Lições de Miguel de Oliveira, campeão mundial de boxe

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O pugilista paulista Miguel de Oliveira (1947–2021) descobriu a modalidade que mudaria sua vida de maneira pouco habitual – ao assistir a um nocaute do lendário campeão mundial Eder Jofre antes de um filme de faroeste no cinema.

Era 1960 e Miguel tinha 14 anos. Naquele instante, decidiu experimentar o boxe. Após anos de treino, tornou-se o segundo brasileiro a atingir tal façanha, em 1975. O campeão mundial médio-ligeiro faleceu no último dia 15 de outubro, em decorrência de um câncer no pâncreas.

Inspire-se na trajetória do já saudoso campeão:

1. Quem quer encontra onde treinar

O garoto Miguel começou a treinar no quintal, socando um saco de areia pendurado em uma árvore, na casa dos pais agricultores, Bento e Alzira.

2. Quem ama o esporte acha um treinador

Ao arrumar um emprego em Osasco, numa fábrica de náilon, Miguel descobriu que a empresa tinha um clube para os funcionários, com uma academia de boxe dirigida pelo treinador Jair Ongaro. Foi assim que Miguel deu seus primeiros passos no ringue.

3. A arte de lapidar um diamante

Segundo Henrique Matteucci no livro “Luzes do Ringue”, “Ongaro percebeu de imediato que tinha um diamante bruto nas mãos. Notou, em primeiro lugar, seu golpe rápido, seco. Não apenas forte, não propriamente golpe de demolidor. Golpe seco, que no ambiente pugilístico se chama de golpe justo. Ou seja: nem um milímetro para lá, nem um milímetro para cá. Justo. É o melhor, porque é o golpe colocado, pega com o peso e a velocidade certos, no ponto certo. E derruba”.

4. Faça dos muros um degrau

Miguel estreou aos 17 anos, com um nocaute, e daí não parou mais de derrubar adversários. Em 1968, ficou abalado por não ser chamado para as Olimpíadas do México. A desilusão o fez abraçar o profissionalismo, em vez de abandonar as luvas. Sob novas regras, Oliveira se destacou ainda mais. Enfileirou 29 vitórias seguidas (19 por nocaute).

5. O campeão é o derrotado que não desistiu

Após perder duas decisões – uma bem polêmica – pelo cinturão em Tóquio, Miguel redobrou os treinos. Em maio de 1975, no Stade Louis 2º, em Mônaco, Oliveira enfrentou Jose Durán e foi absoluto, mandando o espanhol duas vezes à lona. Decisão unânime.

6. Vença mesmo se sangrar

Miguel foi campeão mundial contra Durán com o supercílio aberto e sangrando. Mas foi até o final, de acordo com o jornal “Folha de São Paulo”.

7. Após aprender, ensine

Após deixar os ringues em 1980, o campeão trilhou bem-sucedida carreira de treinador. Dirigiu pugilistas como Francisco Tomás da Cruz, José Arimatéia da Silva e Ezequiel Paixão. O trio, assim como o treinador, teve a oportunidade de disputar um cinturão mundial nas principais entidades do boxe. Mas o sucessor de Miguel tardaria um pouco: seria Acelino Popó, 24 anos depois de Oliveira.

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