Quentin Tarantino e seus filmes também podem enriquecer seu Jiu-Jitsu

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Tarantino venceu seu segundo Oscar como roteirista por Django Livre. Foto Divulgacao

Tarantino venceu seu segundo oscar com o roteiro de “Django livre”. Foto: Divulgação

Quentin Tarantino, vencedor do Oscar de melhor roteiro original com “Django livre” neste domingo, quase perdeu o mamilo numa briga com um taxista nos EUA, entre outras doideiras que lhe renderam fama de louco furioso no início dos anos 1990.

Hoje, mais maduro – completa 50 anos no fim de março –, o cineasta é obcecado pela qualidade em sua obra, e poucas coisas o incomodam mais do que um filme previsível. Tarantino quer divertir você, sim, mas a história tem de ser algo como você nunca viu antes, sem respeitar regras. E, se der na telha, com direito a um vale-tudo até a morte entre escravos, como fez em “Django livre” (veja cenas no trailer, no fim da nota).

De perfil criativo, incansável e viciado em filmes de artes marciais, será que o vencedor do Oscar teria algo a ensinar à comunidade de praticantes de Jiu-Jitsu e os fãs do UFC, muitos de nós cinéfilos de carteirinha?

Achamos que sim. Após reler entrevistas novas e antigas, listamos, a seguir, as melhores lições que aprendemos com o mais genial dos ex-balconistas da locadora Video Archives, em Manhattan Beach, na Califa. Ele que, vale lembrar, não briga mais em táxis ou restaurantes como antes: “A vida será muito mais fácil se eu não brigar. Posso ficar com muita raiva de um cara sem bater nele”, refletiu Tarantino, em papo com Michael Fleming na “Playboy”, em 2003.

Um filme pode ser duro, cru e gratificante. É libertador quando não se sabe o que vai acontecer em seguida – Quentin Tarantino

1. O caminho para o sucesso, no cinema e no UFC

Quentin Tarantino tem uma fórmula eficiente para fazer cinema: só filma aquilo que gostaria muito de assistir como espectador exigente que é. Foi a mesma receita, por exemplo, adotada pelo campeão José Aldo para se tornar um dos lutadores mais perigosos do mundo. “Eu não queria ser um lutador de Jiu-Jitsu que só puxasse para a guarda e terminasse vaiado. Eu queria fazer lutas de MMA excitantes, como as que eu gostava de assistir”, disse a GRACIEMAG, certa vez, o astro da Nova União. E você, luta num estilo que você gostaria de ver?

2. Luta e perfeccionismo

Tarantino sempre lembra que demorou um ano inteiro para escrever apenas uma cena de luta, que no filme “Kill Bill” se resumia a alguns minutos. Pergunte aos campeões mundiais Rafael e Guilherme Mendes quanto tempo eles se debruçaram (e se embolaram) até ficarem satisfeitos com o berimbolo, e com tantas outras inovações. Ao ouvir a resposta, entenda o valor do perfeccionismo no Jiu-Jitsu.

3. Olhar seletivo, olhar atento

Um dos grandes talentos de Tarantino é o de pinçar, num filme banal, o ponto de partida para uma grande ideia. “Bastardos inglórios”, sua maior bilheteria até hoje com 320 milhões de dólares, nasceu de um filme tosco: “Hitler vivo ou morto”, de 1942. Procure treinar seu olhar para assistir a mais lutas e treinos assim. De um combate sonolento, pode muito bem surgir uma fagulha de ensinamento valioso; daquele treino seu “para ser esquecido”, pode ter um mínimo detalhe que se salve, capaz de te dar alegrias mais à frente.

4. Uma base sólida requer tempo

Antes de encontrar seu estilo próprio de filmar e produzir, Tarantino passou milhares de horas apenas vendo tudo quanto é filme, dos mais inimagináveis gêneros e nacionalidades. Tempos de bolso vazio, mas que ele aproveitou para criar uma base de conhecimentos cinematográficos rara, sobre a qual ele cria em cima. Somente as horas, centenas de horas, milhares de horas de estudo e aplicação formam um artista acima da média. Nas artes marciais é igualzinho. Dedique-se e colecione horas de voo, ou horas de solo. Seu estilo próprio de lutar ainda há de aparecer. Basta perseverar, e observar o que os antigos já fizeram antes de você.

5. Disciplina e preparação

Ao produzir “Kill Bill”, Quentin acompanhou o elenco durante três meses de treinamentos de kung fu, nos EUA e na China, num preparo árduo e aparentemente excessivo para cenas que eram filmadas muitas vezes em apenas dez dias. No fim das contas, o esforço e as horas longe de casa deram resultado, e o elenco destruiu. O caso nos lembra que aqueles dez, oito ou seis minutinhos de treino de Jiu-Jitsu são mero reflexo do que fizemos na última semana, nos últimos 30 dias. Tente se lembrar disso na hora que faltar gás ou força.

6. Seriedade sem perder a leveza

Como Quentin Tarantino ensina, levar a sério o que se faz não significa deixar de lado o bom humor. Como o cinema, o Jiu-Jitsu também é a maior diversão.

>>> E você leitor? Há filmes, diretores ou personagens que tenham inspirado você como lutador? Comente com a gente.

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