Número 1 do mundo, Bê Faria explica por que não se vê lutando com Léo Nogueira

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Léo Nogueira e Bernardo Faria: fechamento em Lisboa lembrou o Mundial 2012, no superpesado. Foto: Dan Rod/GRACIEMAG.com

A palavra “companheiros”, segundo consta, vem de “com o pão” em latim. O companheiro é “aquele com quem dividimos o pão”. No caso dos amigos Bernardo Faria e Léo Nogueira, dois dos principais campeões do Europeu de Jiu-Jitsu 2013, a palavra se aplica perfeitamente.

Campeão absoluto faixa-preta, Léo Nogueira já abrigou o vice Bernardo Faria em tempos menos sorridentes. Por isso, quando os velhos amigos da Alliance chegarem a uma final, como no aberto em Lisboa, dificilmente vai haver luta.

Batemos um papo com Bernardo Faria, 26 anos e aniversariante do dia, sobre conquistas no Jiu-Jitsu, o valor da amizade e, claro, sobre sua campanha no Europeu da IBJJF, encerrado no domingo. Leia o que o número um do ranking mundial do Jiu-Jitsu diz, e diga se você concorda ou não com a postura dele.

GRACIEMAG: Com o ouro superpesado no Europeu e a prata no absoluto, você agora é o número um do mundo no Jiu-Jitsu. Qual o sentimento?

BERNARDO FARIA: Estou muito feliz com tudo que vem acontecendo em minha vida, e espero conseguir manter estes bons resultados e buscar os que faltam. É sensacional poder participar do crescimento do Jiu-Jitsu, e lutar para um ginásio lotado na Europa, foi demais. Após o campeonato, corri para conferir o Ranking da IBJJF e vi que fiquei em primeiro (Léo Nogueira está em segundo, com Rodolfo em terceiro, Bochecha em quarto e Rominho Barral em quinto). A posição no ranking é legal, mas não mudou nossa decisão de fechar o absoluto. Nós já tínhamos combinado que se um de nós perdesse na categoria ficaria com o ouro absoluto. Foi uma forma ambos sermos campeões em Lisboa.

O público sempre quer ver luta, ainda mais na final do aberto. Sem chances de você lutar com o Nogueira?

Pouca gente sabe, mas assim que me mudei de Minas Gerais para São Paulo, eu passei a morar no mesmo quarto que ele. Conheço o Léo há muitos anos, foi ele quem abriu as portas para que eu pudesse conhecer a equipe do Fabio Gurgel. Foi uma fase muito difícil, o quarto em que o Léo morava na época mal cabia duas pessoas, e eu fiquei por lá uns dez dias. Mas a gente não desanimava, sempre falamos que iria chegar o dia em que a gente se tornasse destaque no Jiu-Jitsu. Hoje, graças a Deus, estamos ranqueados nas duas primeiras colocações do ranking mundial!

E vocês treinam juntos o tempo todo, pela questão do peso…

Sim. Temos a mesma idade, o mesmo peso e praticamente a mesma altura. Eu me espelho muito nele, assim como vejo que ele se espelha em mim também. Nós trocamos muitas posições e detalhes, treinamos bastante juntos. Por toda essa história, eu não consigo enxergar uma luta nossa, e fico é honrado de estar dividindo os títulos com ele.

Qual foi sua luta mais dura em Lisboa?

Fiz quatro lutas, duas no absoluto e duas na categoria. No sábado, no absoluto, estava de baia e venci a primeira por W.O., pois meu oponente se machucou. Depois finalizei o Renato Cardoso (CheckMat) com uma omoplata, e venci o Calasans na semifinal por 8 a 0. No domingo, na categoria, finalizei minha primeira luta contra o Mauricio da Cicero Costha, e na final venci o Lucio Lagarto por 2 a 0. As mais complicadas foram contra o Calasans, que é sempre perigoso, e contra o Lagarto, outro atleta perigosíssimo.

Você havia perdido para o Calasans em 2011, certo? O que fez de diferente?

Ele é sem duvida um dos melhores atletas da atualidade, pelo fato de ser completo: bom judoca, passador, guardeiro e finalizador. Por isso acho que foi este meu ponto alto no Europeu. Eu havia perdido para ele em 2011 por um erro de arbitragem, mas desta vez consegui pegar as costas e vencer, graças a Deus.

Qual o macete para pegar nessa omoplata nervosa?

A omoplata, que usei para finalizar o Renato Cardoso, é um golpe que faço muito. A diferença é que, quando coloco em prática, meu objetivo é a finalização e não a raspagem. Eu consegui encaixar um triângulo nele, e como ele estava resistindo bem ao golpe, troquei para a omoplata e deu certo.

Qual a próxima viagem agora?

Agora é o Pan da IBJJF, e talvez alguma seletiva para Abu Dhabi. Fico na Europa mais duas semanas fazendo seminários, e no fim de fevereiro vou para Nova York para treinar com o Marcelinho Garcia. Estou bastante empolgado.

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