dia das filhas. O líder da GB Oval tinha uma vantagem e tanto: ele e sua esposa tinham passaportes europeus. Mesmo assim, o professor encarou muitos desafios, obstáculos e aprendizados, e hoje os divide com os leitores de GRACIEMAG.

Confira e aprenda com o faixa-preta, que também é hoje pai de duas faixas-pretas.

GRACIEMAG: Professor, por que escolheu a Inglaterra? Quais os desafios de administrar uma academia na Europa?

EDUARDO CARRIELLO: Escolhi a Inglaterra para morar e ensinar para trazer minhas filhas. Eu quis proporcionar a elas melhor qualidade de vida e melhores oportunidades de ensino. Tenho ascendência italiana, por parte de pai, e portuguesa/espanhola por parte de mãe, o que tornou mais fácil a decisão e moradia na Europa. Mas os desafios foram muitos. A cultura, a língua, a comida e o clima, e também o fato de morar distante da família e amigos. Mas eu tinha um propósito e segui em frente. Administrar uma empresa em Londres é um imenso aprendizado. Sou eternamente grato aos meus amigos Richard Byrne, James Sellar, Roger Gracie, Andrew Johnson e Steven Dellar que me ajudaram e ensinaram muito sobre os negócios. Também tive ajuda de outros amigos, mas seria impossível citar todos.

O que aprendeu de mais valioso?

A coisa mais importante que aprendi em Londres é que para fazermos uma empresa que tem como serviço principal o Jiu-Jitsu, temos de saber reconhecer e nos desdobrar em diferentes papéis para ensinar o bom Jiu-Jitsu.

Por exemplo, o que me atraiu no Jiu-Jitsu foi a vontade de lutar. Assim sendo, para mim é fácil pensar no Jiu-Jitsu enquanto atleta, lutador. Porém, quando vou ensinar, preciso assumir minha identidade de professor, deixando de lado o lutador. Como assumir esse papel? Como um professor deve pensar e agir quando está em contato com o seu aluno?

E, na sua mente, o pior é que o professor deve “ganhar” do lutador…

Isso, afinal no papel de lutador, o faixa-preta poderia incentivar e até forçar o aluno a competir – por pensar que isso é o melhor para ele. Mas o professor precisa analisar se isso realmente faz sentido. Um professor terá discernimento para poder ajudar o aluno a realizar o que é melhor para ele, se é treinar três vezes por semana apenas, se é treinar Jiu-Jitsu e fazer condicionamento físico. Resumindo, o professor terá sabedoria para orientar e direcionar o pupilo, enquanto o lutador vai somente saber dicas de como se compete.

E há outras identidades que o faixa-preta precisa assumir, certo? O gestor, empresário, fazer o marketing…

Exatamente. Depois que a aula termina, é que vou para o escritório, pois preciso pensar no Jiu-Jitsu com a cabeça de empresário. Tenho dentro de mim ainda uma vontade grande de lutar, de treinar, mas preciso silenciar isso um pouco e pensar em planejamento, marketing financeiro. Se eu deixar somente as minhas emoções me guiarem, e por elas seguir minha vivência na escola, eu provavelmente terei dificuldades em trocar de papéis. Serei sempre um lutador, quando deveria ser professor, ou serei um simples professor quando na verdade deveria ser empresário. Essa foi minha grande lição, saber que tenho de assumir várias identidades, e saber quando mudar de um papel para outro.

Inspirador, professor. Quando você percebeu que viveria em prol do Jiu-Jitsu?

Meu primeiro contato com o Jiu-Jitsu veio em 1991. Em 1995 eu já começava a dar aulas, na cidade de São Pedro Da Aldeia, Rio de Janeiro, para outros iniciantes. Eram tempos de escassez de instrutores e um faixa-azul já era um oásis no deserto. Comecei assim a dar aulas com meu amigo e sócio Marco Chuck, depois que nossos instrutores Roberto Atalla e Jonatas Loures deixaram a cidade em busca de melhores oportunidades. Desde então a paixão pelo esporte e o ofício de ensinar se tornaram parte essencial da minha vida.

Onde você vê sua equipe nos próximos anos?

Os planos para os próximos dez anos são de expansão, com objetivo de abrir a nossa segunda filial em breve . Também temos projetos sociais junto com instituições de caridade e apoio a crianças com deficiência e famílias de baixa renda. Sempre que visto o kimono, me vêm à mente toda a responsabilidade como educador e o grande objetivo de sempre buscar ajudar o próximo.

Como funciona essa parceria com os projetos sociais?

Estamos com uma parceria muito boa com a Confor Self Development Center (SDC), projeto criado pelo professor Pedro Marcelino, que também ensina aqui na Gracie Barra Oval. É uma escola especializada em ajudar o ser humano a aprender coisas que possui valor para a vida, como inteligência emocional, ética no dia a dia, filosofia das artes marciais, meditação, yoga, criatividade, alimentação vegetariana, autoconhecimento – tudo num nível profundo e profissional.

Sua família toda costuma vestir o kimono. Qual é o público alvo da GB Oval hoje?

Tenho quatro filhos: a Natalia, 26 anos, e a Carol, 25, já são faixas-pretas. A Duda, que também já treina, completa 8 anos em julho. E meu primeiro menino, Kai, faz 2 anos no dia 28 de abril. Minha esposa, Emilia Carriello, trabalha na empresa, na administração da escola e, claro, treina com a gente. Toda família treina e vive o Jiu-Jitsu!

A Gracie Barra Oval atende alunos dos 4 aos 60 anos, dentro do ideal da Gracie Barra de Carlos Gracie Jr, isto é, Jiu-Jitsu para todos. É sempre um desafio tornar uma arte marcial atraente para pessoas de diferentes culturas, gêneros e faixas etárias, mas felizmente estamos conseguindo. Creio que os currículos e a estrutura didática da Gracie Barra facilitam esse processo.

O que aprendeu nestes tempos de pandemia e quarentena?

Somos sortudos por morarmos num apartamento em cima da GB Oval, na qual podemos nos exercitar diariamente. Também temos o Kennington Park ao lado, que apresenta toda a diversidade natural e bioenergética que precisamos, quando permitido. Estamos usando a resiliência e calma que aprendemos no Jiu-Jitsu para lidarmos como toda esta situação. Acreditamos que tudo vai passar e em breve vamos aprender muito com tudo, simplificando, valorizando e acima de tudo respeitando mais nossas vidas e a dos próximos. Desejamos melhores pensamentos, energias e muito amor para todos do mundo inteiro. Fiquem bem, e positividade sempre!

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