Lucio “Charly Brown” e a virada com o Jiu-Jitsu

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Professor da Gracie Barra na Paraíba, Lucio ‘Charly Brown’ é um dos tantos exemplos de quem teve a vida transformada graças ao Jiu-Jitsu. O faixa-preta contou ao GRACIEMAG um pouco da sua história e onde conseguiu chegar graças à arte suave.

“Um grande amigo de infância me convidou para conhecer uma arte marcial que eu nunca tinha ouvido falar, o Jiu-Jitsu, em 1996. Nessa época, trabalhava como açougueiro e não tinha tempo para fazer nenhum tipo de esporte. Numa tarde de folga do trabalho, meu vizinho Jordan dos Santos me falou que tinha recebido a faixa-azul e iria lutar no final de semana. E me convidou para dar uma olhada. Chegando à competição, me apresentou à família Ramos Joaz. Ramos era instrutor do professor da Gracie Barra na Paraíba, o Luiz Barboza, pioneiro da arte suave no estado”, conta.

Mal imaginava ele que aquele dia mudaria totalmente a sua trajetória. A partir dali, novas perspectivas se abriram.

“No decorrer do campeonato percebi que o Jordan já era um ídolo no Jiu-Jitsu paraibano. No início da semana dei o primeiro passo: comprei um kimono. Fiz então a primeira aula, e aprendi muito com a família Ramos e com o professor Luiz Barboza, uma enciclopédia de MMA, nunca vi alguém no Nordeste que soubesse tantas técnicas do esporte. Luiz fez atletas como o Mario Sucata, Carlão, João Quebra Ossos, Joaz Ramos. Esses caras eram cascas-grossas demais, não sentiram o gosto amargo da derrota lutando em todo o Nordeste”, recorda.

Charly Brown ao lado de amigos como Carlos Gracie Jr. e Zé Radiola. Foto: Arquivo Pessoal

O tempo passou e Lucio evoluiu tecnicamente. Naturalmente, as responsabilidades aumentaram e um novo ofício se tornou real.

“Luiz me convidou então para ministrar aulas no bairro onde moro em João Pessoa. À época, achei muito difícil, porque não havia tantos conhecedores do Jiu-Jitsu por lá. As pessoas não sabiam nem pronunciar a palavra direito. Foi passando o tempo e aceitei a proposta do professor. Em 10 janeiro de 1998 abri a primeira academia no bairro Valentina Figueiredo, zona sul de João Pessoa. Hoje em dia todo mundo conhece o Jiu-Jitsu, são fãs dos atletas e vão torcer para os familiares e amigos em todas as competições. E eu ministro palestras em colégios e damos aula para criançada carente em nosso bairro”, comemora Lucio.

Mas o Jiu-Jitsu acrescentou muito mais ao lutador. Além de a chance de viver dignamente, numa atividade que gosta e sente orgulho, através da modalidade pôde fazer diversas amizades e ir a lugares que não imaginava.

“Em 2003 fui competir em Pernambuco e conheci um dos atletas mais duros que já lutei, Luciano Ayres, aluno do Zé Radiola. Logo depois fui chamado pelo Zé para competir no Rio de Janeiro e conhecer o QG da Gracie Barra. Nunca havia pensado em entrar num avião. No meio da viagem anotava em um rascunho perguntas que poderia fazer ao mestre Carlos Gracie Jr. Coisas tipo: qual é o segredo do Jiu-Jitsu Gracie? O que fazer para ter sucesso no nosso esporte?”, lembra.

“Chegando ao Rio, na academia na Barra da Tijuca, me deparei com o mestre e aquelas anotações viraram poeira, porque apenas apertei sua mão falei: ‘Tudo bom? Beleza?’ Na verdade era um Gracie que estava na minha frente e eu só os via na GRACIEMAG ou em fitas de vídeo. Estudava muito os Gracie, lia bastante sobre a filosofia Gracie, a alimentação. Foi aí que entendi que eles eram pessoas simples, inteligentes. Esse dia me inspirou e consegui trazer a medalha número 1 da nossa equipe”, completa.

No alto do pódio em 2008. Foto: Arquivo Pessoal

O tempo passou e as metas, os objetivos, foram alcançados. Para isso, o Jiu-Jitsu foi um forte aliado, um alicerce, uma força de confiança para alcançar o que se deseja.

A história de Lucio só faz crescer, assim como sua academia. Competir fora do estado virou rotina, e os lutadores da região só melhoram, com dezenas de medalhas do Europeu ao Pan. E ele nunca mais voltou a trabalhar no velho açougue, nem tem saudade.

A lição disso tudo? Jamais desista dos seus sonhos. Afinal, o Jiu-Jitsu sempre estará ao seu lado.

 

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