Euclides Pereira

Nascido em 7 de maio de 1941 em Currais Novos, no Rio Grande do Norte, Euclides Pereira Macedo colecionou um cartel invejável nos tempos românticos do vale-tudo, durante a era de heróis como Carlson Gracie, Valdemar Santana, Ivan Gomes e Zulu – todos seus adversários.

Ganhou fama no Nordeste do Brasil, nos anos 1960, graças ao programa “TV Ringue Torres”, que passava nas tevês locais. O apelido nasceu da cabeleira à Elvis Presley e do estilo agressivo, e colou: Euclides, o “Diabo Louro”!

Os acervos e recortes de jornal guardados por mestre Euclides computam 530 lutas, com alguns empates e a maioria maciça de vitórias.

Seu grande feito como lutador foi em Salvador, no estádio da Fonte Nova, no dia 7 de setembro de 1968. O povo baiano aproveitou o feriado para ir ver Euclides enfrentar o também invicto Carlson Gracie. Euclides procurou evitar a luta de chão e, após três assaltos de dez minutos, teve, pela decisão dos jurados, sua mão erguida, para a glória eterna. Num dos momentos mais tensos da luta, no segundo assalto, Carlson o derrubou, pegou as costas e encaixou o estrangulamento, mas os dois caíram fora das cordas. Para Euclides, o confronto foi o ápice de sua carreira.

“Víamos e vivíamos de tudo naqueles tempos”, contou Euclides à equipe GRACIEMAG. “Certa vez, a mãe de um adversário subiu ao ringue para que eu parasse de bater nele. Eram tempos em que a maioria das lutas permitia apenas tapas e bofetões, como as escaladas ou cutiladas, desferidas com a palma da mão aberta. Os socos e murros ainda chocavam demais a audiência.”

Segundo Euclides, a luta já rendia dinheiro: “Num combate contra Ivan Gomes, ganhei de bolsa dois milhões de cruzeiros. Com o Carlson, fiz quase 18 milhões. A luta posterior, contra Valdemar Santana, fez de bilheteria 23 milhões, cerca de 90 mil dólares atualmente”.

Seus mestres foram Jurandir Moura e Diniz Câmara, no Recife, Pernambuco. “Ambos eram pupilos de George Gracie, então eu também venho da linhagem dos Gracie…”, argumenta.

Lutou sete vezes contra Valdemar Santana, a primeira em 1964. Euclides pesava cerca de 72kg e brilhou nos ringues de 1958 a 1985, quando se mudou para Brasília, onde ensina Jiu-Jitsu e dedica-se à atividade de avô.