A arte de aprender com as derrotas no Jiu-Jitsu e na vida, por Jorge Britto

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Jorge Britto em ação no Montreal Open. Foto: IBJJF.

Por: Jorge Britto *

Desde que comecei a competir no Jiu-Jitsu pude notar que eu não era um daqueles campeões. Apesar de treinar muito, mas muito mesmo, minhas habilidades físicas e emocionais nunca me renderam resultados expressivos, ganhar um campeonato grande sempre foi um fantasma.

Aqueles resultados “negativos” traziam desânimo e também uma energia pesada. Era um pesadelo criado na minha mente. Ficava demasiadamente preocupado com o que todo mundo achava. Era um medo de ser julgado e taxado como, por exemplo: “Aquele cara que não ganha nada”, “O que não luta bem campeonato”, ou “nunca ganhou campeonato grande”, e outras mais. Em 1999, lutei o Mundial da IBJJF como faixa-azul. Vinha de uma sequência boa de vitórias, isso aliado a muitos treinos e a construção de uma forte confiança, a certeza de que seria campeão mundial. Não foi bem assim.

Acabei derrotado na minha terceira luta. Uma decepção avassaladora, um sentimento de vergonha e frustração tão gigante que a minha vontade era deixar o Jiu-Jitsu. Acredito que muitos atletas que competem, ou competiram, já passaram por isso. Fiquei uma semana afastado dos treinos, me sentia um fracassado, como iria enfrentar os olhares dos meus companheiros e professores? Depois do tempo sofrido longe, decidi encarar a realidade.

Para a minha surpresa, quando cheguei na academia, as pessoas agiam da forma mais rotineira possível. As mesmas conversar sobre assuntos rotineiros, e nenhuma pergunta sobre o Mundial. Naquela hora a ficha caiu. Ninguém se importava com aquela derrota, o mundo não tinha acabado. Pude então perceber que tinha jogado fora uma semana da minha vida de atleta preocupado com o julgamento imaginário que já tinha me sentenciado.

A partir daquele momento minha vida começou a tomar outro rumo, gradativo mas constante. Amarguei outras derrotas, aprendi duras lições nos tatames, nos ringues e cages. Nunca realmente alcancei níveis mais altos em resultados, mas continuo sendo aquele teimoso que não desistiu de viver seus sonhos. Não trocaria minha vida por nada.

Tenho orgulho das minhas derrotas, tenho certeza que elas m fizeram mais forte, e assim pudesse valorizar ainda mais as minhas vitórias. Não importa qual seja o seu sonho, trabalhe duro e não se importe com o qe os outros pensam. Aprecie suas derrotas e lute contra pensamentos negativos.

* Jorge Britto é faixa-preta de Jiu-Jitsu e nosso professor GMI em Toronto, no Canadá

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