Karla Hipólito ensina a valorizar o básico no Jiu-Jitsu

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Experiente professora e competidora, Karlona Hipólito segue entre as melhores do mundo. Foto: Carlos Arthur Jr.

Campeã peso e absoluto master 4 no Brasileiro de Jiu-Jitsu 2021, atual líder do ranking na mesma divisão, nossa GMI Karla Hipolito consegue equilibrar seus treinos de competição com a atarefada rotina de uma professora de luta. Com ampla experiência acumulada em ambos os campos de batalha, Karlona defende que a chave para o sucesso, seja no tatame competitivo ou na academia, está na valorização das técnicas de base do Jiu-Jitsu.

Em papo com GRACIEMAG, Karlona falou sobre os ensinamentos que deixa a seus alunos, sua paixão por competir e como a cabeça de atleta ajudou a dar início a sua carreira de ensino na Top Brother. Confira nas linhas abaixo!

* Entre para o time GMI! *

GRACIEMAG: Como foi o seu inicio no Jiu-Jitsu?

KARLA HIPOLITO: Conheci o Jiu-Jitsu em 1996, através do professor Marcelo Nigue. Na época, eu praticava muay thai e malhava na mesma academia que o professor Marcelo frequentava. Um dia, ele me abordou e me convidou para um treino, dizendo que eu tinha um bom potencial para o Jiu-Jitsu e que poderia me tornar campeã nacional ou até mesmo mundial. Apesar de ter um certo preconceito com lutas agarradas, o prospecto de uma vida competitiva acabou me fazendo ceder e participar de uma aula gratuita. Foi assim que eu me apaixonei pelo Jiu-Jitsu.

Karlona em ação no Brasileiro 2021. Foto: Carlos Arthur Jr.

Como foram os seus anos nas faixas coloridas?

Gostava de treinar, mas queria muito competir. Naquela época, tinham poucas mulheres envolvidas com o Jiu-Jitsu, então participar de torneios não era tão fácil quanto hoje em dia. Mesmo assim não me deixei abalar e segui treinando e me preparando para participar de todos os campeonatos que podia. Não consegui lutar na faixa-branca, mas fui vice-campeã brasileira na azul e participei de vários campeonatos na roxa e na marrom.

Em que ano e pelas mãos de quem você obteve a faixa-preta?

Recebi a preta em 2001, pelas mãos do professor Vinicius Amaral. Ele assumiu as aulas quando o Nigue saiu do Brasil e, no mesmo ano em que fui graduada à faixa-preta, fundou a equipe Game Fight. Não lembro quem estava fazendo o exame de faixa comigo, mas sei que foi uma guerra. Ficamos cerca de quatro horas prestando o exame, demonstrando posição, queda, defesa pessoal e todas as técnicas que um praticante deve saber ao alcançar a faixa-preta, tudo com e sem kimono.

Você mencionou algumas vezes o seu foco nas competições. Como essa paixão influenciou a sua carreira como professora?

Acima de tudo, sempre me vi como competidora dentro do esporte. Dito isso, quando fui graduada à faixa-azul, passei a atuar como instrutora do Nigue durante as aulas e isso despertou o interesse pelo ensino. Até então, não havia considerado esse caminho dentro do Jiu-Jitsu, mas foi uma experiência muito boa e que me ajudou muito quando eu finalmente comecei a dar aulas. Além da minha experiência como ajudante do professor, também me formei como bacharel em educação física, ou seja, mais um fator que ajudou a elevar o meu ensino. Apesar de toda a minha paixão pelos campeonatos, sou igualmente apaixonada por ser professora e sei respeitar os limites de cada aluno.

Karlon em duelo sem kimon contra a Talita Treta. Foto: Flashsport

Qual é o ensinamento mais importante da sua vida de atleta que você sempre deixa aos seus alunos?

Aprendi muita coisa competindo no Jiu-Jitsu, mas sempre faço questão de firmar três pontos que considero essenciais não só no tatame, mas na vida. É preciso se manter humilde, não perder a determinação e, principalmente, reconhecer os esforços de quem caminha ao seu lado. Um grande exemplo é o Ligeirinho, que além de ter uma boa carreira no Jiu-Jitsu, tem experiência em wrestling e MMA. Começamos a treinar juntos há cinco anos e , graças aos conhecimentos e dedicação que ele tem, sinto que evoluí muito como competidora, então sempre vou demonstrar a minha gratidão.

Qual é o diferencial para se destacar no ensino do Jiu-Jitsu?

Na minha humilde opinião, o professor deve valorizar o básico do Jiu-Jitsu. Como se trata de um esporte complexo e em constante evolução, é fácil você se perder nas muitas técnicas e acabar deixando o básico do esporte de lado. O professor que opta trabalhar esse ponto com seus alunos vai sempre ter bons alunos e eventualmente formará bons professores, porque tudo dentro do Jiu-Jitsu flui a partir do básico. Se tiver o básico forte, o atleta tem uma chance maior de ter uma carreira sólida no Jiu-Jitsu.

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