Entrevista: Duzão Lopes e as dicas para brilhar no primeiro ano como faixa-preta

Share it

Duzão na final do pesadíssimo do Rio Fall Open 2019. Foto: Carlos Arthur Jr.

Mesmo sem alcançar o objetivo maior no Mundial de Jiu-Jitsu 2019, Duzão Lopes tem feito barulho no cenário competitivo do Jiu-Jitsu em seu primeiro ano como faixa-preta, com conquistas importantes tanto no pesadíssimo quanto no absoluto, contra adversários já conhecidos do cenário internacional. Mas qual seria o segredo do ávido competidor?

O atleta da Guigo Jiu-Jitsu, forjado no alto rendimento do judô antes de migrar para a arte suave, avaliou sua jornada na primeira temporada entre a elite do nosso esporte, dividiu suas impressões, analisou as falhas e trouxe para você, estudioso leitor, suas principais dicas para chegar com tudo na faixa-preta contra as feras já consagradas do esporte. Confira!

GRACIEMAG: Qual a principal diferença entre competir antes e depois da faixa-preta?

DUZÃO LOPES: Na faixa-preta eu ganhei alguns opens da CBJJ no peso e no absoluto, ganhei o Brasileiro no pesadíssimo e fiquei no pódio do absoluto. Nenhuma grande surpresa no nível competitivo até então. Claro, tem que chegar com outra cabeça, mais focado. O principal é não errar. No Mundial, por exemplo, não basta ser competidor, porradeiro, bater cabeça e cair pra dentro. Tem que ter Jiu-Jitsu. A soma de tudo isso faz um campeão mundial na faixa-preta. Tem que ser diferente no seu jogo, ter um algo a mais. Depois do Mundial deste ano já mudei muito na minha preparação e no meu jogo.

Como eu vim do judô de alto rendimento, já cheguei competindo direto no Jiu-Jitsu, sem lapidar muito, e por isso perdi um pouco da base do Jiu-Jitsu nessa transição. Vale muito investir no básico, afiar a essência do Jiu-Jitsu. Outra coisa é bagagem de competição. O Mundial assusta mesmo, é importante chegar no nível mais alto já com essa experiência competitiva para não travar na hora.

Consegue apontar uma vantagem dos anos do judô que te ajudaram no Jiu-Jitsu?

O que me ajudou ao atuar no alto rendimento no judô e mudar de esporte foi a mentalidade de competição. No judô o atleta compete com mais frequência, e eu sempre falo pros atletas mais próximos de mim que para ser campeão tem que competir, muito. Não existe campeão forjado em treino. Ganhar de todo mundo no treino não muda nada na sua evolução. O campeão é aquele que compete.

E qual mania do judô te atrapalhou na hora de migrar pro Jiu-Jitsu?

Teve um caso interessante no Pacaembu, certa vez, competindo como faixa-azul ainda. Lutava pela Barbosa Jiu-Jitsu e disputei um campeonato que valia mil reais para a minha divisão. Ganhei a primeira com pressão, e na segunda eu fui com o hábito do judô: posturei e segurei na gola do oponente com o braço esticado. O adversário me jogou um armlock voador e arregaçou meu cotovelo. Depois daí eu passei a pensar com a cabeça do Jiu-Jitsu, e tive a ajuda de outros judocas que são faixas-pretas de Jiu-Jitsu, como o Guigo por exemplo. Ele fica no meu pé até hoje para limar os meus vícios do judô.

Você pode deixar um conselho pro leitor chegar mais afiado para competir na faixa-preta?

O melhor conselho é se inscrever para lutar nos maiores campeonatos, os que vão te trazer maior desafio. Outra coisa é ver muitas lutas de campeonato, ao vivo e em vídeo. Sentir o clima, como o pessoal da sua categoria costuma agir, sentir a vibe deles. Tirar todas as dúvidas do seu jogo, sempre. Ataque onde você acha que o seu jogo tem um buraco, não confie só no seu melhor jogo. Não é que na faixa-preta seja algo absurdo, só que tudo é mais intenso. Visitar outras academias também é essencial, essa coisa de não poder ir em outras academias é uma bobagem, isso tem que acabar. O judô cresce muito com essa integração entre as as equipes. O esporte se torna cada vez mais competitivo justamente na troca de informações.

Ler matéria completa Read more