Orlando Saraiva

Orlando Saraiva

O mestre que ajudou a salvar milhares de crianças

Nascido em 1951 em Belém do Pará, Orlando Saraiva é um faixa-vermelha de Jiu-Jitsu que conquistou sua faixa-preta em 1969, na célebre academia Carlson Gracie.

Mestre Orlando foi morar no Rio de Janeiro ainda bebê e perdeu os pais muito cedo, vivendo como interno da Fundação do Bem-Estar do Menor, a notória Funabem. Aos 13 anos, começou a treinar Jiu-Jitsu na Fundação, graças à visão de mestre Osvaldo Gomes da Rosa, o popular Paquetá, fiel escudeiro de Carlson e um dos principais cinegrafistas do Jiu-Jitsu nos tempos românticos. Paquetá, que trabalhava na Funabem durante os anos 1960, acreditava nos poderes transformadores do Jiu-Jitsu como ferramenta social, e organizava treinos, aulões e torneios de kimono na Funabem.

Depois de pegar a faixa-verde, o pequeno Orlando foi conhecer as míticas instalações da Academia Gracie no Rio, onde chegou a se embolar com uma lenda: Rolls Gracie, também dando seus primeiros passos da arte. A partir daquele treino, Orlando passou a treinar no dojô da família, sob a orientação de Carlson. Começou a competir em 1965.

Galinho bom de técnica e cheio de disposição, o mestre que pesava cerca de 61kg tratou de retribuir o que o Jiu-Jitsu lhe trouxera, e ainda cedo começou a lecionar, assistindo ao mestre Osvaldo Paquetá nos treinos infantis.

Em 1976, transferido pela Funabem, começou a espalhar as sementes do bom Jiu-Jitsu no estado de São Paulo, na capital, em Campinas e Mogi Mirim. Naquele mesmo ano, Saraiva estava na organização do 1º Campeonato Paulista de Jiu-Jitsu, junto com seu grande amigo Octávio de Almeida (pai). O torneio pioneiro foi realizado em 12 de dezembro de 1976 – em parceria com a Federação Paulista de Pugilismo (FPP). O torneio paulista seria realizado até 1981. Daquela época mestre Saraiva recorda: “Quando desembarquei em São Paulo, mantive a tradição e fiz logo um desafio aos campeões de karatê pelos jornais. Lembro que cheguei a dar aulas, ao mesmo tempo, em sete cidades diferentes em São Paulo, para ajudar a arte a crescer, e mudar a vida de jovens, como o Jiu-Jitsu fez por mim”.

Ao longo de sua trajetória, colecionou títulos e condecorações em campeonatos de Jiu-Jitsu, judô, luta livre e até no boxe. Mesmo após completar 50 anos como faixa-preta, mestre Orlando jamais perdeu o amor pela competição, e volta e meia é um dos primeiros a inscrever seu nome em campeonatos – sempre que há lutas com “garotos” da sua idade.

Mestre Orlando Saraiva perdeu a conta de quantos instrutores já formou – já são mais de cem faixas-pretas, inclusive o filhão, José Henrique, que ensina na academia Carlson Gracie na Irlanda. Mas ele sabe que mudou a vida de muito mais de cem jovens, e continua mudando – no Rio, em SP ou na Irlanda.

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