10 dicas para quem vai ensinar Jiu-Jitsu em outras culturas, por Pedro Damasceno

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Há mais de dez anos nos Emirados Árabes, o faixa-preta brasileiro Pedro Damasceno está perfeitamente integrado aos costumes locais, e tem inclusive uma filha nascida em Abu Dhabi. Em outros tempos, porém, já se embananou com a cultura local até na hora de tomar um cafezinho.

A pedido do GRACIEMAG.com, o professor listou dez recomendações para aqueles faixas-pretas ou iniciantes que um dia sonham em ensinar Jiu-Jitsu longe do Brasil, em meio a tradições bem diversas do que estão acostumados.

1. A primeira dica é bem simples e óbvia: pesquisar sobre a cultura e a religião do país escolhido. De acordo com Pedro, a busca começa na internet, e pode ser aprofundada em livros, filmes sobre o país e museus sobre a história do país, um dos primeiros locais a serem visitados.

2. Situações curiosas e desencontros culturais serão inevitáveis. Arme-se sempre de um sorriso, pedido de desculpas e mantenha a cabeça aberta para as novidades.

3. Colecione histórias engraçadas: “Uma das primeiras lições que aprendi”, narra Pedro, “ocorreu no colégio em que eu comecei a trabalhar, isso já tem quase 11 anos. Sempre que surge um recém-chegado, eles têm o hábito de servir um café árabe num copinho muito pequeno. Eu agradeci, aceitei e bebi. Eles vinham e enchiam de novo. Eu bebendo. Na nona vez que o diretor me serviu o café, quando eu já não aguentava mais, me explicaram: eles só param de servir se a gente balançar a xícara.”

4. Encontros e conversas com os locais são sempre uma grande aula. “O povo aqui dos Emirados é muito amigável, gosta de perguntar sobre a cultura brasileira e ensinar sobre seus hábitos. Comecei a ser convidado para jantar na residência dos locais, e reparei que vinham travessas e mais travessas de comida.” Pedro não demorou a comer com a mão e aprender tudo com os locais: “Geralmente, o anfitrião dá ao visitante o pedaço mais nobre da carne, tipo o filé ou a parte mais nobre do carneiro”, lembra Damasceno.

5. Mantenha o respeito. “Os Emirados são um país que respeita todas as culturas, raças e religiões, bem diferente do que muitos imaginam aí no Brasil. Em todas as cidades, por sinal, existem igrejas católicas e evangélicas, geralmente com cultos ministrados por americanos”, conta Pedro, que tem orgulho também da educação da filhota, que além de Jiu-Jitsu, já fala inglês, português e um pouco de árabe.

6. Descubra logo gestos e hábitos que podem ofender: “Aqui é falta de respeito cruzar a perna e mostrar a sola do sapato para a pessoa do lado, isso me ensinaram logo. Outro detalhe é não se abraçar ou beijar em público. Afinal, na casa dos outros seguimos as regras do dono da casa, como aprendi com minha mãe”, lembra o professor.

7. Pratos e alimentos são parte da cultura. “Percebi logo a presença de muita comida indiana, apimentada demais para o meu gosto, e optei pela local. Arroz, carneiro, cabrito, frango, peixe e salada. Os restaurantes libaneses são ótimos”, elogia Pedro. “Quando eu cheguei, ainda não era assim, mas hoje já vemos restaurantes de todo o planeta: churrascaria brasileira, restaurante japonês, comida chinesa. Tem tudo aqui, até uma filial do museu do Louvre, então você pode sempre diversificar, na cultura como na culinária.”

8. Confira as leis, especialmente as de trânsito, para não se chocar com as multas altas e registros das câmeras.

9. Não estranhe a honestidade. Pedro relembra um ocorrido: “Uma vez, perdi minha carteira no cinema, fui para casa e dormi. No outro dia, percebi o fato e voltei lá. A carteira estava no mesmo lugar, com o dinheiro e tudo mais dentro, intocado.”

10. Explore os supermercados assim que chegar. “Nas grandes redes, há sempre alimentos locais e de todo lugar do mundo, e é possível manter uma dieta parecida com a do seu país de origem, o que ajuda muito na adaptação”, conclui Pedro Damasceno.

Pedro com xeque Mohammed Al Nahyan, ao lado de um de seus primeiros campeões. Foto: Divulgação

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