Monique vibra após Pan 2014: “Luta com Dominyka foi um marco na minha carreira”

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Monique pega as costas da adversária no Pan. Foto:

Monique pega as costas da adversária no Pan. Foto: Erin Herle/GRACIEMAG

Aluna e esposa do craque Mário Reis, bicampeão mundial, a faixa-marrom Monique Elias fez um Pan de Jiu-Jitsu perfeito e conquistou duas medalhas douradas no evento da IBJJF, entre os dias 12 e 16 de março, em Irvine. A cobertura completa do campeonato vai estar na GRACIEMAG #206 (Assine aqui).

Campeã no peso médio e o no absoluto, a atleta da Alliance levantou a torcida ao topar lutar, na final do aberto, contra a colega de equipe Dominyka Obelenyte e deixou lições preciosas para você também vencer no Jiu-Jitsu. Confira:

GRACIEMAG: O que fez a diferença para você nesse Pan 2014?

MONIQUE ELIAS: Acho que pela primeira vez na vida me senti realmente preparada. Sofri muito durante o camp na academia do Rubens Cobrinha. Saía do tatame diversas vezes chorando de tanto apanhar. Quando estava cansada, ele me fazia continuar treinando, dar mais um gás. Teve também todo um trabalho de condicionamento físico que já vinha fazendo, que me deixou preparada para explodir em todas as lutas de oito minutos. Conforme o tempo passa, vou amadurecendo como pessoa, e também amadureço meu Jiu-Jitsu. Estou mais confiante e consciente de que para se colher bons resultados é necessário plantar um treino muito forte. Isso inclui uma série de coisas, como preparação física, alimentação balanceada e especializada para as minhas necessidades e, principalmente, submeter-me aos treinos fortes de Jiu-Jitsu.

Como foi a final do peso médio contra Sijara Jihan, da equipe Lloyd Irvin?

A Sijara fez dois pontos logo no começo, ao tocar na minha calça enquanto eu puxava para a guarda. Logo depois, ela entrou com as duas mãos embaixo das minhas pernas, tipo emborcada, e ficou ali. O juiz a puniu e ficamos um bom tempo nessa posição. Percebi que a estratégia dela seria essa, fazer dois pontos e ficar ali até o fim. Então fiz uma posição que o Mário me ensinou, de ir para as costas quando se está sendo emborcado. Ela ficou de pé, grampeei o quadril dela e fiz uma posição que aprendi no camp do ano passado com o Cobrinha. Valeram as dicas, né? Acabei conseguindo pegar as costas e finalizar no estrangulamento.

Você se aventurou no absoluto e se deu bem. Você acha que seu jogo de guarda complica as mais pesadas?

Acho que sim. Além disso, quando eu baixava para a categoria leve eu me sentia fraca. Depois que comecei a fazer preparação física, ganhei um peso e ganhei força, e isso me deixou melhor para disputar absolutos. Hoje estou bem no médio e me sinto bem forte para, quando é necessário, trocar força com as meninas. Acho que a minha guarda é muito ofensiva, e sou bastante flexível também. Acho que os meninos com quem treino em Porto Alegre também me ajudam muito. Porque me acostumo a fazer muita força treinando com os meninos, e quando luto com as meninas fica bem mais fácil.

Você já lutou três vezes com a Dominyka Obelenyte, aluna do Marcelinho… Como foi desta vez, na final do absoluto, no sábado do Pan?

No Pan do ano passado, como faixa-roxa, fizemos a final do peso médio e também do absoluto. As duas lutas do ano passado empataram: ganhei o peso na decisão do juiz, e na final do absoluto ela venceu. Dominyka é a adversária mais difícil que eu enfrentei na carreira. O jogo dela é diferente, não é um jogo comum que você consegue treinar na academia e vir com um plano em mente para fazer na hora da luta. Então sempre procuro fazer o que faço de melhor, e acaba sendo um grande desafio. Nunca sei o que esperar, e tudo pode acontecer. O legal de nossas lutas é que a gente sai na porrada! As duas caem para dentro, é sempre uma emoção. Este ano entrei mais concentrada, mais consciente do meu sofrimento para aquele campeonato. Sei que isso fez a diferença, e virei nos últimos seis segundos de luta! Consegui raspar a partir da guarda 50/50 e virar o placar para 6 a 4 e vencer. Antes de entrar no tatame eu fiquei pensando naqueles dias que eu rolava chorando, nos dias de preparação que a mão sangrava tendo de segurar a barra. Simplesmente não ia aceitar perder tão fácil. Tirei forças da alma para raspar naquele momento. E essa luta representou um marco na minha carreira. Quero mostrar aos alunos que nada está perdido até o tempo acabar. Por pior que seja a situação, a gente sempre pode dar a volta por cima. O caminho para ser campeã é o caminho mais sofrido. Valeu a pena cada treino, cada suor, cada lágrima, cada repetição a mais, cada minuto de sparring. Cada mínimo detalhe é essencial em momentos como esse. E o principal: não desistir jamais!

Como você treina para campeonatos, Monique? Algum treino especial em algum aspecto?

Por exemplo, faço muita guarda no campeonato, mas treino somente passagem de guarda na academia. Gosto de me desafiar, treinar diferentes aspectos. Tenho o Mário Reis do meu lado, que trabalha meu lado psicológico todos os dias. A gente compete em todo momento, por qualquer coisa. E penso de uma maneira diferente da maioria das pessoas: nunca deixo o nervosismo me dominar. Converso comigo mesma e isso me deixa calma e com a mente serena para lutar. As posições vêm naturalmente. Abdiquei de muita coisa na vida para chegar aonde cheguei. Tenho os melhores profissionais ao meu lado. O melhor preparador, os melhores professores, a melhor equipe, os melhores treinos, os melhores médicos. E faço tudo o que eles me dizem que deve ser feito. Submeto-me aos ensinamentos de cada um, em sua área e juntos estamos colhendo bons resultados.

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