Jiu-Jitsu como escudo anti-abuso para as mulheres

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Turma feminina recheada de atletas. Foto: Reprodução

Por: Willian von Söhsten*

O termo sororidade pode parecer estranho ao nobre leitor, mas vem ganhando cada vez mais força entre as mulheres do Jiu-Jitsu. Essa palavra incomum tem se espalhado, nos últimos anos, por um motivo cruel: o aumento de casos de estupro de mulheres e meninas.

O significado por trás do termo é a empatia e companheirismo entre o sexo feminino como forma de combater a ideia enraizada na sociedade de que as mulheres devem ser rivais entre si, ao passo que os homens são companheiros leais uns dos outros. A mulher que veste kimono e vive no tatame sabe a importância de uma aliada mais do que ninguém; afinal, os treinos apenas com homens não são nada fáceis. Haja sororidade.

Antigamente, de fato, o preconceito era muito maior com a mulherada que procurava uma academia de Jiu-Jitsu – eram vistas em sua maioria como “mulher-macho” ou, talvez pior, “marias-tatames” em busca de namorados. Hoje, em tempos onde a preocupação com o corpo e uma vida saudável se torna a principal meta para muitas mulheres, a preocupação com os casos de violência de gênero fizeram do Jiu-Jitsu a escolha ideal para as meninas. Primeiro, por que praticar e/ou competir na arte suave é um dos modos mais eficazes de cuidar do físico a curto, médio e longo prazo. Além do mais, o Jiu-Jitsu é uma luta que alimenta nossa autoconfiança, aspecto essencial para coibir abusos sem a necessidade de se chegar às vias de fato – a mulher confiante e sempre alerta foge do estereótipo de vítima, e evita o agressor sem precisar dar um soco.

Portanto, o que se vê em quase todas as academias do mundo, e não apenas no Brasil, é um Jiu-Jitsu feminino em franca expansão.

“É normal minhas aulas terem entre 12 e 18 alunas rolando no dojô. É um número expressivo até mesmo se compararmos com os Estados Unidos”, diz Bruna Ribeiro, de Ribeirão Preto, uma das primeiras mulheres a ser dona de sua própria academia de Jiu-Jitsu no Brasil.

Bruna participa de um “clube da Luluzinha” virtual e curioso: a professora e campeã de Jiu-Jitsu faz parte de um grupo de Whatsapp com mais de 50 praticantes da arte suave, amigas de mais de dez cidades diferentes de São Paulo – muitas de equipe diversas. “Nessa hora não tem bandeira. Somos apenas mulheres apaixonadas pela arte suave querendo disseminar o Jiu-Jitsu feminino”, diz a faixa-preta.

O resultado dessa amizade ocorreu em fins de setembro: reunidas, organizaram um treinão com 25 mulheres, em seus kimonos branco, preto, azul e até rosa. “Esse foi o primeiro intercâmbio e elas já estão empolgadas para o segundo. Tenho certeza de que passaremos de 30 ou 40 lutadoras nos próximos, todas se apoiando e fortalecendo o Jiu-Jitsu feminino”, afirma Bruna.

E você, leitor ou leitora, conhece uma academia apinhada de meninas e mulheres que treinam? Comente com a gente.

* Willian von Söhsten é jornalista e faixa-preta da equipe Cícero Costha.

Atualmente é professor da Strong Inside Jiu-Jitsu Studio.

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