A luta na academia Carlson Gracie que mudou a carreira de Ricardo Arona

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Arona se consagrou no Pride japonês, mas anos antes precisou vencer uma luta complicadíssima que quase ninguém viu. Foto: Susumu Nagao/GRACIEMAG

Craque do MMA formado pela equipe Carlson Gracie, o niteroiense Ricardo Arona, hoje com 39 anos, já estava no radar dos fãs e da mídia atenta ao Jiu-Jitsu desde 1998, quando conquistou o Mundial da IBJJF como faixa-roxa. Era uma geração e tanto, como a lista de medalhistas de ouro roxa no evento comprova: Fernando Tererê, Ricardinho Vieira, Erick Wanderley, Gabriel Vella, Frédson Paixão etc…

Mas a glória e a consagração aguardariam ainda mais dois anos. Foi quando Ricardo Arona, já faixa-marrom e novamente campeão mundial de pano, resolveu buscar uma vaga para os brasileiros que iriam representar o país no ADCC, em 2000.

O evento milionário de luta agarrada (sem kimono) nascido em Abu Dhabi em 1998 atraía lutadores festejados de todos os cantos do mundo, como Rodrigo Minotauro, Tito Ortiz, Mark Kerr, Matt Hughes, Royler Gracie, e era um palco e tanto para um novato se testar. Mas o surfista Arona não chegaria lá descendo marolas, e sim ondas de ressaca.

A primeira peneira para o ADCC partiu de algumas seletivas internas nas próprias academias brasileiras, em especial as do Rio de Janeiro, onde a maioria dos principais talentos do esporte treinavam. E, ainda faixa-marrom, Arona estava lá, na seletiva interna da academia Carlson Gracie, para a categoria até 99kg.

Arona começou a desenvolver ali, nos sagrados tatames da equipe Carlson, o jogo que o consagraria em Abu Dhabi: um jogo ofensivo de técnicas de queda surpreendentes, uma mistura improvável de wrestling, Jiu-Jitsu e explosão: era o bote do tigre, e ninguém conseguia cair por cima de Arona.

Na final da peneira interna, em dezembro de 1999, dois mitos da equipe então colidiriam: Ricardo Arona e Amaury Bitetti. Arona começou a luta com o maior respeito, diante do já bicampeão mundial absoluto de Jiu-Jitsu (1996/97). O confere sem pano seguia parelho, e na academia os presentes podiam ouvir o barulho de uma mosca, tamanha a tensão e o suspense reinantes. Foi quando o mais jovem Arona conseguiu catar as pernas de Amaury. Seguiu-se o desequilíbrio, a elevação e… Mas deixemos que o próprio Ricardo Arona relembre:

“Quando eu fui para derrubar, um pensamento passou pela minha cabeça: ‘Rapaz, é o Bitetti…’. E vez de explodir e derrubá-lo de qualquer jeito, eu quase pousei ele no chão, do jeito mais suave que consegui”, recordou Arona certa vez, em papo com a equipe GRACIEMAG.com. “Eu queria muito vencer e garantir aquela vaga, mas jamais deixaria de fazê-lo com o respeito que eu tinha por aqueles faixas-pretas consagrados da equipe.”

Em seguida, Ricardo venceria nomes como Adilson Bita e Gabriel Napão na seletiva nacional do ADCC. Na final até 99kg do evento em Abu Dhabi, superaria o “Boneco de Neve” Jeff Monson, após derrubar e eliminar Tito Ortiz, o terceiro colocado.

Suas maiores armas? Os botes, esparramadas e contra-quedas pontuais, como mostrara na academia. E tudo isso ainda como faixa-marrom.

Em 2017, Ricardo Arona relembrou no canal Combate alguns dos lances daquele ADCC em março de 2000. Reveja!

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