Como abrir sua própria academia de Jiu-Jitsu no exterior

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Carlos Cobrinha com seu time de alunos em Via Nova Gaia. Foto: Reprodução

* Artigo publicado originalmente nas páginas da GRACIEMAG #274. Para mais conteúdos exclusivos com o melhor do Jiu-Jitsu mundial, assine a revista mais tradicional do esporte em formato digital *

Mais novo professor da aprazível Vila Nova de Gaia, em Portugal, nosso trepidante faixa-preta Carlos Eduardo Ozório, o Cobrinha, foi apurar como outros instrutores venceram o desafio que é abrir sua própria academia fora do Brasil. “Há sempre uma cidade atrás de um bom faixa-preta de Jiu-Jitsu formado no Brasil”, percebeu Cobrinha, “mas é sempre um desafio, seja qual for o país escolhido. Cabe ao professor estudar o território e tomar as decisões certas, que podem evitar caminhos turbulentos e levá-lo mais rapidamente ao sucesso”.

Para colher as melhores dicas, o repórter carioca conversou com três empresários do Jiu-Jitsu em pontos distintos do mapa: nos EUA, na China e na Europa. A seguir, o que ele aprendeu de principal.

1. “O reconhecimento do terreno é imprescindível”, ensina o professor Caíque Loyolla, que ministra aulas na Shanghai BJJ Hong Kong, há quatro anos. “É preciso saber os fatores sociais da região, se é área residencial, área comercial. Com isso o investidor pode posicionar melhor seu negócio, entender se terá uma academia voltada às crianças, a um público executivo ou se há espaço para ambos. É importante entender a competição ao redor, se há inclusive academias de outras modalidades de luta ou de treinamento esportivo por perto”.

2. “A etnografia da região também é um dado vital”, acrescenta Henrique Gama Filho, nosso GMI em Miami. “Ao conhecer seu mercado em detalhes, você terá dados como tamanho da população, média de renda familiar etc, o que vai ajudá-lo a definir o público alvo e o preço do serviço oferecido. Esse tipo de estudo evita erros comuns como cobrar uma mensalidade alta numa área de renda mais baixa, ou divulgar aulas infantis numa região de média de idade muito alta”, comenta.

Professores Caique e Dangelo com sua turminha kids da SHBJJ. Foto: Reprodução

3. Para o líder da Gama Filho Martial Arts, o domínio do idioma não pode ser esquecido: “Falar a língua local com alguma desenvoltura não é bom apenas para ser entendido nas aulas – ajuda a fortalecer os laços e o relacionamento com os alunos e a tocar as questões administrativas da academia”.

4. “Pense no longo prazo”, ensina Antônio Neto, há mais de uma década em Lisboa, com a equipe Netto BJJ. “O professor deve buscar um bom ambiente, em que ele pretenda fincar sua bandeira e morar com a família por mais de uma década – afinal, a mudança pode de fato ser para o resto da vida. Para tal, o ideal é passar uma temporada no país antes, para se planejar com calma e se adaptar. Estude bem, ainda, as leis fiscais do país e os procedimentos sobre nacionalidade, trabalho no exterior e normas de imigração do país. Em Portugal, por exemplo, qualquer faixa-preta precisa fazer um curso de especialização para treinador”.

5. Para Caíque Loyolla, é preciso lembrar que nenhuma academia abre com cem alunos. “Tenha paciência e conte com um capital de giro, é o que dará fôlego para você trabalhar com tranquilidade, afinal as contas não param de chegar”, diz o professor da SHBJJ.

Antonio Netto, nosso GMI em Portugal. Foto: Arquivo pessoal

6. Antônio Neto lembra uma alternativa que já viu funcionar muitas vezes, não só em Portugal: ”Uma boa ideia é conseguir horários dentro de uma academia de fitness já estabelecida, e fazer uma proposta ao proprietário. O faixa-preta pode dividir uma porcentagem por aluno novo, por exemplo. Isso permite que o instrutor construa um nome enquanto poupa, num primeiro momento, despesas como aluguel, luz e limpeza. O investimento muitas vezes será apenas na instalação de tatames ou nem isso, caso o espaço já o possua.”

7. “Defina com calma e inteligência o foco da academia e o programa de aulas”, ensina Caíque. “Crianças e iniciantes são a base de todas as academias, mas há espaço e horários para competidores? Você atende ao tipo de treino que um executivo que chega após uma jornada desgastante de trabalho deseja? Errar a mão nisso o fará perder dezenas de alunos”.

8. Para nosso GMI Henrique Gama Filho, outro ponto crucial é a atração e retenção de alunos com ferramentas modernas: ”É importante que o professor ou empresário saiba que os alunos não vão aparecer na porta da academia. O marketing digital é hoje a ferramenta mais importante para divulgação e captação de clientes. Não basta a academia ter uma rede social voltada para ‘curtidas’. Você precisa estar focado em atrair novos públicos, com anúncios direcionados para o seu público alvo, através de métricas que hoje as redes sociais são capazes de prover. A integração dos anúncios nas redes sociais, buscas na internet e acesso ao seu website serão fundamentais para a venda e o crescimento da sua academia”.

Henrique Gama Filho é professor em Miami. Foto: Reprodução

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